Exílio, Memória e Identidade Crioula Em 15 Dias De Regresso (original) (raw)

“Pura memória”: experiência de exílio, representações da realidade e da identidade social da nação

Outubro do ano de 1974 foi a época que marcou a partida ao exílio do escritor argentino Pedro Orgambide (1929-2003). Em janeiro do ano de 1983, por sua vez, coincidiram dois momentos: o da volta da democracia e o do retorno deste escritor à sua cidade natal, Buenos Aires. O projeto de voltar do exílio já estava posto desde o momento de partida. Apesar da impossibilidade de qualquer previsão, o regresso também seria mais uma ocasião de ruptura. Foi durante este período de exílio nos tempos da ditadura militar argentina (1976-1983), de desterro por conta de desacordos políticos e de intolerâncias religiosas que, entre outras obras, Pedro Orgambide escreveu uma trilogia intitulada “de la memoria”, um conjunto de romances composto por El arrabal del mundo (1983), Hacer la América (1984) e Pura memoria (1985), onde o escritor ficcionalizou as experiências vividas e fez um recorrido pela história argentina, criando uma narrativa com personagens ficcionais, num espaço e num tempo que, embora ficcionalizados, são reconhecíveis. Esse trabalho propõe uma análise do segundo romance desta trilogia, lançado em 1984: em primeiro lugar, destrinchando sua estrutura narrativa, o tempo, os lugares e as pessoas narradas, em seguida, trabalhando com as representações tanto de algumas formas de violência, repressão e racismo, como suas representações identitárias.

Desmundo: Uma Experiência De Exílio e (Re)Construção Identitária

Caderno Seminal

O presente trabalho tem o intuito de analisar de que forma se estabelece o exílio, a exiliência e a (re)construção identitária em Desmundo (1996), obra de Ana Miranda. O romance propõe uma nova visão sobre a história do início da colonização no Brasil. A protagonista da narrativa, Oribela, uma órfã portuguesa, é enviada à colônia, junto a mais seis meninas, incumbidas de se casarem com os colonos desbravadores do novo mundo. A jovem é uma imigrante insatisfeita com o seu deslocamento da Europa para a América Latina e com o destino predeterminado para sua vida, em um espaço desconhecido, que se configura como um desmundo. Oribela é uma das personagens da obra que vivencia o exílio, experiência que lhe oprime, mas que ao mesmo tempo lhe impulsiona a lutar por seus ideais. Por meio das situações vividas e das relações interpessoais que a personagem desenvolve ao longo da narrativa, Oribela tem a chance de (re)construir a sua identidade, que se encontra fragmentada devido ao desenraiza...

Memória e Identidade do Exí­lio Sul-Americano no México

História Oral

foi uma opção, não uma casualidade." (Luis Maira) 1 NO INÍCIO DA DÉCADA DE SETENTA, a instauração de regimes ditatoriais no Cone Sul do continente obrigou milhares de pessoas a abandonar seus países de origem. Para uma parcela considerável desses perseguidos políticos, o México surgiu como uma possibilidades-às vezes a única-de conservar a vida. Com base em uma larga tradição governamental em matéria de asilo político, o México abriu suas portas a um avantajado contingente de exilados sulamericanos-argentinos, chilenos e uruguaios 2-que se somou aos núcleos de centro-americanos e caribenhos já residentes no país. Desse modo, durante aquela década e nos primeiros anos da seguinte, o país converteu-se em um lugar privilegiado para o encontro e a construção de uma experiência que teve o fenômeno do exílio como denominador comum. Mas é preciso reconhecer que não houve apenas um, mas múltiplos exílios. Cada um tem nacionalidade, nome, características pessoais, diferenças de gênero e de geração, família, afiliação política, formação profissional, destino, inserções e percepções distintas. Generalizar, neste como em tantos outros casos, é perigoso e, em certas ocasiões, pode ser um equívoco. De fato, nosso universo de estudo é definido exatamente pela riqueza da diversidade e da heterogeneidade, vislumbrada na comparação entre exilados e em sua relação com o México. Os exilados provêm de nações onde a política é parte constitutiva da sociabilidade de seus habitantes, onde os comportamentos públicos assim como as D O S S I Ê

A História e as memórias do exílio brasileiro

Fronteiras: Revista Catarinense de História, 2018

Este artigo apresenta reflexões sobre a relevância dos depoimentos orais e escritos daqueles que vivenciaram o exílio brasileiro na segunda metade do século passado. Com base na obra de Paul Ricoeur, o texto defende que elementos subjetivos presentes nas visões dos exilados devem ser problematizados para a compreensão da experiência traumática do exílio. O processo de construção da memória pelo exilado deve ser objeto de análise da História com o intuito de entender rupturas e permanências nas visões sobre o exílio construídas até o presente. Palavras-chave: memória, exílio, Ditadura Militar.

