O supereu do (jovem) psicanalista (original) (raw)

O ofício - quase impossível - do psicanalista

Estudos De Psicanalise, 2010

ABSTRACT The choice of psychoanalysis as a job: sublimation and maniacal reparation. Features of splitting and loss in the therapeutic relationship. Rupture in the ethics: more subtle cases. Incestous climate on the couch. Artful and unfair means disguised as more modern or human techniques. Unalysable remains and the choice of psychoanalysis as a job. Keywords: Reparation, Splitting, Loss, Incestous climate, Non-analyzable remains.

As condições de existência do psicanalista subalterno

Relações de Gênero e Escutas Clínicas III, 2023

Segundo Luce Irigaray, a diferença sexual é a questão de nosso tempo e a teoria freudiana surge justamente em torno dela. No entanto, há uma dupla postura freudiana, pois ele retoma a classificação médica das perversões como desvios de objeto ou de meta, mesmo postulando a dissociação entre pulsão e objeto. Essa pustura dupla se mantém até hoje e marca as diversas fragilidades e potências da teoria psicanalítica em relação às discussões sobre gênero e sexualidade. O que vemos é a pouca abertura para o diálogo com outros saberes e para a construção de outras leituras a partir das potências da teoria, muito por conta do caráter institucionalizado da formação dos analistas, e a tendência de instalação de uma direção unívoca de leitura dentro da “linha de filiação”. Em paralelo, os critérios restritivos de quem pode adentrar essas instituições e se tornar analista fazem com que os psicanalistas sejam, em sua maioria, aqueles pertencentes a uma elite intelectual, econômica e em consonância com os ideias da família colonial burguesa. Dessa forma, surge a pergunta: Pode o psicanalista subalterno falar? A proposta do presente trabalho é traçar um trajeto para elaborar uma possível resposta. O ponto de partida é apontar a construção do psicanalista como “epistemológica e politicamente um corpo binário e heterossexual” (Preciado, 2022, p. 59), atravessada pelas restrições de acesso à formação, como “a regra não escrita” que impedia o acesso de homossexuais às instituições. Em seguida, conceitualizar a diferença sexual como epistemologia histórica passível de mudanças. Então, pensar a posição do subalterno como aquele que é silenciado e colocado como o objeto em nome de quem o Sujeito hegemônico fala. A partir disso, questiona-se a noção de “humano universal”, muito presente na psicanálise, para pensar a fidelidade da psicanálise à ordem hegemônica e como, apesar disso, o psicanalista subalterno pode falar. A aposta é que a crise na epistemologia da diferença sexual, que começou na década de 1940 e se solidificou com os movimentos políticos das últimas décadas, oferecem uma possibilidade de que o objeto de estudo se torne sujeito, e que seja possível construirmos uma saída, pois “a liberdade é um túnel que se cava com as mãos” (Preciado, 2022, p. 23).

Sobre o sujeito da psicanálise

Estilos da Clinica, 2007

Objetiva-se, com este artigo, pensar algumas implicações que advêm da consideração de que, ao incidir no organismo humano, no infans, o significante o constitui como corpolinguagem. Para isso, tomaremos como referencial uma imbricação entre os campos da psicanálise e da linguagem, mais especificamente o que Freud nos apresenta em “Além do princípio do prazer ” e as contribuições que Lacan traz a essa leitura no seminário 20.

A extimidade do supereu e um sujeito melancolizado

Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental

Na história da psicanálise, o conceito de supereu é objeto de inúmeros estudos por introduzir questões teóricas que exigem precisões sempre maiores. Uma delas diz respeito à articulação com alguns aspectos do conceito de Outro, em Lacan. Pretendemos contribuir ao debate, com a clínica da melancolia, seguindo à risca as orientações de Freud, inclusive em nossa leitura de Lacan, para o que nos servimos também de alguns outros autores. Chamamos a atenção para a tradução do verbo eintauchen, com o qual Freud identifica o mecanismo que relaciona o supereu com o isso. Um caso clínico ilustra de que modo o supereu imerge no isso para então, servindo-nos dos desenvolvimentos topológicos de Lacan, verificarmos de que maneira o toro do Outro pode imergir no interior do envelope das demandas, imergindo no isso, como dizia Freud, reservatório da pulsão que é, fundamentalmente, pulsão de morte.

A formação do psicanalista na contemporaneidade

FOLHETIM: Revista de Psicanálise do Fórum do Campo Lacaniano do Rio de Janeiro, 2023

O presente trabalho tem como objetivo pensar o lugar dos discursos na prática psicanalítica, focando nos efeitos da predominância, na contemporaneidade, do discurso universitário e do discurso capitalista, no que diz respeito à formação do analista. Para isso o trajeto escolhido foi de apresentar a Teoria dos Discursos, trazer as elaborações da psicanálise sobre a contemporaneidade e, então, alinhavar os possíveis efeitos da contemporaneidade nos três níveis do tripé da formação analítica: análise pessoal, estudo teórico e supervisão.

Sôbre a psicanálise das psicoses

Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 1950

Como é sabido, o campo inicial de investigação e tratamento psicanalítico restringiu-se às chamadas "neuroses de transferência", estendendo-se, depois, para as demais formas neuróticas. De início, as manifestações psicóticas não foram julgadas passíveis de influência pela técnica psicanalítica. Conhece-se, nesse particular, o pessimismo de Freud e de alguns dos seus mais eminentes discípulos, quando assinalaram a falta de capacidade de transferência de tais pacientes e, portanto, sua inacessibilidade aos influxos terapêuticos.

O olhar do psicanalista na instituição

Revista Brasileira de Psicanálise, 2017

Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar a experiência da autora, uma psicanalista engajada no Grupo de Estudos e Atendimento Psicoterapêutico Social-Comunitário, idealizado em 2001 com base nas demandas do público rio-pretense e região, no interior do estado de São Paulo. Aborda a psicanálise implicada no atendimento da população que não frequenta consultórios particulares e considera a escuta psicanalítica vitalizadora, essencial ao desenvolvimento e à transformação. Vinhetas clínicas mostram a realização desse trabalho. Palavras-chave: identidade psicanalítica, psicanálise implicada, instituição, divulgação da psicanálise, mudança psíquica Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.