Entrevista com Mestre Alcides de Lima (original) (raw)

Entrevista a Arquimedes da Silva Santos

Medi Coes, 2014

Ana Bigotte Vieira entrevista: Arquimedes da Silva Santos * * as notas contextuais são da autoria de Élia Teixeira e Ana Bigotte Vieira "Há pessoas que tocam em certas coisas, as coisas avançam": Madalena Perdigão, juventude em Coimbra, Fundação Calouste Gulbenkian, experiências pedagógicas e Educação pela Arte Mediações-Revista OnLine da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal http://mediacoes.ese.ips.pt Vol. 2n.º 3-2014 < 133 > A propósito do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação Pela Arte [ACARTE] da Fundação Calouste Gulbenkian, fundado por Madalena de Azeredo Perdigãoserviço este que este ano completaria 30 anos-Ana Bigotte Vieira esteve à conversa com o psicopedagogo, investigador, Professor e grande impulsionador da Educação pela Arte, Arquimedes da Silva Santos, colaborador chegado de Madalena Perdigão em diversos projectos. Conversou-se sobre a reforma do Conservatório Nacional no início dos anos Setenta, a criação da escola de Educação pela Arte, a tentativa de reestruturação do Ensino Artístico em finais dos anos Setenta e a criação do ACARTE, com o seu Centro de Arte Infantil. Mas tudo isto parece remontar mais atrás, aos tempos em que eram estudantes em Coimbra, nos anos Quarenta. Arquimedes da Silva Santos não apenas teve o prazer de conhecer a Dr.ª Madalena Perdigão desde muito cedo, como mais tarde haveria de trabalhar com ela por diversas vezes. Não é fácil dizer a filosofia de uma pessoa de quem fui amigo e com quem trabalhei durante muito tempo… 1 Fundado em 1934 pela pianista Elisa de Sousa Pedroso, o Círculo de Cultura Musical constituiu um marco essencial na divulgação da música em Portugal. Mais informações aqui e aqui. Quando estudou em Coimbra, no início dos anos 1950, Madalena Perdigão foi Presidente do Círculo de Cultura Musical e, segundo a Conheço-a desde 1940 e qualquer coisa-de Coimbra. Ela era da Figueira da Foz, depois tirou o curso de Matemática em Coimbra... E depois também se casou por lá, com um amigo nosso, João Farinha. E, além disso era estudante de Música, era uma artista da música: estudou piano. E ainda me lembro de ela ter dado um concerto de Grieg na biblioteca da Universidade de Coimbra. A Madalena nessa altura era a representante, em Coimbra, do Círculo [de Cultura] Musical 1 que era daqui de Lisboa. E eu estava lá a estudar Medicina, formei-me lá. Nós nessa altura juntávamonos, amigos, gente interessada por essas coisas culturais e pela Música e pelo Teatro... uns da Faculdade de Letras, a estudar Filosofia, outros de outras Faculdades. Eu fiz, aliás, parte do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, do TEUC [Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra], coisas lá da mocidade… aonde Madalena também pertenceu. E o mais era a nossa vida! Convivíamos. Depois ela formou-se, eu formei-me, saí de Coimbra e durante muitos anos não convivemos. Até que por volta de 1950 e qualquer coisa, encontrámonos de passagem, e creio que nessa altura já estava numa outra situação matrimonial. própria, foi aí que tomou os primeiros riscos em termos de organização, apresentando uma ópera naquela cidade, algo que há 50 anos não acontecia (Madalena Perdigão em entrevista a Jorge Listopad, In Jornal de Letras, Artes e Ideias, 23 a 29 de Fevereiro de 1988, p.16-17).

Entrevista: Armando Malheiro da Silva

O professor português Armando Manuel Barreiros Malheiro da Silva, Livre- Docente da Universidade do Porto, Historiador, Filósofo, Arquivista e Bibliotecário, vem pesquisando sobre a Ciência da Informação e suas relações interdisciplinares há mais de 20 anos, em Portugal e em diversos países, com estreita relação com pesquisadores brasileiros. Esta entrevista foi concedida em 23 de junho de 2016, na cidade do Porto, Portugal, onde discorre mais especificamente sobre o modelo de avaliação do fluxo informacional. São abordadas questões como os paradigmas da informação, o conceito de informação e de dado, a avaliação arquivística e o Método Quadripolar.