Repressão e exílio na trajetória de Everardo Dias

2018

This article discusses the exile of Everardo Dias and the political and social process in which this repressive action of the State is inserted, especially against the workers' strikes that took place between 1917 and 1919. It is also intended to analyze the different political ideologies present in the labor movement Of the period, showing differences and affinities. It also seeks to discuss some elements related to the deportation process of Everardo Dias and the victorious mobilization in defense of his return to Brazil.

Representações de exílio e nacionalismo em Gonçalves Dias

Nau Literária, 2014

Este ensaio propõe uma breve passagem pela biografia e pela obra do poeta Gonçalves Dias, com ênfase nos poemas e nos trechos de sua correspondência em que trata do exílio, analisando-os à luz dos estudos pós-coloniais. Investiga-se a maneira como os sucessivos exílios a que foi submetido o poeta afetaram a sua forma de perceber e de atribuir valores aos lugares. Verifica-se como, nas representações do nacional em Gonçalves Dias, construídas a partir do duplo olhar do exilado, se materializam conflitos de identidade, cruzando-se olhares do colonizado e do colonizador num amálgama de que era testemunha a própria pessoa do poeta.

CINELÂNDIA BAURUENSE – IDENTIDADE, MEMÓRIA E ESQUECIMENTO

Revista Hydra - A História vai ao público: universidade, sociedade e o negacionismo. v. 4, n. 7., 2019

A cidade de Bauru possuiu no século XX seu crescimento exponencial devido à ferrovia, que possibilitou o comércio cafeeiro com outras regiões. A elitização dos espaços, causada por uma elite cafeeira, ocasionou a criação da Cinelândia Bauruense, complexo de cinemas de rua compreendidos no centro da cidade, semelhante ao construído nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O presente artigo buscou trabalhar a importância da História para a preservação da memória enquanto fundamento para a construção da identidade das sociabilidades urbanas. O esquecimento da memória coletiva da Cinelândia, marcado pelo declínio dos cinemas de rua devido ao nascimento dos cinemas no Shopping, ocasionou a transformação da identidade bauruense criada ao longo do século XX e remodelada no século XXI.

Exílio: refazendo identidades*

1999

"O salão de banho era enorme. As mulheres ficavam peladas, as cantoneiras de ladrilho em volta, de onde sai água fria e quente. A água sai do chão. Você senta no chão para tomar banho. Se esfrega e vai jogando água com a cuia. O banho é coletivo, todas juntas, a água corre pelo chão de ladrilho. Aquele cenário é terrorífico. As mulheres são verdes, tatuadas. Vão se tatuando conforme sua condição de mulher: a mãe, a avó... o corpo vai sendo tatuado, contando uma história. Tinham umas velhas com as costas, os braços, todos tatuados. As tatuagens não aparecem porque as mulheres vivem cobertas. Uma coisa horrorosa... com a falta de sol, ficam feias, macilentas... Fui vendo aquela coisa... Tinham umas mulheres que são esfregadoras de pedra pome... elas esfregam a pedra no teu corpo. Só se toma banho uma vez por semana, então, o corpo fica todo gorduroso... Fazem com força. Tiram o sebo todo. Aquele ambiente foi mexendo, mexendo, mexendo... teve uma hora que eu caí, desmaiei."

2015, Descobrimentos e Memória

Já como Presidente (…), Marcelo Rebelo de Sousa irá depositar uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões, na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos. Esta cerimónia (…) terá como inovação o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ir também depositar uma segunda coroa de flores, esta no túmulo de Vasco da Gama. O simbolismo desta segunda coroa prende-se (…) com a importância que Marcelo Rebelo de Sousa dará no seu mandato presidencial à Comunidade de Países de Língua Portuguesa.