"Um humanista radical: Cioran ou a virtude do pessimismo". Entrevista com Carlos Javier González Serrano (2022) (original) (raw)
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Um pessimismo (mui) pouco trágico: Cioran lido por Cl. Rosset
Trata-se de contrapor e fazer dialogar duas filosofias, dois modo de pensar (o homem, a existência, a vida e a morte, o tempo) que têm muito em comum, mas cujas conclusões podem ser radicalmente divergentes: a filosofia trágica, afirmativa e aprobatória de Clément Rosset (tendo como corolário a alegria como force majeure), na linha de Nietzsche, e o pessimismo negativo de Cioran, de onde um pensamento híbrido e heterodoxo não exatamente (ou puramente) trágico — pensamento místico e metafísico-religioso que nenhum ceticismo seria capaz de anular. Aí onde Rosset afirma o puro acaso (hasard), ou seja, nada (além do acaso) a ser afirmado, como princípio de realidade e ao mesmo da alegria trágica, Cioran — pensador da transcendência e negador de sua viabilidade — afirma a necessidade (negativa), uma fatalidade, um “elán em direção ao pior” a presidir a existência. Resta uma última questão, a ser respondida pelos dois filósofos: a lucidez é compatível com a alegria?
Cioran no teatro: "Palestra sobre nada" - Entrevista com Euler Santi (2013)
Portal E.M. Cioran Brasil, 2013
Estreou em 18 de janeiro de 2013, na Casa das Rosas (São Paulo), o espetáculo dramatúrgico E.M. Cioran-Palestra sobre Nada. O monólogo de Euler Santi ficou em cartaz na Casa das Rosas até 22 de fevereiro de 2013, antes de ser apresentado em outros locais. O diretor e ator do monólogo, Euler Santi, conversou com o Portal E. M. Cioran sobre a mise-en-scène de Cioran.
O pessimismo da ideia de queda em Cioran
FREITAS, M.S. Benevides, R. O pessimismo da ideia de queda em Cioran. In: CARVALHO, C. M. et al. "IV Filosofia, Vida e Morte". São Cristóvão: Ed. dos Autores, 2024, pp. 97-110., 2024
Este trabalho visa apresentar o conceito de “queda” em Emil Cioran (1911-1995) e averiguar se dessa noção se depreende uma visão filosófica pessimista. Ainda que Cioran tenha sido recepcionado, frequentemente, como homem das letras, e mesmo que a ideia de “queda” seja por ele associada a um mito cristão, ele a examina desde um ponto de vista filosófico, o que aqui significa, simplesmente, de uma maneira refletida, não dogmática. Neste sentido, e em oposição a uma determinada vertente interpretativa, defendemos que o pessimismo que lhe é atribuído tem, em algum grau, uma base racional, filosoficamente escrutável. Diante do exposto, a partir da noção cioraniana de “queda” pretendemos destacar tanto o exercício filosófico do autor quanto as razões pelas quais poderíamos sustentar que ele transmite uma visão pessimista sobre a existência. Para tanto, apresentaremos, em primeiro lugar, as principais acepções de “queda” em Cioran, e em segundo lugar examinaremos os seus argumentos utilizados na composição desse conceito, a fim de destacar a sua lógica pessimista.
Portal E.M.Cioran/Brasil, 2019
"Numa época em que o fanatismo parece voltar à ribalta a nível mundial, o pensador romeno é um antídoto que imuniza." (Vincenzo Fiore) Nascido em 1993 em Solofra, Italia, Vincenzo Fiore se formou em filosofia pela Università degli studi di Salerno, é membro do Projeto de Pesquisa Internacional dedicado a Emil Cioran. Ocupou-se das interpretações totalitárias de Platão no ensaio Platone totalitario (Historica, 2017). Escreve para as páginas culturais do The Post Internazionale e Il Quotidiano del Sud, além de colaborar com diversas revistas. Pela Nulla Die publicou, além do livro sobre Cioran, o romance Nessun titolo (2016). Está em processo de publicação pela mesma editora, o seu exórdio literário, Io non mi vendo. (da contracapa) Sobre o livro: FIORE, Vincenzo. Emil Cioran. La filosofia come de-fascinazione e la scrittura come terapia. Piazza Armerina (En): Nulla Die, 2018, 187 pp.