Entrevista com Deise Lucy Oliveira Montardo

2020

Em tempos de pandemia, o contato presencial para atividades acadêmicas com professores e pesquisadores têm se tornado limitado por conta das questões de protocolos de saúde que devem ser respeitados. Diante disso, esta entrevista foi realizada em um formato diferente. A realizamos através de uma live pelo canal no YouTube da Wamon-Revista dos Alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFAM. Essa entrevista com a Professora Dra. Deise Lucy Oliveira Montardo segue algo que vem sendo realizado em números anteriores da Wamon: entrevistar professores do PPGAS/UFAM. Com isso, diante também do Dossiê Temático "Arte: Poder e Política na Amazônia" buscamos entrevistar a professora Deise Lucy Montardo por ser uma referência nos estudos da Antropologia da Arte na/sobre Amazônia. A professora Dra. Deise Lucy Montardo é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), possui mestrado em História, com habilitação em Arqueologia, pela Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul, além do doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (USP). Tem vasta experiência em estudos da antropologia, etnologia indígena, antropologia da arte, etnomusicologia, antropologia da dança, música e xamanismo. *** Marcos Alan Costa Farias: Então para começar a entrevista, professora Deise Lucy. Eu gostaria que você falasse um pouco como foi a sua inserção na antropologia. Deise Lucy Oliveira Montardo: Então, eu queria contar lá do comecinho, porque eu fiz Ciências Sociais e antes de fazer Ciências Sociais, eu entrei na Engenharia de Alimentos. Uma coisa bem pragmática na época de adolescente. Eu fui sempre muito leitora, eu lia muito. Quando eu ia morar numa cidade do interior, eu morei em várias cidades, sempre procurava a biblioteca e começava a ler, baixar os livros da biblioteca e ler. E comecei a ler as revistas também, as revistas semanais. E no final dos anos setenta se falava de uma crise que ia acontecer. E eu pensava assim: "ah, se vai ter essa crise, as pessoas vão cada vez comer mais alimentos industrializados, então eu vou fazer Engenharia de Alimentos". Entrei na Engenharia de Alimentos e quando eu estava já na graduação eu conheci uma pessoa que fazia Ciências Sociais. O namorado de uma amiga. Quando ele disse: "Eu faço Ciências Sociais, Sociologia aqui na UFSC". O meu coração quase saiu pela boca, eu lembro que foi uma coisa incrível. Eu falei: "Mas tem este curso aqui na minha universidade? Eu posso fazer isso também?" Estava já em crise com a Engenharia. Conversei com minha família e eles concordaram com a mudança de curso. Eles falaram: "Você pode trocar, o importante é ser feliz". Nas Ciências Sociais, quando entrei, foi interessada em Ciência Política, eu queria entender a sociedade, a questão política, era época da abertura política, anos 80. E nas Ciências Sociais é que eu descobri a Antropologia. Nas Ciências Sociais eu tive professores, que trabalhavam com a questão indígena, e este universo foi me fascinando. Se eu for me lembrar desde criança eu tenho fascínio pela questão indígena, mas ali na graduação em Ciências Sociais foi que eu conheci a Antropologia. Depois eu conheci a arqueologia, trabalhei 10 anos com arqueologia. Via a possibilidade de trabalhar com a história indígena de longa duração. Trabalhei no Museu de Antropologia da UFSC, com Arqueologia, e no doutorado eu fiz na Antropologia Social. Luiza Maria Fonseca Câmpera: Quais as instituições que você trabalhou até chegar hoje na UFAM? D. L. O. M.: Quando estava fazendo a graduação, logo no início, eu comecei a trabalhar, fiz um concurso público e comecei a trabalhar na universidade, eu sempre estudei e trabalhei. Trabalhei muitos anos no Museu de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina, eventualmente eu dei algumas aulas Revista dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFAM 19

Entrevista com Edgard de Assis Carvalho

Ponto-e-Vírgula

Na leitura de Conexões da Vida: uma antropologia da experiência, de 2017, destacamos o encontro e a amizade com Edgar Morin há quase três décadas...

