Concepções espaciais: o teatro e a Bauhaus, O Percevejo. (original) (raw)
O período de existência da Bauhaus foi de apenas quatorze anos, mas, muitas de suas propostas ainda hoje servem de inspiração no campo da arte. Grandes artistas como Kandinsky, Klee, Schlemmer, Moholy-Nagy, ao lado de arquitetos e artesãos de vanguarda, foram mestres de uma elite de estudantes talentosos que deixaram sua marca nas artes do século XX. O que se pretendeu nessa escola extraordinária foi dar aos estudantes de arte uma formação global e extensa, no sentido de atingir novas formas que reunissem tendências artísticas e artesanais. Como afirmou o filho de Schlemmer já na década de 1950, a intenção era opor à desordem no gosto e no estilo, uma ordem baseada em novas concepções. Essas aspirações se estendiam ao domínio do palco cênico. A cena, numa atitude inovadora, era considerada uma composição arquitetônica de ordens e de planos, um espetáculo vivo de formas e de cores que funcionava como o contraponto necessário às tendências muito objetivas da Bauhaus, o refúgio e o núcleo central dos interesses metafísicos, a flor da lapela da Bauhaus, como sempre se referia Tut Schlemmer. 1 A Bauhaus-centro de estudos democrático por excelência-desenvolveu uma ideologia que defendia a escola como o cerne da educação para formar uma sociedade mais justa e o próprio nome escolhido, casa da construção, denota a utopia de que, construindo uma cidade bem idealizada, a própria sociedade se construiria de forma funcional, democrática e não hierárquica. 2 Em busca de novos modelos As duas primeiras décadas do século XX foram permeadas de ismos, tanto no campo artístico quanto no político. Socialismo, Sindicalismo, Anarquismo e Liberalismo coexistiam nas nações européias que buscavam o caminho para a modernidade. As várias crises-oriundas em especial da intensa urbanização-despertaram idéias revolucionárias. Os valores liberais burgueses que imperavam no final do século