Apresentação da seção temática Culturas digitais e história no tempo presente (original) (raw)

A EDIÇÃO DIGITAL DA HISTÓRIA DO FUTURO, DE ANTÓNIO VIEIRA: ARQUIVO E FERRAMENTAS

BANZA, Ana Paula, RITO SILVA, António e RODRIGUES, Irene (2022) A edição digital da História do Futuro, de António Vieira: arquivo e ferramentas. In: Atas da Jornada de Humanidades Digitais do CIDEHUS. Universidade de Évora: Imprensa da Universidade, pp. 28-38. ISBN: 978-972-778-268-0., 2022

Aborda-se, no presente texto, a forma como as novas concepções de edição e de texto, resultantes da chegada do Digital ao mundo da Filologia, se reflectiram no projecto de criação de um arquivo digital da obra História do Futuro, do Padre António Vieira-"Arquivo digital e análise assistida da História do Futuro, de António Vieira"-que, pela sua natureza, incompleta e fragmentária, constitui um desafio filológico inatingível fora do novo paradigma digital. Apresenta-se também brevemente a estrutura e objectivos do projecto, tomando como foco a construção do arquivo e a implementação de determinadas ferramentas de processamento de linguagem natural, seleccionadas e adaptadas em função do tipo de texto, dos desafios que este suscita e das leituras que permite, desenvolvendo-se, a título de exemplo, alguns dos seus possíveis cenários de utilização, para ilustrar as mais valias que o projecto trará, quer do ponto de vista académico, quer na divulgação da obra do Padre António Vieira.

SURDEZ CONTEMPORÂNEA E NOVAS MÍDIAS: A CULTURA DO OUVIR NA ERA DIGITAL

O presente artigo irá promover um estudo diante da questão da supervalorização da comunicação visual, em detrimento da auditiva, trabalhada no texto, "A Cultura do Ouvir", presente no livro "A Era da Iconofagia", de Norval Baitello. Para isto, foi realizada uma pesquisa de opinião destinada a cem pessoas, a respeito da forma sobre a qual se relacionam com produtos de áudiolevando em conta as novas tecnologias. Obteve-se como conclusão o reconhecimento de que, mesmo perante a presença de diversas mídias audiovisuais, o mercado sonoro da atualidade segue contando com grande participação dos indivíduos, ainda que com um apelo distinto do seu propósito inicial ao longo dos anos.

Apresentação: dossiê temático Literatura Digital

DATJournal, 2023

de pós-doutorado (PPGDesign-UAM) voltada à investigação da literatura digital e suas interfaces com o design, a arte e a tecnologia. É Doutora e Mestre em Teoria Literária pela FFLCH-USP. Mantém uma página pessoal, na qual podem ser lidos alguns de seus inéditos, bem como textos críticos e trabalhos em múltiplas mídias: www.andreaca

Reconfigurações do tempo histórico: presentismo, atualismo e solidão na modernidade digital

Para tratarmos da nossa historicidade com base na “experiência do tempo”, neste artigo refletimos sobre uma das principais hipóteses relacionadas às formas atuais de temporalização: o Presentismo de François Hartog. Essa sintomatologia do contemporâneo implica ruptura substantiva entre o momento historicista-moderno, geralmente situado no século XIX, e um “regime de historicidade” emergente que seria substancialmente distinto. Apresentaremos algumas objeções a essa descrição e, considerando a leitura do capítulo “Temporalidade e cotidianidade” da obra Ser e Tempo , argumentaremos que certos aspectos do tempo presente considerados sintomas de uma mutação histórica da experiência podem ser derivados das descrições de Heidegger da temporalidade da “abertura” (Erschlossenheit ), em particular da dimensão “inautêntica” ou “imprópria”. Por fim, apresentaremos uma leitura do episódio “White Christmas”, da série Black Mirror, como um estudo de caso para verificar a operacionalidade do conceito de atualismo para a compreensão de determinadas distopias/utopias contemporâneas, com foco na temática da solidão.