Entrevista com Alexandra Lima da Silva.pdf

A Revista Brasileira de Educação (RBE), publicada em fluxo contínuo e digital, traz em seu volume 23 no mês de outubro de 2018 o artigo "Caminhos da liberdade: os significados da educação dos escravizados" (clique aqui para acessar o texto na íntegra). De autoria de Alexandra Lima da Silva, professora da Faculdade de Educação da UERJ, a pesquisa procura mapear a produção acadêmica existente acerca da temática e indicar a existência de muitos caminhos e possibilidades envolvendo tal educação, compreendida como uma brecha para a conquista da mobilidade, ascensão social, resistência e liberdade em tempos de escravidão. A autora também desenvolve, enquanto docente e pesquisadora da UERJ, o projeto Flores de ébano: escritas de si e História da Educação.

Entrevista com Professor Francisco Carlos Teixeira

ENTREVISTA R odeado de esculturas, pinturas, lembranças de viagens pelo mundo e livrosmuitos livros. É nesse ambiente pacífico e aconchegante que somos recebidos por Francisco Carlos Teixeira, ou simplesmente Chico Carlos. Antes mesmo de ligarmos os gravadores, a conversa já flui tranquilamente. Os temas principais são os livros, a mídia, as novas tecnologias, as fontes e o WikiLeaks -assuntos bastante caros ao criador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Apesar de estar recém-aposentado da universidade, o professor de História Contemporânea continua em atividade constante, seja pesquisando em arquivos pelo mundo (estava prestes a viajar para a Alemanha), seja participando de debates televisivos, orientando alunos ou concedendo entrevistas. Sempre perspicaz e por vezes polêmico, Chico Carlos respondeu paciente e brilhantemente às nossas questões, que com certeza esclarecerão os limites e possiblidades desse Dossiê, intitulado "Guerras, Conflitos e Tensões". Revista Cantareira (RC): Lembro-me de um livro recente que o senhor organizou e que traz um dado que o tema das guerras, especialmente da Segunda Guerra Mundial, são os temas em que há o maior número de publicações... Francisco Carlos Teixeira (FCT): A Segunda Guerra Mundial é o tema de História mais publicado no mundo, porque, enfim, os países que mais publicam livros -Rússia, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, EUA, Japão -foram duramente envolvidos. As maiores editoras do mundo estão nesses países. Além de tudo, verdadeiramente mudou o mundo. Praticamente não há país que, de uma forma direta ou indireta não tenha se envolvido na guerra. Até mesmo o Brasil, embora não tenha sido tão direta, teve impacto. Então é o tema mais publicado em História. com Francisco Carlos Teixeira POR ERIC BRASIL NEPOMUCENO & GEFFERSON RAMOS REVISTA CANTAREIRA -EDIÇÃO 17 / JUL-DEZ, 2012 143 ENTREVISTA COM FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA RC: Para os historiadores, para os estudiosos, diante desse tamanho número de publicações, a originalidade não se torna um desafio ainda maior? FCT: É. O problema da originalidade é grande, mas também tem uma coisa: como é um tema daquilo que nós chamamos do contemporâneo, o que muitas vezes é até chamada de História do tempo presente, embora aqui tenha uma discussão sobre essa temporalidade -o tempo presente -ele ainda está sobre controle de sigilo. Então na verdade, a primeira classificação dos documentos normalmente é 25 anos, depois 50 anos, alguns 80 anos, outros 100 anos. Por exemplo, estou pensando nos arquivos britânicos. Então, na verdade, a cada 20 anos você tem uma nova coleção de documentos que é colocado a disposição do historiador. E o historiador acaba revendo vários pontos. Então eu acho que até os 100 anos, os últimos documentos classificados americanos, franceses e ingleses vão ser [liberados para pesquisa] em 100 anos, então até 2039... Por exemplo, os famosos interrogatórios de Hess, por que ele pegou um avião e voo para a Inglaterra, o salto solitário de Rudolph Hess sobre a Inglaterra. Esses documentos nunca foram abertos. A cada 20 anos você ainda tem documentos novos. Mas também, quer dizer, e aí tendo dificuldade com essa coisa do documento oficial, eu continuo achando que a gente precisa ter cuidado com documento oficial, mas ainda tem uma outra coisa, quer dizer, a cada vinte anos chegou uma abordagem nova. A primeira coisa [abordagem] da Segunda Guerra Mundial que era muito o Estado e suas personalidades, de Hitler a Roosevelt, passando por

