Etnografia do cotidiano, um olhar antropológico sobre a Itália que se transforma (original) (raw)
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Identidades em transformação: desde a Itália e até a Itália, percepções de um pertencimento
Anuario de Estudios Americanos
Los procesos de construcción y de re-elaboración de identidades se relacionan con las experiencias del presente y las expectativas de futuro. En el caso de los inmigrantes italianos en Brasil, se observan diferentes dinámicas de construcción de identidad, que se encuentran en los álbumes conmemorativos, en las celebraciones étnicas de final del siglo XX, o en los relatos de los descendientes que emigran hacia Italia. Se pretende analizar las dinámicas de producción de representaciones de una identidad étnico-nacional y los mecanismos que actúan en la construcción de una pertenencia través del tiempo. [pt] Os processos de construção e reelaboração de identidades se associam às experiências do presente e às expectativas de futuro. No caso dos imigrantes italianos no Brasil, observam-se diferentes dinâmicas de construção de identidade, presentes nos álbuns comemorativos, nas celebrações étnicas de finais do século XX ou nos relatos dos descendentes que emigram para a Itália. Quer-se an...
Um olhar antropológico sobre fatos e memórias da imigração italiana
Mana, 2007
Este artigo tem por objetivo analisar de que forma os migrantes italianos que se dirigiram para a região central do estado do Rio Grande do Sul em finais do século XIX conduziram a colonização local e quais as categorias sociais presentes nesse processo. Utilizarei como fonte as memórias escritas por dois imigrantes: Julio Lorenzoni (publicadas em 1975) e Andrea Pozzobon (publicadas em 1997), bem como o Álbum do Primeiro cinqüentenário da imigração italiana no estado, escrito em italiano e impresso em 1925. Efetuar uma análise antropológica das narrativas documentais dessa imigração é algo extremamente fértil para se compreender, também, a dinâmica contemporânea das reivindicações étnicas em nível local, que se sustentam na construção de uma origem baseada na ancestralidade italiana.
O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a representação do índio brasileiro nas histórias em quadrinhos italianas – “Fumetti”. O índio brasileiro tem sido alvo de diferentes representações desde o “descobrimento” do Brasil. “Bom selvagem”, ou “Mau selvagem”, herói natural ou empecilho à civilização moderna. Diferentes representações, com diferentes objetivos políticos e ideológicos, foram construídas sobre o índio brasileiro, tanto por autores e artistas brasileiros quanto por estrangeiros que estiveram no Brasil, desde a colonização. Neste trabalho, buscamos analisar o modo como o índio brasileiro é representado na “fumetti” italiana Mister No, série de autoria do quadrinista e “viajante” italiano Sergio Bonelli (1932-2011). Bonelli, seguindo a tradição dos viajantes que aportaram no Brasil desde o descobrimento, a exemplo do escultor Rodolfo Bernardelli ou do pintor Jean-Baptiste Debret, foi capaz de construir uma representação do índio brasileiro a partir de uma visão estrangeira; inserindo o “fumetti” Mister No em uma longa tradição de olhar o Brasil, e, particularmente, o índio brasileiro, em uma perspectiva europeia. O corpus de análise é composto pelas histórias de Mister No publicadas no Brasil: oito edições publicadas entre 1975 e 1976 pela Editora Noblet; vinte edições da série mensal publicada pela Editora Record entre 1990 e 1992; 24 edições publicadas pela Editora Mythos entre 2002 e 2004; além das oito histórias publicadas na revista "Seleção Tex e os Aventureiros"; uma história publicada no álbum "Fumetti, O melhor dos Quadrinhos Italianos" pela Editora Globo; e, por fim, uma história publicada no “Especial Sergio Bonelli” pela Mythos Editora.