Portal E. M. Cioran Brasil, 2021
FERNANDO F. OLSZEWSKI é mestrando em filosofia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, bacharel em economia pela Universidade da Dakota do Norte e bacharel em filosofia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Sua pesquisa de mestrado é sobre a influência das metafísicas dualistas gnósticas no desenvolvimento das éticas pessimistas de Schopenhauer e Cioran. Suas áreas de concentração na filosofia são: ética, filosofia da religião, filosofia da ciência e da tecnologia, filosofia política, niilismo e pessimismo. Entre os filósofos que mais incidem sobre o seu pensamento, incluem-se Sêneca, Hobbes, Hume, Kant, Schopenhauer, Peter Wessel Zapffe, Julio Cabrera e David Benatar. É autor do blog Exilado Metafísico, e do canal YouTube de mesmo nome, no qual o nosso entrevistado da vez publica textos e vídeos sobre os referidos temas e autores, inclusive Cioran.[1] Além disso, é membro do projeto Academos, uma plataforma de difusão de conteúdos filosóficos, humanísticos e literários (artigos, podcast).
"Cioran, o místico de uma era pós-Deus": Entrevista com Mirko Integlia
Portal E.M.Cioran/Brasil, 2019
Acaba de ser publicado, em inglês, um novo livro de exegese filosófica sobre Cioran - e um importantíssimo, tanto pela temática quanto pela abordagem: Atormentado por Deus: o niilismo místico de Emil Cioran (Libreria Editrice Vaticana, 2019), do filósofo e teólogo Mirko Integlia. O livro é uma minuciosa análise textual e contextual, histórico-hermenêutica, disso que o exegeta concebe como sendo o "niilismo místico" de um pensador religioso heterodoxo, de um cético-ateu "atormentado por Deus". A partir de um horizonte hermenêutico habilmente agenciado, Mirko Integlia empreende uma exegese crítica, erudita e conceitualmente rigorosa do "pensamento insuportável" de Cioran, como o qualificou João Maurício Barreiros Brás, ultrapassando a antessala do seu pensamento, indo além de certa "platitude"-senso-comum em matéria de exegese cioraniana-que tende a ver no autor do Breviário de decomposição (1949) um filósofo ou pensador trágico tout court, na linha de Nietzsche: cético ou pessimista, cínico ou niilista, em todo caso, nada além de um pensador secular, resolutamente instalado nos limites familiares e seguros de uma racionalidade da pura imanência, sem nenhuma vontade (ou necessidade) de transcendência (muito embora falida, ou abortada), sem nenhum alcance metafísico, sem nenhum pathos místico, sem nenhum drama religioso... Eis o reducionismo posto em questão pelo livro de Mirko Integlia: o drama religioso sem a fé não se reduzindo a uma experiência episódica, passageira e passada, localizada em seus anos insones de juventude, e sendo inviável reduzir o pensamento-ambivalente, paradoxal-de Cioran a um dos opostos na série de categorias e noções antitéticas que o constituem, o mais razoável seria conjugar, e tentar sintetizar (sempre na tensão), como faz Mirko Integlia, os opostos inconciliáveis (se é que são opostos, se é que são inconciliáveis). Assim, pois: niilismo místico (ou, inversamente, dir-se-ia mística niilista), o pensamento abismal de um cético com a paixão do Absoluto, de um ateo credente che spiava Dio, como o caracterizou o cardeal Gianfranco Ravasi.
