A sátira, o riso e o absurdo em duas peças do teatro de Qorpo Santo (original) (raw)
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A sátira o riso e o absurdo em qorpo santo
2021
Este trabalho tem como objetivo investigar de que maneira a sátira, o riso e o absurdo destacam-se na obra do escritor Qorpo Santo (1829-1883), que até os dias atuais permanece esquecido da crítica literária nacional, tendo tido algum destaque nos anos 1970 com a tônica do Teatro do Absurdo, mas caindo no esquecimento nas décadas seguintes. As peças analisadas neste trabalho são O marinheiro escritor (1866) e Um credor da fazenda nacional (1866), que, apesar de serem peças distintas entre si, trazem uma mesma potência de estranheza, riso e acidez em seus elementos estéticos e temáticos. Além disso, analisamos quais consequências o autor traz para o texto ao usar da sátira, do riso e do absurdo enquanto crítica à moralidade da época, trazendo novos significados para a obra literária. Nesse sentido, Qorpo Santo se revela um autor profético em seu texto, elucidando fatos que até os dias atuais seguem como marca em nossa sociedade no que diz respeito à burocracia, à fragmentação do ser humano e ao caos do progresso não pensado com o advento da modernidade. Assim, como base teórica para a sátira e o riso partimos dos escritos de Vladimir Propp (1992) e George Minois (2003); quanto ao absurdo nos voltamos ao início do termo com Albert Camus (1970); quanto à modernidade buscamos por Marshall Berman (1986) e demais autores que nos ajudem a perceber tais nuances nas peças em destaque. Palavras-chave: Sátira. Riso. Absurdo. Teatro. Qorpo Santo.
A utopia como gênero literário se caracteriza por seu vínculo intrínseco com a história. Daí resulta a descrição, motivada pela experiência histórica, de uma alteridade social, política, econômica e religiosa. Tal descrição, muitos estudiosos têm salientado, é freqüentemente satírica, configurando-se como uma "contrapartida irônica do nosso mundo" (Frye, 1973, p. 229). Não desprovida de humor, ela enfoca com tom mordaz sua atualidade ideológica, apresentando ao leitor uma sociedade com muitos de seus valores alterados, comumente invertidos ou distorcidos, se comparados à sua sociedade, segundo uma clara intenção crítica. Podemos dizer que a utopia segue o preceito horaciano de dizer a verdade rindo (ridentem dicere verum), afinal, solventur risu tabulae, o riso triunfa sobre as mais impenetráveis barreiras e torna palatáveis as mais amargas verdades (Hendrickson, 1927, p. 54-55). Partindo desta reflexão, pretendo apontar algumas relações entre a utopia e a sátira, visando a uma melhor compreensão desta particularidade do gênero literário utópico.
Qorpo-Santo, um caso literário Poemas Qorpo
Teresa, 2001
Em entrevista dada a um jornalista que por felicidade era também um bom leitor, Northrop Frye usou de uma bela imagem para definir o grande autor. Frye estava lembran
Performance e riso na comédia stand-up: entre piadas e contextos.
Resumo: Objeto de estudo há muitos séculos, o riso evoca uma história social e proporciona análises culturais sob um olhar privilegiado. A despeito das consolidadas formas que o riso assume e que se estabeleceram no Brasil como objeto de estudo das mais variadas áreas acadêmicas, o stand-up comedy é uma recente forma de entretenimento em crescente processo de consolidação em território nacional. Para além de uma simples forma de entretenimento, o humor stand-up cria um espaço mais seguro para que o cômico opere nas suas "observações críticas do cotidiano", cujo contexto possibilita ao comediante extrapolar com humor as relações sígnicas convencionais.
palco descomedido dos anti-heróis em Auto da Compadecida: comédia, sátira e ironia
Revista Mosaicum, 2020
Este estudo analisa no texto Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, o processo de estilização, meio pelo qual o autor tece suas críticas à sociedade. Fundamenta-se nos estudos realizados por Afonso Romano de Sant´Anna sobre a estilização, a partir das ideias de Tynianov e Mikhail Bakthin, que entende o discurso como espaço de inter-relações, tendo a enunciação como ato verbal e extraverbal, produto que, enquanto processo, reitera em si as marcas de sua tessitura. Sustenta a ideia de que o texto suassuniano, recorrendo-se à sátira, à comédia e ao humor, não se prende única e exclusivamente aos autos vicentinos, visto que as especificidades do gênero encontram disseminadas no próprio fazer-literário, e que a criatividade da obra estilizada tem o dialogismo como gesto semântico e não como gesto destruidor. Conclui que a pluralidade de textos presente em Auto da Compadecida emerge de um processo de revitalização do romanceiro nordestino.
Duas faces do gaúcho: entre o mito e a sátira
RESUMO: O presente artigo analisa as referências históricas e políticas mencionadas no poemeto campestre “Antônio Chimango”, da autoria de Amaro Juvenal, pseudônimo de Ramiro Fortes Barcellos. Descreve a conjuntura histórica e política do período da chamada República Velha no Rio Grande do Sul, então sob os governos de Júlio de Castilhos e, depois, de Borges de Medeiros, e, em seguida, as principais motivações para a concepção da obra em questão. A análise atenta para a função que o dispositivo da sátira desempenha no enredo, e divide o poema em duas instâncias narrativas. O objetivo maior é mostrar que a função da sátira é motivada por uma ideologia conservadora e o objetivo secundário é o de situar essa obra singular na literatura sul-rio-grandense.