Entre a vida e a morte: Estado, racismo e a “pandemia do extermínio” no Brasil (original) (raw)

Necropolítica: racismo e políticas de morte no Brasil contemporâneo

Revista de Direito da Cidade, 2020

O artigo tem por objetivo apresentar a categoria filosófica da necropolítica, a partir da obra do camaronês Achille Mbembe, aqui utilizada como background teórico para contextualizar a morte em massa de pessoas majoritariamente pobres e negras no Brasil contemporâneo. A problemática que orienta a pesquisa pode ser assim sintetizada: em que medida a necropolítica pode ser compreendida como categoria filosófica para compreensão da morte massificada de vidas “descartáveis” – evidenciada pelo alto índice de violência policial contra pessoas pobres e negras no Brasil atual – e que remonta à violência constitutiva da sociedade brasileira desde o período colonial, marcado pela escravidão? Tem-se como hipótese que pessoas pobres e negras têm sido o alvo do Estado, de forma majoritária, desde o Brasil Colônia – contexto em que se fixa uma violência estrutural contra esses sujeitos – e que a política de morte elucidada por Achille Mbembe permite explicar as raízes dessa violência e seletivida...

Extermínio da Juventude Negra e Racismo de Estado Como Expressão da Necropolítica

Anais do VIII Seminário Direito Penal e Democracia, 2021

O trabalho aborda o homicídio de Estado perpetrado contra a juventude negra, catalogado pertinentemente como “genocídio” ou “extermínio” de jovens negros, diante da sua inequívoca contumácia. Busca-se compreender de que forma este fenômeno se desenvolveu e se ramificou na sociedade brasileira, e como a violência policial e o racismo de Estado contribuem para a manutenção desta prática. O objetivo principal é demonstrar que o extermínio de jovens negros é mais uma exteriorização da Necropolítica: conceito produzido pelo filósofo Achille Mbembe, com inspiração na teoria do biopoder de Foucault e no estado de exceção de Agamben. Tal objetivo constrói a base de um pertinente questionamento, sintetizado no seguinte problema de pesquisa: o extermínio da juventude negra pode ser compreendido como uma manifestação das estruturas necropolíticas e do racismo de Estado praticado pelo Brasil? Como base epistêmica e metodológica, a pesquisa utiliza uma abordagem amparada pela sociologia e pela filosofia (zetética); traz apontamentos históricos inerentes (historiográfico); analisa casos concretos correlatos (estudo de caso); traz dados empíricos referentes à desigual distribuição racial na letalidade da juventude (pesquisa estatística) e avalia os impactos sociais que as repercussões da temática proporcionam (ciência social). Conclui-se que o extermínio de jovens negros corresponde a um efeito claro e direto do necropoder e do racismo de Estado, consoante o cotejo dos elementos percepcionados com os elementos teóricos presentes na análise de Mbembe, demonstrando que a solução desta problemática demanda níveis de complexidade distintos.

Corpo, Raça, Poder: Extermínio Negro no Brasil. Uma Leitura Crítica, Decolonial e Foucaultiana

Editora Multifoco, 2018

"Tratando a questão racial no melhor modelo Du Bois e Guerreiro Ramos (como negro-vida!), Juliana Streva complexifica, historiciza, situa os processos de objetificação dos corpos negros e demonstra como fomos atravessados pelo projeto colonial (moderno, racista, patriarcal, heteronormativo, cristão e capitalista).” Prefácio por Thula Pires

Violência, guerra às drogas e racismo de estado no Brasil

Polis (Santiago), 2021

La política de “guerra contra las drogas” genera una situación de violencia generalizada en la sociedad brasileña, especialmente para quienes se encuentran en una condición de mayor vulnerabilidad económica, social y étnico-racial. A partir de datos de los últimos años sobre homicidios, muertes por intervención policial y victimización policial, delitos por trata y encarcelamiento, el artículo tiene como objetivo analizar la relación entre la violencia derivada de la política de drogas en Brasil y el racismo. Considerada desde una perspectiva biopolítica, los datos indican que la política de 'guerra contra las drogas' opera construyendo la noción de un individuo peligroso y por la selectividad criminal y letal de los negros, revelando la naturaleza racista del propio Estado, no solo al establecer quién debe vivir y quién debe morir, sino que, además produciendo la muerte, promoviendo la necropolítica.

Juventude negra e violência: um extermínio anunciado

Sociólogo, professor da UERJ e da FAETEC. Doutorando em Educação pela PUC-Rio e Mestre em Ciências Sociais pela UERJ. pela Pesquisa Domiciliar efetuada pela Prefeitura entre 2001 e 2003, através do Programa Macaé Cidadão, apresentam um elevado contingente fora da escola, com percentuais mais altos entre os negros do sexo masculino". E ainda: No caso específico de Macaé, a explosão de violência noticiada recentemente, que tem vitimizado os jovens de 15 a 24 anos, é atribuída pela polícia às disputas do tráfico de drogasque envolveriam 95% dos casos de assassinatos. Atestando esse fato, a reportagem exibida pelo programa "Fantástico" no quadro "Profissão Repórter", sobre as cidades mais violentas do país, em 04 de março, informou que há dois anos não ocorre nenhum latrocínio (roubo seguido de morte) em Macaé, e que a violência se encontra concentrada nas favelas da cidade. No jornal O Globo, de 28 de fevereiro, Daniel Bandeira, delegado titular da 123ª DP, afirmou que os jovens recrutados pelo tráfico são de origem pobre e que se tornam presas fáceis porque são desqualificados e não encontram vagas no mercado de trabalho.