A presença da herança clássica na narrativa de viagem a Itália
2009
A presença da herança clássica na narrativa de viagem a Itália A problemática que, nestas breves notas, elegemos para objecto da nossa reflexão, prende-se com a presença de uma herança clássica em narrativas de viagem a Itália, importando-nos questionar qual a sua função em textos gerados a partir de uma prática em considerável expansão, à época a que nos reportaremos. Os escritos que nos servirão de apoio, todos eles relativos a experiências de viagem realizadas em Itália, no século XIX, se dão testemunho da adesão a uma prática cultural que o Oitocentos português conhece de forma acentuada a partir da década de sessenta, são também reveladores de um novo modo de pensar a viagem e da existência de novos tipos de viajantes já distantes da prática aristocrática do Grand Tour 1 que o jovem inglês protagonizava, de modo mais intenso no século XVIII, e que fazia da viagem a diversos países da Europa, de que a Itália era um dos destinos maiores 2 , ritual de passagem educativa e marco de distinção social não negligenciável. Não só é delicado falar duma prática do Grand Tour entre nós pelo que ela tem de manifestamente residual-e pensemos, por exemplo, no périplo de D. Pedro V já de si excepcional para a época e com contornos específicos 3-como ainda os textos que encontramos no Portugal oitocentista não apresentam a viagem na Europa, e na Itália em particular, enquanto viagem apenas ou sobretudo de formação, mas igualmente, e por vezes de forma maioritária, enquanto viagem de lazer e divertimento, para o viajante e para quem fruirá os seus relatos de viagem. Porém e como adiante veremos, do Grand Tour, nos relatos dos portugueses que viajam em Itália, conserva-se a mesma procura dum passado grandioso e a constatação de uma decadência presente, fazendo-se em Itália a experiência do devir histórico, encontrando-se a viagem oitocentista já inscrita ou a fazer fronteira com um fenómeno turístico em crescimento acelerado. 1 O Grand Tour torna-se uma prática institucionalizada na Inglaterra de meados do século XVII. 2 O outro destino era a França.
Memórias construídas e cidadania esperada: experiências de ítalo-brasileiros na Itália
Revista Ágora, 2014
Resumo: O artigo analisa alguns aspectos das dinâmicas de vivência cotidiana de duplos (ou múltiplos) cidadãos na Itália. Enfoca-se no caso de cidadãos brasileiros, descendentes de imigrantes italianos, que reivindicam a cidadania italiana e recebem este reconhecimento legitimado pelo Estado italiano. Reflete-se assim acerca da complexidade e dos distanciamentos existentes entre o reconhecimento da cidadania de direito e cidadania de fato vivida por estes brasileiros na Itália. Nestas novas conformações, a vivência de uma italianidade solicitada é compreendida como um fenômeno que deve ser analisado enquanto uma opção dos indivíduos, um ato voluntário. Palavras-chave: Migração brasileira; Cidadania de fato; Cidadania de direito; Processos transnacionais; Itália.
A imagem do Brasil na Itália: divulgação do patrimônio natural, cultural e antropológico
2000
Agradeço à minha orientadora Prof. Dra. Beatriz Helena Gelas Lage pelo seu incansável apoio, incentivo, confiança e sugestões para o desenvolvimento deste trabalho, mas principalmente agradeço pelo seu carinho e amizade que me são tão preciosos. Agradeço ao Prof. Dr. Sérgio Francisco Costa e Profa. Dra. Maria Lourdes Motter que com suas disciplinas muito me ajudaram no desenvolvimento deste trabalho. Agradeço à minha família que muito me ajudou em alguns momentos difíceis. Em especial ao meu marido, José Orlando Trevisani, pelo companheirismo, compreensão, motivação e pela extrema paciência em ler cuidadosamente todos meus manuscritos e à minha mãe, Neuracy Christovam Caponero, pelo seu eterno amor e colaboração. Agradeço aos meus amigos que souberam compreender minha ausência em alguns momentos desejados.
AS TRAVESSIAS DAS HISTÓRICAS MIGRAÇÕES ITALIANAS: entre fatos e narrações
História (São Paulo), 2017
RESUMO O caminho da emigração é um objeto de investigação histórica imprecisa: é uma história de homens, de navios, de interesses econômicos e políticos. Para os emigrantes é, sobretudo, um momento de espera e de interrupções entre a vida que deixaram para trás e aquela nova que encontrarão nos países de destino. Para os intelectuais, a travessia para fins de conhecimento (literário, científico, sociológico) e a viagem é um lugar por excelência para observar os fluxos migratórios e deixar um relato. A travessia dos migrantes entre o século XIX e o século XX pode se tornar um observatório interessante para verificar as tramas, em geral dramáticas, entre os projetos migratórios das classes mais baixas e as dinâmicas de exploração do trabalho das mesmas seja na Itália ou nas Américas. As enfermarias dos navios, sobretudo nas viagens de volta dos Estados Unidos estão repletas de emigrantes que foram forçadamente repatriados por serem portadores de doenças como a tuberculose ou por serem...