Tese André Lima

This study aims to analyze the conditions of possibility of social participation of the residents of the favelas of Manguinhos, in historical perspective, focusing on the health theme, between the years of 1993 and 2011. Social participation has been enunciated in different senses and understandings, which in this study was arbitrarily understood as a social and historical phenomenon in which individuals in their collectivities seek to interfere in the conception, planning, implementation and evaluation of public policies, both from spaces institutionalized by the Public Power and those constituted organized civil society. Considering the situation of extreme vulnerability (environmental, political, economic and social) of the population of Manguinhos and its impacts on the conditions of possibility of the collective exercise of the participation, it is argued, from this study, that some actors of the territory have left the spaces of Institutionalized participation (Council and the District Health Conference). These were aligned with the occasional participatory opportunities, mainly in the face of the evaluation of the 'costs of participation' and the time / effectiveness of solving the various problems that put at risk, not only health, but to live as a whole in Manguinhos. In this case, it is implied an acumen in the activities of social activists, evaluating and rationalizing the spaces and coping strategies to be adopted in face of the difficulties experienced, thus justifying the potential presence in certain spaces of participation, and emptying others, because They did not want to 'clap to crazy to dance!' It is also worth highlighting some of the issues raised in relation to Fiocruz's relationship with the residents of Manguinhos, which was carried out through research projects, social cooperation actions and health services (CSEGSF). The framework of historical sources was formed with the various documents as: periodicals spread by popular organizations; Articles published in newspapers of great circulation; Websites of various government agencies involved in health; Legislation and legal instruments regarding institutionalized participation and occasional participation; Manuals, reports and compendia; Oral testimony, including those filed at Casa de Oswaldo Cruz, concerning other investigations.

Entrevista: Antonio Candido de Mello e Souza

V. 34, Numero especial, 2011

ANTÔNIO CANDIDO DE MELO E SOUZA — professor-adjunto de Teoria da Literatura e Literatura Comparada do Departamento de Letras da FFLCH da USP. Durante 2 anos (1958-1959) foi professor da FFCL de Assis. Autor de: Brigada Ligeira (1945); Introdução ao Método Crítico de Silvio Romero (1945); Ficção e Con? ssão (1954); O observador literário (1954);Formação da Literatura Brasileira (1959); Tese e Antítese (1964); Presença da Literatura Brasileira(em colaboração — 1964); Parceiros do Rio Bonito (1964); Literatura e Sociedade (1965); Vários Escritos (1970) e outros. Durante todos estes anos tem publicado uma extrema quantidade de ensaios e artigos em revistas especializadas do Brasil e do exterior. Antigo redator de Folha Socialista, prestou também seus serviços ao Diário de São Paulo como crítico literário. Atualmente, como professor de pós-graduação, tem sido responsável pela orientação de inúmeras teses de mestrado e doutoramento.

Entrevista com Carlos Fiolhais

2006

Estamos no ano de 2005 a celebrar o centenário dos artigos mais importantes de Einstein. Que diziam esses artigos? Como evoluiram os resultados de Einstein? CF: Só o facto de estarmos a comemorar a obra de Einstein a nível mundial-as Nações Unidas proclamaram 2005 o Ano Mundial da Física-diz-nos que, de facto, 1905 foi um "ano milagroso". Foi para ele um ano de uma produção científica excelente, um ano vintage... Os resultados permanecem actuais. Podiam ter sido ultrapassados, mas não foram. Passados cem anos continuam válidos. Não há uma única experiência, e em física é a experiência que manda, que tenha invalidado o que Einstein afirmou há cem anos. Em primeiro lugar, explicou a natureza da luz. Foi um artigo revolucionário e importantíssimo para a teoria quântica. Propôs que a luz é formada por partículas, o que permitiu explicar o efeito fotoeléctrico. A luz ao embater num metal arranca electrões e esse fenómeno só pode ser compreendido se a luz existir sobre a forma de "pacotes" ou "quanta". Já se sabia que a luz era emitida e absorvida sob a forma de "quanta", mas Einstein disse mais: que existia nessa forma. Parece um pequeno passo para o homem mas foi um grande passo para a física. O prémio Nobel foi-lhe dado precisamente pela teoria do efeito fotoeléctrico. Em segundo lugar, Einstein revelou alguns segredos da