A dimensão ideológica em seara de vento, de Manuel da Fonseca e vidas secas, de Graciliano Ramos (original) (raw)

"Da 'Praesentia Tristitiae' à 'Praesentia Insanitatis': Diálogos Temáticos entre 'Vidas Secas', de Graciliano Ramos, e 'Primeiras Estórias', de João Guimarães Rosa"

Num poema intitulado "Desterro", o qual está presente naquele que parece ser o único livro poemático escrito pelo literato pós-modernista João Guimarães Rosa (1908Rosa ( -1967, datado de 1936, é--nos possível encontrar, conquanto sucintamente, dois caracteres presentes nas Primeiras Estórias, do mencionado autor, e de Vidas Secas, do prosador Graciliano Ramos de Oliveira (1892-1953, de uma forma geral, e no conto "Sorôco, sua mãe, sua filha", constante daquela primeira obra, assim como no capítulo "Festa", desta última, de maneira particular, uma vez que os preditos caracteres dão-se, precipuamente, por representações entremeadas pelas conceituações vindas de "tristeza" e "viagem" estúltima, permeada por amplas e tortuosas loucuras -, a qual as personagens de ambas as estórias têm de realizar para cumprir suas incumbências, às quais, por vezes, creem haverem sido, de algum modo, predestinadas. De saída, leiamos o precitado poema, a fim de melhor entendermos o motivo literário operado pelo seu autortanto nesse texto quanto no seu supracitado conto, com os quais, à proporção em que nos forem concedidas as devidas vênias hermenêuticas, viremos a conceber jeitos de inter-relacioná-los, situando-os em seus intercontextos, máxime porque nascem, suas tessituras e demais concepções literárias, dos valores estéticos imaginados pela mente das roseanas criações, em que se torna possível apreciarmos engenhos como o que, doravante, passaremos a ler:

Correspondências temáticas e linguísticas entre "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, e "Gaibéus", de Alves Redol

Anais do XXVIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa, 2021

No presente artigo serão avaliadas algumas características comuns ao regionalismo brasileiro e ao neorrealismo português através da análise de trechos escolhidos de Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, e Gaibéus (1939), de Alves Redol. Mesmo na originalidade criativa e na especificidade estilística dos dois romances, é possível entrever uma rede de relações temáticas e linguísticas, particularmente no que se refere à representação da exploração do homem marginal num meio social e natural hostil e na sua luta cotidiana pela sobrevivência, relatadas numa linguagem simples e direta que devolve plenamente a rudeza e a precariedade que caracterizam os contextos geográficos e humanos de referência e os relativos efeitos sobre os personagens.

Novos Ramos de Graciliano – três inéditos do autor de Vidas secas

The present paper aims to present to the general public, and more specifically, to the scholars of Graciliano Ramos’ work three productions of the artist from Alagoas left outside of Garranchos (2012), volume that aims to collect and present a set of more than eighty unpublished writings in a book by the author of Vidas Secas. In this sense, we highlight here the texts “O Melhor dos Mundos”, “Coisas da China” e “O Atentado contra o Escritor Wladimir Guimarães”, published since August 1945, mark that point out the formal entry of the renowned novelist into the Communist Party of Brazil (PCB). Through the writings now published, we can see some facets little known of the man and the artist Graciliano Ramos.

O percurso dos heróis em Vidas secas, de Graciliano Ramos, e O menino e o mundo, de Alê Abreu: prenúncio e confirmação da crise civilizatória

Revista Investigações

Este trabalho objetiva compreender como o percurso trilhado pelos heróis no romance Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, e no filme de animação O menino e o mundo (2013), de Alê Abreu, faz com que, segundo a perspectiva adotada nesta pesquisa, o primeiro anuncie e o segundo confirme a crise civilizatória da modernidade. A princípio, examina-se de que forma ambos os textos desnudam os mecanismos de dominação e opressão e os problemas advindos desses mesmos mecanismos em uma “ordem” capitalista. Ademais, os processos de hegemonia das potências econômicas sobre os países periféricos são também questionados, embora apenas na obra cinematográfica.

Cadela como eles: humanimalidades em Vidas Secas de Graciliano Ramos

2019

A reconceptualização etológica do animal enquanto sujeito, e mais precisamente enquanto sujeito hermenêutico, a que progressivamente se tem vindo a assistir ao longo do século XX, veio desconfigurar os limites ontológicos entre humanidade e animalidade. Ora, pela sua proximidade milenar com o homem, nomeadamente no seu papel de animal doméstico ou de companhia, o cão é um dos grandes protagonistas dessa tomada de consciência de uma «outridade» animal e dessa diluição de fronteiras ou troca de identidades entre o humano e o não humano. Neste contexto, a literatura tem configurado um fecundo espaço de reflexão sobre estes (des)encontros entre sujeitos humanos e não humanos, que pretendemos indagar, neste estudo, a partir de uma leitura crítico-interpretativa da obra do escritor brasileiro Graciliano Ramos, intitulada Vidas Secas (1938), onde a protagonista é Baleia, uma cadela muito humana.

Graciliano Ramos versus Octávio de Faria: o confronto entre autores "sociais" e intimistas nos anos 1930

Opiniães, 2016

O presente artigo tem o objetivo de recuperar e discutir alguns elementos concernentes a certa polêmica ocorrida em 1937, envolvendo os escritores Graciliano Ramos e Octávio de Faria, da qual também tomou parte Jorge Amado. Tal controvérsia ocorre num momento de polarização política e ideológica no qual se confrontavam duas perspectivas divergentes de conceituação do romance nacional, que procuravam se afirmar: a “social”, praticada, sobretudo por escritores nordestinos, e a intimista, de orientação católica, focada em dramas individuais. A partir da análise dos textos de época, procurar-se-á examinar os diferentes matizes que nortearam esse embate, que dominou o meio literário brasileiro até a instauração do Estado Novo. Palavras-chave: Graciliano Ramos; Octávio de Faria; Jorge Amado; romance social; romance intimista.