Do presentismo ao atualismo: digital e uma nova semântica histórica

Intelectuais, usos do passado e ensino de História, 2020

Não se trata de uma novidade o campo de reflexão em torno das implicações da informática e do digital para a escrita de história. No Brasil, aponta-se para contingência deste debate ao menos desde meados da década de 1990 (FIGUEIREDO, 1997). Mas reconhecemos que os avanços do campo acadêmico, por vezes, não acompanham a produção ultra-acelerada da big-data, da cibernética e das tecnologias digitais. Ou seja, por vezes, o labor historiográfico está no contra-tempo de uma contemporaneidade de imersão informacional, esforçando-se em alcançar as mudanças que deslocam as percepções entre o presente, passado e futuro. Estaríamos em uma nova revolução do tempo, em um processo de ressignificação semântica de nosso tempo histórico (KOSELLECK, 2006)? Este questionamento geral desdobra-se nas várias dimensões da contemporaneidade que implicam na reflexão histórica. A lógica da infinita produção de rastros e arquivamento; a expectativa e a experiência no mundo rarefeito das imagens pulverizadas nas telas inteligentes; as capacidades de interdição e proliferação dos discursos a respeito do passado nas mídias da web 2.0; a capacidade governativa das ciências algorítmicas para a vida acadêmica da web 3.0 (TIQQUNIM, 1999). Somados a outros tantos, esses quatro processos pressionam a operação historiográfica (CERTEAU, 2015) e, nesse sentido, pode-se hipotetizar o papel das tecnologias digitais e da cibernética para aquilo que François Hartog (2013) denominava como experiência presentista do tempo: o presentismo. No entanto, dados os limites da circunscrição e especificidade do diagnóstico de Hartog, Valdei Lopes de Araujo e Mateus Henrique Pereira (2018) propõem o conceito de atualismo como uma nova forma de apreensão desta nova atitude para com a história. Assim, nesta comunicação, partiremos do tensionamento dos distintos conceitos de presentismo e atualismo para encontrarmos caminhos para entendimento da hipótese da digitalidade como uma nova semântica do tempo histórico.

Apresentação do dossiê: A arte antiga no tempo presente

Modos: Revista de História da Arte, 2019

Conhecer o Brasil significou para o projeto modernista visitar e reconhecer a antiguidade artística nacional, registrar suas manifestações e estudá-las para maior compreensão da nossa constituição histórico-cultural. Foi também uma oportunidade de lançar um olhar menos colonizado e europeizado sobre a arte brasileira, mestiça, nascida dos tantos encontros de culturas e tradições que se realizaram em solo nacional. Essas ações tiveram momentos de maior e menor dinâmica no decorrer da segunda década do século XX. A partir de um olhar retrospectivo, por diversas ocasiões a produção de arte no Brasil se valeu de releituras e reinterpretações de manifestações do passado nacional, buscando ressignificar essa herança e mesmo dar significado às obras contemporâneas. Nos últimos anos, ainda, o avanço dos cursos de pós-graduação fomentou uma retomada das pesquisas que revisaram o conhecimento existente e inovaram com abordagens de bens culturais ainda por identificar e olhares inéditos sobre as manifestações artísticas, incluindo e abrangendo representações marginalizadas pelos binômios centro-periferia, capital-interior pelas discriminações de gênero, de classe social, de raça, cor e etnia. Nesse contexto surgiram expressões da arte contemporânea que se apropriam da arte antiga e lhe conferem outros significados sob a égide do pensamento descolonizador. Na oitava edição da Revista MODOS pretendemos reunir reflexões sobre o tema, resultados de pesquisas e análises críticas. Para tanto convidamos os pesquisadores para contribuírem com seus escritos e enriquecerem essa discussão.

Por um debate sobre História e Historiografia Digital

LUCCHESI, Anita. Por um debate sobre história e historiografia digital. Boletim Historiar, n. 02, mar. /abr. 2014, p. 45-57., 2014

A humanidade encontra-se na transição da cultura alfabética para a cultura digital e, com isso, novas formas de escrita da história estão passando a ser consideradas em alguns espaços acadêmicos. Diante disso, este artigo objetiva discutir as implicações dessas mudanças e a emergência de novos objetos para o estudo da história, levando em consideração a necessidade de tornar esta discussão corrente na academia. Dada à atual carência de instrução especificamente relacionada à entrada das mídias digitais e da Internet na oficina da História, propomo-nos a discutir aqui quais problemas este “novo” nos apresentam como justificativa para pensarmos a necessidade de incluir a discussão sobre História e Historiografia Digital nas universidades do Brasil.