No limite da palavra: percursos pela poesia italiana (original) (raw)
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no limite da palavra: percursos pela poesia italiana (Ungaretti, Montale, Sereni, Caproni, Testa)
2015
"no limite da palavra" propõe um percurso por certa poesia italiana do século XX que pode tocar pontos que vão além das fronteiras culturais italianas. Uma poesia-pensamento, que interroga e desconstrói o real, o toca pelo avesso e pelo reverso. Essa é a proposta das próximas páginas, cujo foco é uma possível leitura de alguns poemas de Giuseppe Ungaretti, Eugenio Montale, Vittorio Sereni, Giorgio Caproni e Enrico Testa. A poesia que se inscreve nos versos desses autores é desestabilizante, como acontece, por exemplo, com Manhã de Giuseppe Ungaretti, com as imagens da impotência da palavra nos ramos secos de Ossos de Sépia de Eugenio Montale, com a experiência – o sentir – que sensibiliza os tons da existência nos instrumentos humanos de Vittorio Sereni e com a palavra sempre mais esgarçada em Giorgio Caproni, que segue despetalando a linguagem. E, não por último, com os quadros de um cotidiano localizado numa pequena parte da Itália, mas ao mesmo tempo desterritorializado/extraterritorializado por meio de viagens e deslocamentos físicos e “oníricos”, que desafiam a língua italiana (poesia também como aporia) na linguagem singular de Enrico Testa...
Pasolini pratica a poesia quando é poeta, faz romance, no cinema, com o teatro ou como ensaísta. Uma obra de poeta, em estado de crise. Origem e vertigem, ordem e voragem: elemento dialético, configurador e reconfigurador, que não se restringe ao plano estritamente linguístico, embora acabe desvelando um germe de língua (um grão, um veneno) em tudo que toca.
REFLEXÕES SOBRE A POESIA MIGRANTE NA ITÁLIA
A minha pátria é a língua portuguesa", escreveu o grande poeta Fernando Pessoa; "o meu país é o meu corpo", afirmou Tahar Lamri, escritor argelino que vive há muitos anos na Itália e que escreve em italiano. Para os escritores, a pátria pode ser um país, uma língua, uma história, o próprio corpo, a memória, a remoção do passado e o vazio que deriva desse processo e que impõe a necessidade de recompor uma nova identidade em outro lugar, em outro idioma. Pode ser também uma mala, com poucos objetos salvos de uma vida anterior, que eles arrastam como as paredes da alma, como caracóis levando nas costas suas casas.
Revista da Imigração Italiana em Minas Gerais, 2019
Em função da construção de Belo Horizonte, iniciada nos últimos anos do século XIX, ocorreu um intenso fluxo de imigrantes de origem italiana para a nova capital do estado. Nesse contexto, uma relevante manifestação sociocultural foi o surgimento de periódicos de imprensa voltados para a própria comunidade imigrante, a fim de que fossem constituídos meios de sociabilidade entre seus membros e, de alguma forma, fosse mantida sua identidade cultural. Vários desses periódicos preservaram-se graças à Coleção Linhares, atualmente mantida pela Universidade Federal de Minas Gerais, a qual contém edições que circularam em Belo Horizonte entre 1895 e 1954. Os principais objetivos deste trabalho são compilar, documentar e brevemente analisar composições poéticas publicadas no que pode ser chamada de imprensa italiana belo-horizontina dos primórdios do século XX. Coletou-se e examinou-se toda a produção poética publicada em edições dos periódicos prevalentemente em língua italiana que constam da Coleção Linhares, dando ênfase àquela produzida por imigrantes em Minas Gerais. Dessa forma, tornamos pública a atividade poética, geralmente amadora, dos italianos que constituíram o estado, contribuindo assim para a divulgação de manifestações literárias de comunidades imigrantes no Brasil.
Presença da poesia italiana em Portugal nos últimos 30 anos (1980-2010)
Estudos Italianos em Portugal, 2012
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Uma poesia de exportação: Pau-Brasil na Itália
Texto Poético
O poeta italiano Giuseppe Ungaretti viveu, entre 1937 e 1942, em São Paulo, dando aulas de Literatura Italiana na recém-criada Universidade de São Paulo. Não conseguindo escrever versos próprios dedicou-se furiosamente à tradução. De volta a Itália, começou a publicar as traduções por ele realizadas de poetas brasileiros, fossem eles pertencentes à tradição ou aos seus contemporâneos. Entre estes, traduziu e publicou Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. Neste artigo, tentamos compreender quais foram as afinidades eletivas que uniram os dois poetas, aparentemente tão distantes, e descrever a atitude adotada por Ungaretti para enfrentar a tradução.
Ecos italianos na poesia do Abade de Jazente
2009
Não é objectivo desta breve comunicação detectar a influência de poetas italianos sobre Paulino António Cabral (1719-1789), uma figura complexa e interessante do setecentismo literário português mas que tem sido pouco valorizada e cuja obra está mal editada e insuficientemente estudada. O meu propósito é mais modesto: trata-se apenas de elencar as referências italianas presentes nos seus versos, o que permitirá também chamar a atenção para um aspecto muitas vezes esquecido da renovação cultural que, sob o signo das Luzes, decorreu no Norte do país, concretamente em Braga, sob a orientação do arcebispo local, D. Gaspar de Bragança. Aberto à influência das Luzes e do neoclassicismo mas deleitando-se ainda com o ludismo e com uma certa exuberância barrocas, o Abade de Jazente é um homem do seu tempo, alterando entre tons e registos variados,