Da deriva dos pólos magnéticos até alterações climáticas (original) (raw)
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Das alterações climáticas como arma de destruição massiva
Em 16 de fevereiro, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou, em Jacarta, que as alterações climáticas (AC) são a principal arma de destruição massiva. Este foi o mais alto responsável político dos EUA a apontar as AC enquanto principal ameaça à segurança nacional, depois de comandantes militares de topo terem expresso a mesma consideração. Mas a disseminação deste entendimento é crescente, designadamente pela percepção da importância da preservação do contexto ambiental como condição sine qua non para a vida e subsequente actividade organizada de colectivos, designadamente os humanos. As consequências antecipadas do aquecimento global vão do desaparecimento de nações insulares à intensificação de conflitos. A desmultiplicação deste cenário inclui milhões de refugiados climáticos; disputas por alimento, água e energia; destruição de património e recursos; ameaças à saúde das populações; crescente turbulência internacional (reforço do nacionalismo, reformulação de alianças) e instabilidade interna. A neutralização da ameaça implica atacar as suas causas, mais do que paliar as suas manifestações. Há consenso entre os cientistas quanto à responsabilidade humana na situação, resultante de um modelo de produção e consumo visto cada vez mais como insustentável. Em causa está uma alteração radical de estruturas sociais, lógicas empresariais e comportamentos individuais.
Mudanças climáticas e a tarefa do campo crítico: pelo abandono do voluntarismo geológico
[uma versão modificada desse texto será publicada em breve no periódico Economia & Sociedade, da Unicamp] Trabalho que foi apresentado no XXIV ENEP e no Marx e o Marxismo 2019. Resumo: O artigo se lança à difícil tarefa de realizar uma dura crítica interna. Diante do conhecimento disponível sobre as mudanças climáticas, o campo marxista tem se demonstrado profundamente reticente em soar o alarme do risco existencial. Essa paralisia traduz-se na reprodução de uma práxis pulverizada, enrijecida, pouco ambiciosa e que se satisfaz com sucessos parciais e pequenos avanços. Argumento ao longo do texto que mesmo essa concepção modesta de "sucesso parcial" ou "pequenos avanços" é insustentável no quadro geral dos desafios climáticos diante da humanidade. Para construir o raciocínio, estabeleço quatro pontos de diálogo com os posicionamentos dos marxistas (especialmente os ecossocialistas). Na primeira seção, discute-se o postulado de que as lutas populares possuem uma vocação espontaneamente emancipatória e ecológica. A segunda seção é dedicada à crítica da noção de que o acúmulo sistemático de pequenos avanços e reformas pode eventualmente converter-se em transformações profundas. A terceira seção se volta à ideia (a de mais ampla circulação) de que os pequenos avanços e reformas nos ganham tempo até que possamos reunir as condições para as transformações realmente desejadas e necessárias. Por fim, a quarta seção aborda o perigo do efeito desmobilizador diante do reconhecimento explícito da natureza incontrolável das transformações climáticas já em curso e que afetarão dramaticamente nossa geração. Palavras-chave: mudanças climáticas; ecossocialismo; reformas
Mudanças climáticas e ciênciassociais: uma introdução
Augmdomus, 2011
RESUMO A problemática das mudanças climáticas começa a receber atenção da parte dos cientistas sociais. Nos últimos anos os relatórios do International Panel for Climate Change (IPCC) têm despertado o interesse de governos, empresas e vários setores sobre questões que envolvem capacidade de adaptação, vulnerabilidade e mitigação de efeitos danosos decorrentes da mudança climática global. Esse texto pretende discutir como diferentes setores governamentais e da sociedade civil estão construindo iniciativas coletivas voltados para o enfrentamento da problemática das mudanças climáticas. ABSTRACT The issue of climate change is getting greater attention from social scientists. Lately, IPCC reports have raised concerns among the government, enterprises and other sectors about adaptation, vulnerability and mitigation of the damaging effects produced by the global climate change. This article is aimed at discussing how governmental and social agents are creating collective initiatives to face climate change.
Mudanças climáticas, mudanças antropológicas
Anuário Antropológico, 2024
[...] as transformações em curso nos padrões do clima nos fazem perceber que não é apenas a atmosfera que está em transformação. As formas como pensamos a respeito dela e sobre nossa relação com ela também estão. Vivemos um momento de mudanças climáticas e de mudanças antropológicas. O momento atual é caracterizado por grandes incertezas: sobre o que está ocorrendo com o mundo, e, igualmente, sobre nossa capacidade de entender tais transformações e nos ajustarmos a elas. [...]
