Memória, fronteiras e discursos: o corpo em cenas prototípicas de protestos feministas (original) (raw)
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Corpos em protesto: análise discursiva do movimento Femen
2017
Para a Analise do Discurso (AD) de linha francesa, formulada por Michel Pecheux, o discurso e efeito de sentido entre interlocutores, sentido que se da dentro de uma determinada formacao discursiva (FD), e que determina aquilo que pode e deve ser dito. Em uma sociedade ja habituada a luta historica dos movimentos feministas por igualdade de direitos e na qual o corpo (tanto masculino quanto feminino) e explorado comercialmente pela midia, diariamente, parece estranho que a exposicao do corpo feminino (semi)nu em protestos, seja vista de forma ofensiva e negativa. O grupo feminista FEMEN, que luta contra o patriarcado em suas tres formas (materializadas, segundo o grupo, na exploracao sexual da mulher, nas ditaduras e nas principais religioes), e alvo de agressoes, durante seus protestos, por expor seus corpos (semi)nus. Por meio da identificacao dos elementos utilizados pelas manifestantes em seus protestos e da analise dos enunciados que vestem seus corpos, objetiva-se compreender ...
Passagens: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Comunicação Da Universidade Federal Do Ceará, 2023
Resumo: A pandemia de covid-19 intensificou processos de isolamento que já são conhecidos pelas pessoas LGBTQIA+ em razão das violências engendradas pela cisheteronorma. Neste artigo, objetiva-se discutir como a exposição online Queerentena, idealizada pelo Museu da Diversidade Sexual, insurge com questionamentos para estranhar os regimes normativos estabelecidos socialmente aos corpos pelo gênero e pela sexualidade e agravados no surto de coronavírus. Com esse intuito, parte-se por dois eixos centrais de discussão: (i) os sentidos atribuídos para gênero e sexualidade em disputas nesse cenário pandêmico; (ii) disputas entre memórias e esquecimentos das vivências queerentenadas. Ancorados por referenciais teóricos e políticos da teoria queer, compreende-se que, por meio da arte, há um escapismo das mazelas que se intensificaram às vidas LGBTQIA+ em consequência da covid-19. Ao mesmo tempo, pela arte, é possível denunciar e escancarar os regimes de precariedade que atravessam nossas vidas, que tentam docilizar nossos corpos e que agem por meio da violência.
O corpo a corpo feminista nas ruas e nas telas
Revista de Comunicação Dialógica, 2021
No cenário atual do retorno da potência das lutas e reivindicações feministas, e eclosão das novas tecnologias e redes, inúmeros materiais audiovisuais têm sido produzidos e difundidos tanto para efeito de registro, como disseminação das manifestações nas ruas. Esta produção audiovisual tem como característica um redimensionamento do papel político do corpo da mulher, em que a exposição e a performance promovem uma manipulação produtiva da potência política dos corpos femininos. Tais produtos também se caracterizam pela articulação de diferentes formatos narrativos e criativos, apresentando elementos estéticos transgressores, que merecem ser elucidados. No presente artigo propomos uma análise de alguns destes vídeos, articulada a pressupostos teóricos do feminismo contemporâneo, para evidenciar de que forma os encontros dos corpos nas ruas e nas telas se retroalimentam, apresentando uma alternativa eficaz de ocupação e proliferação das pautas políticas femininas.
Performance e Feminismos: diálogos para habitar o corpo encruzilhada
Urdimento - Revista de Estudos em Artes Cênicas , 2016
As performances Merci Beaucoup, Blanco! de Michelle Mattiuzzi, gordura trans #3 /gordura localizada #1 de Miro Spinelli e Solange, tô aberta! de Pêdra Costa abrem a possibilidade de pensarmos que tais artistas articulam seus modos de existência com processos de criação desestabilizando um sistema de mundo no qual a opressão de gênero é racializada e oriunda de uma lógica colonial, capitalista e heterosexista. Esse texto busca se aproximar das intensidades destes trabalhos artísticos em que o corpo é o campo de batalha e o artefato vivo para estabelecer um diálogo entre estas intensidades – desde onde elas me tocam – e teorias feministas interseccionais, descoloniais e transfeministas. Palavras-chave: corpo; performance; feminismos; interseccionalidade The performances Merci Beaucoup, Blanco! from Michelle Mattiuzzi, gordura trans #3 /gordura localizada #1 from Miro Spinelli e Solange, tô aberta! from Pêdra Costa open up the possibility to think that these artists articulate their modes of existence with creative processes disrupting a world system in which gender oppression is racialized and arises from a logic that is colonial, capitalistic and heterosexist. This text aims to get close to the intensity of this artistic works in which the body is the batlle field and the live artifact to establish a dialogue between this intensities – from where the affect me – and feminist theories such as interseccional, decolonial and transfeminist theories. Keywords: body; performance; feminisms; interseccionality
Memórias visuais sobre mulheres negras na recepção fílmica
Revista Contemporanea , 2018
Este trabalho investiga as memórias visuais sobre mulheres negras que emergem a partir da recepção do filme Bendito Fruto (de 2004, dirigido por Sergio Goldenberg), realizada em grupos de discussão por meio da aplicação do modelo codificação/decodificação de Stuart Hall. Analisa, assim, a relação de força entre os sentidos instituídos, como a predominância de imagens e lugares sociais pré-estabelecidos às mulheres negras e a capacidade das/dos participantes, a partir de suas experiências pessoais e de identificações afetivas com outras produções audiovisuais, elaborar significações de reconhecimento e afirmação identitária.
Intervenções feministas nas ruas da América Latina: as artistas se reapropriam de seus corpos
ILUMINURAS
Na história dos feminismos, a arte sempre esteve presente como uma ferramenta de linguagem e ativismo, um campo de experimentações em que as mulheres puderam expressar suas demandas. Neste artigo primeiramente realizo uma breve revisão histórica sobre o desenvolvimento do movimento feminista atrelado às artes visuais, para chegar nas especificidades de artistas e ativistas localizadas na América Latina que trabalham com questões do corpo feminino. A Latinidade é abordada desde o feminismo decolonial, partindo de vivências específicas das mulheres dessa parte do globo, como o colonialismo e os governos ditatoriais pós-independência. Finalmente, analiso alguns exemplos de artistas de diversos países latino-americanos que realizam intervenções urbanas feministas reivindicando para si a representação de seus corpos de mulheres.
Memória e gênero nas lutas políticas de ontem e de hoje
Cadernos do NUPPOME, 2019
Antes mesmo de afirmar que sua filha é resultado de uma "fraquejada", ou de evitar qualquer debate sobre a diferença salarial entre homens e mulheres, Jair Bolsonaro já havia dito a uma deputada que não a estupraria porque "você não merece".