Duelos de caçador: predação e familialização na Amazônia indígena (original) (raw)
Related papers
[TESE DE DOUTORADO] Duelos de caçador: predação e familiarização na Amazônia
Por um cunho bibliográfico, esta tese se debruça sobre as caçadas de certas etnografias da Amazônia indígena buscando compreender as relações, aí estabelecidas, entre as perspectivas da predação e da familiarização. Trata-se de um ensaio comparativo, inspirado no método lévi-straussiano da análise dos mitos, que justapõe para o cotejo e a análise as etnografias [1] da caça yudjá aos porcos, [2] da caça coletiva dos Arara, [3] dos mitos yaminawa sobre os encontros cinegéticos e [4] da caça awá-guajá aos guaribas. A análise comparativa das etnografias sustentará, nas considerações finais deste texto, uma proposta nova para o entendimento dos conceitos de predação e familiarização
Medo e Conjuração: desfazendo o parentesco na Amazônia
Revista ILHA, 2020
A proposta deste artigo é promover uma análise das dinâmicas do parentesco na Amazônia que tome os procedimentos que o desfazem, ou a decisão de não o fazer, como índices da influência de um método de administração da alteridade, característico das sociedades das terras baixas da América do Sul. As múltiplas modulações possíveis que o sujeito ameríndio pode assumir na ontologia multinaturalista, aqui, nos levam a questões que permitem uma análise que conecta as alianças interespecíficas do ambiente perspectivista com as relações interpessoais dos processos do parentesco e as redes intercomunitárias que interligam as diferentes comunidades na Amazônia, como procedimentos que atuam dentro de um mesmo complexo cosmopolítico.
Revista Latino-Americana de História , 2023
A família tem sido objeto de estudo em várias disciplinas científicas ao longo do tempo, incluindo a História. Este artigo se enquadra nesse contexto de pesquisa, com o objetivo de abordar as vivências dos povos indígenas diante das políticas pombalinas instauradas na segunda metade do século XVIII, no Estado do Grão-Pará e Maranhão. Nosso foco recai sobre as medidas que impactaram mais diretamente as famílias nativas e como esses sujeitos (re)agiram perante essa conjuntura. Evidenciamos, portanto, as agências indígenas, ao considerarmos esses grupos como agentes ativos em suas próprias histórias. Nossa análise se baseia principalmente em correspondências trocadas entre diversas autoridades coloniais e em alguns dos conjuntos legislativos vigentes na época. Ao confrontar esses documentos entre si e recorrer a uma variada bibliografia, buscamos construir nossa própria abordagem argumentativa.
Contradomesticação na Amazônia indígena: a botânica da precaução
Vozes vegetais: Diversidade, resistências e histórias da floresta, 2020
In: "Vozes Vegetais: Diversidade, resistências e histórias da floresta" (Orgs.: Joana Cabral de Oliveira; Marta Amoroso; Ana Gabriela Morim de Lima; Karen Shiratori; Stelio Marras; Laure Emperaire,). Ubu - IRD Editions, São Paulo 2020 - ISBN 978 65 86497 23 6
Biodiversidade Brasileira - BioBrasil, 2019
A Caça e o Caçador: uma Análise Crítica da Legislação Brasileira sobre o Uso da Fauna por Populações Indígenas e Tradicionais na Amazônia RESUMO-A caça, além de prover o sustento de populações tradicionais, indígenas e não-indígenas, em áreas remotas, vem também assumindo função socialmente estruturante nessas sociedades. Neste artigo, conceituamos a caça de subsistência para além da visão preservacionista, preponderante nos campos das ciências ambientais e jurídicas, e oferecemos uma perspectiva integrada que contempla aspectos ecológicos, sociais, econômicos e legais. Apesar de os impactos demográficos e ecossistêmicos frequentemente atribuídos à caça de subsistência serem bem documentados, mecanismos naturais intrínsecos de recuperação populacional, tais como taxa reprodutiva, dinâmica fonte-sumidouro ou acordos locais, demonstram a resiliência dos sistemas socioecológicos à extração da fauna, constituindo uma grande janela de oportunidades para a conservação de espécies cinegéticas em sistemas de manejo in situ. Embora legalmente o "caçador de subsistência" seja explicitamente definido apenas no Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826/2003), o direito à caça de subsistência é (ou deveria ser) respaldado pelo princípio universal de dignidade da pessoa humana, previsto, mais amplamente, na Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas e na Constituição Federal de 1988 (CF/88). Tal direito também é reconhecido pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), abrangendo populações humanas rurais em constante estado de necessidade, seja pela imediata necessidade de saciar a fome (conforme definição na Lei de Crimes Ambientais), seja porque tais populações residem em regiões onde caça e pesca são
Histórias de índios entre assimilação e resistência: O rastro do jaguar
Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea
Resumo O artigo analisa a representação do índio na literatura brasileira contemporânea, a partir da leitura de O rastro do jaguar (2009), primeiro romance do jornalista Murilo Carvalho. A obra inscreve-se numa linha ficcional de questionamento da formação histórica da nação. A análise destaca a opção por recuperar a memória histórica de dois povos indígenas, os botocudos e os guarani, confrontando os projetos divergentes das nações indígenas e da nação brasileira.
Ideologia Venatória Na Amazônia: Notas Sobre a Caça Na Etnologia Das Terras Baixas Da América Do Sul
Espaço Ameríndio, 2013
Factualmente recorrente, simbolicamente pregnante e sociologicamente estruturante, a caça é um dado fundamental na Amazônia. A série de elementos destacados pela etnologia regional revela a centralidade da atividade entre os coletivos amazônicos. Neste trabalho foco os discursos antropológicos a respeito da atividade cinegética dos povos indígenas, buscando delinear um objeto de estudo. A revisão da bibliografia se concentra em um período particular dessa produção, aquele referente às últimas três décadas, e se detém sobre alguns dos aspectos relativos à “metafísica da caça” (LIMA, 1996). Um dos propósitos é ver como os temas da “afinidade potencial” e do “perspectivismo ameríndio” rebatem na compreensão do campo cinegético, e por outro lado, ver como esse campo informa as operações analíticas desses conceitos. Paralelamente, no ensaio procuro identificar alguns dos nódulos que a interpretação da caça tem enfrentado, apontando, assim, questões para potenciais avanços etnográficos e ...
Manejo da floresta na formação de roçado, por uma População Indígena da Amazônia
Tellus A, 2015
Este trabalho apresenta a forma de manejo da fl oresta naformacao de “rocados” pela populacao indigena Deni, desde a escolhada area ate a confeccao da farinha. Usou-se como referencia o manejoem sete comunidades ao longo dos rios Xerua e Cuniua, no estado doAmazonas, Brasil. Ao manejarem a fl oresta para a formacao de areascultivadas, estas sao deixadas em “pousios” apos dois anos de uso eenriquecidas com outras especies domesticadas, transformam-se emsistemas agrofl orestais onde se tornam locais permanentes de coletade frutos e de cacas que ali buscam abrigo e alimento. A farinha demandioca e o principal produto originado do rocado e um importanteinstrumento de troca com outros produtos e artefatos nao produzidospela populacao Deni.Palavras-chave: sistema agrofl orestal; pousio; Deni.