Um olhar frio sobre um tema quente: história das mudanças climáticas antrópicas
Livro, 2023
O clima do planeta Terra está sempre em constante transformação, isso vem ocorrendo há bilhões de anos e a ascensão das temperaturas globais vem ocorrendo desde o fim da última Era Glacial, quando uma enorme parte do hemisfério norte esteve sob uma camada de gelo com mais de um quilômetro de espessura e o nível dos oceanos era inferior ao atual. Sabe-se atualmente que entre as principais causas conhecidas das mudanças climáticas estão a intensidade da atividade solar; o campo geomagnético, a cobertura de nuvens; os raios cósmicos; o vulcanismo; o feedback entre a atmosfera, os oceanos e a superfície terrestre; as alterações da órbita terrestre e os gases do efeito estufa. No entanto, a atenção mundial gira muito mais em torno dos gases do efeito estufa, especialmente o CO2, ou seja, dentre todos esses fatores somente uma hipótese ganhou consistência e tornou-se uma unanimidade dentro e fora dos meios acadêmicos nas últimas décadas do século XX. Para alguns pesquisadores a hipótese do CO2 de origem humana interferir nas temperaturas e desequilibrar o clima remonta ao final do século XIX e está ancorada nas premissas estabelecidas por diversos pesquisadores como o físico e matemático francês Jean Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) e o químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927). Fourie é apontado como o “precursor” da descoberta do efeito estufa e Arrhenius o “pai” da teoria do efeito estufa antropogênico, por isso, embora tenhamos a impressão de que os debates em torno da hipótese do aquecimento global pareçam uma novidade, o interesse e as considerações sobre as alterações climáticas induzidas pelas atividades humanas certamente não o são, constituindo-se uma difícil tarefa precisar a origem dessa discussão. Da antiguidade grega passando pelos Estados Unidos e pela Europa dos séculos XVII e XVIII, até alcançar os dias atuais o tema vem sendo alvo de debates. Como o tema não tem recebido a atenção adequada, um dos objetivos desse livro, é justamente resgatar a sua origem histórica e buscar subsídios para entender como a tal hipótese foi se consolidando paulatinamente no decorrer dos últimos cem anos até atingir o status atual de “verdade científica” incontestável.
Mudanças climáticas e movimentos sociais do campo
GEOGRAFIA (Londrina), 2018
As mudanças climáticas têm se colocado como temática importante da pauta política de inúmeros países. A partir das necessidades deste contexto, torna-se preciso compreender as diferentes alocações no assunto provindas de múltiplos atores em sociedade, buscando contribuir com a delimitação de ações públicas menos excludentes. Por este viés, objetivou-se com este trabalho evidenciar os contornos propositivos e combativos dispostos por movimentos sociais do campo sobre a temática “mudanças climáticas”. Para isto, utilizou-se do aporte dialético para a análise de informações obtidas através de entrevistas com movimentos sociais, levantamento de dados em publicações científicas, mídias, preleções e informativos. Foram tomados como parâmetros três movimentos sociais significativos em escalas internacional e nacional, sendo eles: La Via Campesina; Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Concluí-se que tais agentes sociais se colocam como i...
Raízes: Revista de Ciências Sociais e Econômicas, 2011
O presente trabalho analisa as questões da mudança climática e ambiental na mídia brasileira a partir das coberturas das revistas Veja e CartaCapital sobre a 15º Conferência das Partes (COP-15) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC), sediada em Copenhague, em dezembro de 2009. Adotou-se uma metodologia de análise de conteúdo, buscando avaliar: a) a incidência e frequência do tema mudança climática (MC) e Conferência das Partes (COP-15) no universo amostral; b) o teor do discurso midiático acerca da MC e da COP-15; c) as diferenças entre os enquadramentos feitos pelas revistas citadas. A CartaCapital apresentou uma cobertura mais aprofundada sobre o tema MC, situando a discussão no debate amplo sobre desenvolvimento sustentável. Já a revista Veja promoveu uma cobertura mais superficial e com predomínio de notas pontuais sobre o evento COP-15. Palavras-chave: Mídia, mudança climática, desenvolvimento sustentável MEDIA AND CLIMATE CHANGES: VEJA AND CARTACAPITAL COVERAGES ON THE XV CONFERENCE OF PARTIES This paper examines the climate and environmental issues in the Brazilian media. It is done concerning Veja's and CartaCapital's coverage of the 15th Conference of Parties (COP-15) of the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), headquartered in Copenhagen in December 2009. We adopted the methodology of content analysis, in order to evaluate: a) the incidence and frequency of the theme Climate Change (CC) and Conference of Parties (COP-15) in the sampled universe; b) the content of the media discourse about the CC and the COP-15; c) the differences in the two magazines's framing. CartaCapital presented a more thorough coverage on the subject CC, setting the discussion within a broader debate on sustainable development. Veja, in the other hand, promoted a more superficial coverage with mostly specific notes about the COP-15.