“Tiro Não O Mata, Fogo Não O Queima, Água Não O Afoga”: As Refigurações De Macobeba No Modernismo Brasileiro (original) (raw)
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As ressonâncias de Manuel Bandeira (e do Modernismo brasileiro) em Jorge Barbosa
Universidade Federal de Minas Gerais, 2010
... Guimarães, Welington Ramos. B238.Yg-r As ressonâncias de Manuel Bandeira (e do Modernismo brasileiro) em Jorge Barbosa [manuscrito] / Welington Ramos Guimarães. 2010. ... manhã (1936);Lira dos cinqüent'anos (1940); Belo belo (1948); Estrela da vida inteira (1966). ...
Rubem Fonseca e O Pós-Modernismo Literário Brasileiro
Signótica, 2009
Este ensaio analisa a produção mais recente do escritor Rubem Fonseca sob o viés da estética pós-modernista. Partindo de um panorama sobre a cultura brasileira da década de 1980, identifica-se tanto nos romances como nos contos de Fonseca a vocação para um cosmopolitismo pós-modernista em que predomina a adoção de modelos metropolitanos. PALAVRAS-CHAVE: Pós-modernismo, cosmopolitismo, cultura urbana, literatura brasileira, estética contemporânea, estudos culturais.
A VANGUARDA INCÔMODA: A RESISTÊNCIA AO MODERNO NA ARQUITETURA BRASILEIRA
O TEOR PROMETÉICO DA ARQUITETURA DE VANGUARDA São examinados neste texto aspectos da resistência à arquitetura moderna nos primórdios de seu advento, resistência que não ocorreu apenas no Brasil. Embora a historiografia engajada se omita a respeito, a arquitetura de vanguarda nunca foi exatamente uma unanimidade, mesmo depois de sua difusão e de sua consolidação como estilo institucional da arquitetura por cerca de sessenta anos. Com efeito, a contestação do dogma modernista era uma reação previsível, pois era uma iniciativa que propunha uma ruptura numa tradição construtiva que evoluía desde o século XIX, formando um componente definido na cultura ocidental. Bruno Zevi refere-se à essa arquitetura como "polêmica antítese do Neoclassicismo (Zevi, 1978:11)". A condição de antítese polêmica significa um animus belli em relação ao convencional, e é natural que os defensores deste se colocassem na posição de contraataque. Na esfera do ensino da arquitetura, esse contra-ataque foi ignorado e omitido assim que o dogma modernista conquistou os corações e as mentes de professores e alunos; a partir de um certo momento, como sintetiza Anatole Kopp, "[...] o moderno não foi para eles um estilo, mas uma causa... (Kopp, 1990:24)." Assim, consideravase lícito ignorar as vozes discordantes, ou mesmo fingir que elas não existiam. Mas elas existiam. Neste ponto, cabe uma discreta referência a José Marianno Filho, que foi, no âmbito nacional, um dos primeiros a reagir contra o dogma modernista, mesmo que sua crítica não fosse exatamente revisionista (Marianno F°, 1943). Nos Estados Unidos, onde Walter Gropius e os ex-bauhausianos foram calorosamente acolhidos, houve, nas décadas de 1930 e 1940, uma resistência à arquitetura de vanguarda. Poucos aderiram de imediato à nova escola; de fato, "apenas os de mente mais aberta entre os arquitetos mais velhos estavam de todo convencidos. Os demais, ainda amargurados pela depressão econômica, estavam céticos, ou francamente hostis (Mock, 1944:13)". Na América do Norte, a oposição mais renhida ao modernismo veio não dos tradicionalistas, adeptos do estilo "Beaux-Arts", mas dos vitoriosos arquitetos que produziam a versão nativa do Modernismo, que tinha seus antecedentes no Racionalismo Acadêmico, na Exposição de Arte Decorativa de Paris de 1925 e, em menor escala, nas escolas de Viena e Amsterdam.
Amazônia e Modernismo: Mário De Andrade “Fora De Si”
ContraCorrente: Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, 2017
Tanto os diários da viagem de Mário de Andrade à Amazônia de 1927, publicados sob o título Turista Aprendiz, quanto uma parcela das fotografias da mesma viagem, a maior parte das quais tiradas pelo próprio escritor, conjugam elementos ensaísticos complexos. Sua natureza verbo-imagética ilumina embates contemporâneos sobre as relações entre o local e o global, assim como o literário e o não-literário. Estas anotações exploram essa produção dupla do escritor no momento em que vanguardas e modernistas gestavam novas expressões do eu e da brasilidade em medidas sincrônicas de tempo.
A Redescoberta De Debret No Brasil Modernista
Educação & Sociedade, 2016
e hoje estamos acostumados a ouvir falar de Jean-Baptiste Debret como pintor que retratou cenas do Brasil oitocentista e cujas telas trazem imagens dentre as mais famosas do período, reproduzidas atualmente ao ponto de se destacarem das paredes dos museus para comparecerem até em mercadorias, isso se deve a um momento preciso de sua "redescoberta" na primeira metade do século XX, período em que foi retirado de certo ostracismo que marcara sua obra até então. Um outro modo de dizer isso é reconhecer a existência de movimentos sucessivos interessados na obra de Debret, capazes de mobilizar os meios necessários para o resgate, reconhecimento e consagração, ainda que a posteriori, e agora de modo mais genérico, de uma obra de arte. O livro de Anderson Ricardo Trevisan, mais do que perseguir os caminhos que levaram a essa valorização de Debret, na verdade os constrói, porque se interessa pelo mapeamento minucioso de uma trajetória que até então não estava esclarecida.