Portal E.M. Cioran Brasil, 2012
Nascido em São Paulo numa família de origens russa e italiana, Fernando Klabin viveu durante muitos anos na Romênia, onde graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Bucareste. Nos últimos quinze anos, Klabin tem enriquecido o mercado editorial brasileiro com traduções de obras do inglês, do alemão e especialmente do romeno. Ele traduziu, diretamente do romeno, o primeiro livro de Cioran, Nos cumes do desespero (1934), também o primeiro, no conjunto de seus livros romenos, a ser publicado no Brasil, com tradução direta do original. Do romeno, Klabin traduziu também As seis doenças do espírito contemporâneo, de Constantin Noica, e Senhorita Cristina (Tordesilhas, 2011), romance de Mircea Eliade que fora censurado à época de sua publicação, por ser considerado “imoral” (o que levaria Cioran a sair em defesa do colega, num panfleto intitulado “O crime dos velhacos”). Além de tradutor, Fernando Klabin é ator, guia turístico especializado na cultura e história da Romênia, escritor e artista plástico. https://portalcioranbr.wordpress.com/2016/10/29/entrevista-fernando-klabin-traducao/
Cioran e O Ceticismo Na Política
2018
Seriamos nos humanos, animais naturalmente condicionados a idolatria? Essa questao sera o centro da reflexao proposta neste estudo. Diante dessa dificuldade, tentaremos refletir a luz do pensamento do filosofo romeno Emil Cioran que, por meio de um pensamento marcado por um profundo “pessimismo cosmico, fatalismo e niilismo” exerce uma critica radical aquilo que veio a chamar de “ilusoes e miragens”, comuns as ideologias de nosso tempo. Descrente da racionalidade moderna e suas pretensoes de construcao de um mundo perfeito pretende mostrar que essa invasao cientificista as fronteiras dos assuntos humanos, se converteu em tiranias epistemicas e em seguida, em tiranias praticas, capazes dos mais devastadores autoritarismos em nome de seus devaneios ideologicos.
E. M. Cioran, Jonathan Swift e o "grotesco cor-de-rosa": entrevista com Paolo Vanini
Portal E. M. Cioran Brasil , 2021
Paolo Vanini é professor adjunto de história da filosofia na Università di Trento, onde também integra um projeto de pesquisa dedicado a Cioran. Atualmente se ocupa da relação entre utopia, ceticismo e humorismo entre o Renascimento e o século XX. Tem publicado artigos sobre autores como Thomas Morus, Erasmo de Rotterdam, Jonathan Swift, Pirandello e Bergson. Paolo Vanini é o autor de Cioran e l’utopia: prospettive del grottesco (Mimesis, 2018), uma exegese filosófica excepcional que prima pela originalidade e pela força persuasiva humorística, num instigante diálogo com Platão e os Sofistas, Marcilio Ficino e outros autores renascentistas, Montaigne, Swift, Baudelaire, Fondane, Bergson, Simmel, entre outras figuras circunscritas no horizonte hermenêutico cioraniano, da Antiguidade à Modernidade.
Roger Scruton - As Vantagens Do Pessimismo. E O Perigo Da Falsa Esperança
Utilizando uma argumentação provocadora e apaixonada, Scruton defende nesse livro a ideia de que o maior perigo e a maior ameaça vieram sempre dos que defenderam o idealismo e o otimismo, fossem eles de esquerda ou de direita. E que chegou o momento de substituir a exuberância irracional pelo pessimismo humano. Scruton demonstra que as tragédias e os desastres da história europeia foram consequência do falso otimismo e dos raciocínios enganosos que daí derivam. Enquanto rejeita tais raciocínios, constrói uma forte defesa tanto da sociedade civil como da liberdade, mostrando que o verdadeiro legado civilizacional não é o falso idealismo que, junto com o fascismo, o nazismo e o comunismo, quase nos destruiu. Deve-se, isso sim, proteger a cultura do perdão e da ironia. As vantagens do pessimismo é um convincente argumento em favor da razão e da responsabilidade, escrito numa época de profundas mudanças políticas e sociais.