Macunaíma de Andrade, de Arlindo Daibert: da Antropofagia Modernista ao Açougue Brasil
Estudos Universitários
Em A angústia da influência, Harold Bloom (1991) afirma que “os poetas fortes leem apenas a si mesmos”. Isto significa que, indelevelmente confinados em seus próprios horizontes de expectativas, estão fadados a ler continuamente a própria obra, dispersa numa incrível multiplicidade de livros e referências. Essa concepção reafirma a importância da leitura, mostrando como é possível, para o sujeito, encontrar nos outros as promessas das quais ele mesmo pode vir a ser uma realização. Desse conceito também resulta, provavelmente, a dedicatória ao leitor escrita por Jorge Luis Borges (1998, p. 13): “Se as páginas deste livro consentem algum verso feliz, perdoe-me o leitor a descortesia de tê-lo usurpado previamente. É trivial e fortuita a circunstância de que sejas tu o leitor destes exercícios e eu o redator deles”. Este artigo pretende comentar os percursos antropofágicos e intersemióticos do artista juiz-forano Arlindo Daibert (1952-1993), através de uma breve análise de três momentos...
O Estilo Modernista à luz da “necessidade” e da “inocência”
TRÁGICA: Estudos de Filosofia da Imanência, 2016
Resumo: Quando de suas primeiras reflexões sobre os gregos, Nietzsche concluiu que o aspecto formal das esculturas pré-helênicas revelava desejo de eternidade ou "otimismo". Nesse artigo irei aproximar essas reflexões ao estilo que ficou conhecido entre nós como "Modernista", haja vista algumas similaridades formais. Pretendo argumentar que esse estilo teve caráter de "necessidade", todavia uma necessidade que não encontrou paralelo nos ideais dos seus criadores e críticos. Entendê-lo como "necessário" levará à constatação de sua "inocência". Com esses argumentos pretendo questionar o modo como a "Pós-modernidade", ao referir-se ao "Modernismo" como algo a ser "corrigido", desconsidera seu caráter "necessário", negando-lhe a "inocência".
O Modernismo Notas para uma Reinterpretacao
O Modernismo: uma introdução crítica e histórica — notas para uma reinterpretação Todas as interpretações de carácter histórico que, ao longo do tempo, e mais em particular nas quatro últimas décadas, têm vindo a filiar na possibilidade de um qualquer ideário Modernista coerente aquele conjunto heteróclito de artistas portugueses do início do século xx e as respectivas exposições, em que apenas se fez sentir um lampejo, fosse ele débil, de esforço modernizante — e que, na sua maioria, apenas tentaram forjar, por vezes quase ingenuamente, um Impressionismo à portuguesa, como se depreende das obras que restaram, e que se podem hoje ver nas colecções existentes — estão destinadas a desentender o essencial. A saber, que o Modernismo português, se o houve — e creio que sim, como tentarei demonstrar adiante — se desenhou por outra via, por outras latitudes e, sobretudo, em outras obras e momentos singulares, que é necessário e urgente ir reencontrar como os eventuais protagonistas de um tal programa. Até para que o termo ganhe, entre nós, um sentido próprio. Foi José-Augusto França — historiador a vários títulos notável, cuja obra e trabalho nos devem merecer o maior respeito intelectual, mesmo quando o lemos em total divergência — quem, com maior responsabilidade, proporcional à influência que de facto exerceu, quer como crítico e historiador, quer como académico, forjou e defendeu, como se fosse evidente em si mesma, a interpretação que proclamou a existência não apenas de um, mas de três (ou de três gerações dele!) Modernismos.1 E nesse desentendimento — que no essencial foi confundindo o eclodir do Modernismo com o surgir tímido de um 'espírito modernizante', o que 1 A Arte em Portugal no Século xx, ed. Bertrand Editores, Lisboa, 1974.
Sujeito nomofobico, o ciborgue contemporâneo
Revista Temática, 2022
Este trabalho tem por objetivo analisar as relações de uso e dependência entre meios de comunicação tecnológicos e o sujeito. Analisamos especificamente a nomofobia, o medo irracional de ficar sem o telefone celular ou ser incapaz de usar o telefone por algum motivo, como a ausência de sinal, o término do pacote de dados ou a carga da bateria. Como método, adotamos a abordagem teórica com base em estudos bibliográficos que permeiam a comunicação, o uso de smartphones, distúrbios inerentes à dependência tecnológica e a concepção da tecnologia como parte integrante do sujeito. Concluímos que o sujeito nomofóbico é uma espécie de ciborgue conectado a um smartphone e disso decorrem problemas bastante contemporâneos referentes às relações humanas, sociais e psicológicas, assim como às formas de interação/dependência dos sujeitos.