Desinstitucionalização em saúde mental e práticas de cuidado no contexto do serviço residencial terapêutico De-institutionalization of mental health and care practices in the context of home-based care (original) (raw)

Desinstitucionalização em saúde mental e práticas de cuidado no contexto do serviço residencial terapêutico

Ciencia & Saude Coletiva, 2009

In Brazil, the home-based care services (HCS) are considered strategic and essential in the de-institutionalization process of patients who passed years in psychiatric hospitals and lost their family and social links. However, this service faces a series of problems and challenges in the wider context of health care. This article seeks to analyze some of these problems and challenges based on the experience of the home-based care service in Natal RN and on the literature in this field. Proposed on the basis of the idea that the encounters between insanity and city are potent destructors of the " asylum logic" , these home-based care services put in question the current healthcare model, claiming to destruct the rigid and hegemonic forms of residence and care. The aim of this article is to discuss this " asylum logic" that surpasses the limits of the concrete insane asylum penetrating some daily practices of the substitute services, taking advantage of the weak articulation between the mental health services. The lack of a strong connection between the home-based care service and the psychosocial care center allows this logic to operate through day-by-day bio-political devices. Thus, we discuss the risks of this logic taking over and indicate some possibilities of avoiding this, defending a care model allowing for potent meetings with the city and for the construction of " affectionate networks" producing life and liberty.

O Serviço Residencial Terapêutico: cartografias de um híbrido no contexto da desinstitucionalização em saúde mental

O Serviço Residencial Terapêutico: cartografias de …, 2008

À professora Dra. Magda Dimenstein, amiga bruxa, nômade intercessora, mulher forte, orientadora apaixonada, por todos esses híbridos que é, por ter me deixado chegar e ficar junto e, assim, ter operado tantos desvios na minha vida, ampliando seus sentidos e por acreditar neste projeto como o projeto de "uma vida" e torná-lo possível e potente. Às professoras Dra. Roberta Romagnoli e Dra. Simone Paulon, minhas intercessoras mineira e gaúcha, respectivamente, pela alegria dos bons encontros, pela inspiração em seus trabalhos no campo da saúde mental e pela carinhosa, cuidadosa e rigorosa leitura desta tese, cujas contribuições foram valiosas e indispensáveis ao exercício cartográfico nesta escrita. Ao professor Dr. Artur Perrusi, pela disponibilidade e generosidade em ler este trabalho, em diferentes momentos, trazendo sempre valiosas contribuições. À Dra. Liège Uchoa, pelas informações cedidas, pela generosa atenção que sempre nos presta, pelo importante trabalho que vem realizando em nosso Estado no campo da saúde mental e pela disponibilidade em ler este trabalho. À professora Dra. Maria Aparecida Dias, pelo acolhimento e disponibilidade em ler esta tese e por estar amiga e ternamente comigo muito além dela. Aos professores Dr. José Ricardo Ayres e Dr. Ricardo Teixeira, pelos bons encontros e pelas valiosas "missões" aqui em Natal que muito contribuíram para as idéias que aqui apresentamos. Aos moradores do SRT de Natal, por me deixarem entrar em sua casa, pela acolhida e pela vida potente e resistente que motiva este trabalho. À equipe de cuidadores do SRT Natal, pela confiança em me deixarem conhecer o seu trabalho, por acolher a minha companhia, pelos bons encontros, pelos risos, pela delicadeza e pelo compromisso com o trabalho de cuidar, que tanto me ensinaram. Aos gestores e técnicos da saúde mental de Natal, em especial à Maria do Carmo e à Conceição Valença, pelas informações cedidas, pela atenção e disponibilidade em acolher este projeto, pelos convites em participar das discussões junto aos serviços, grande fonte de pensamento e aprendizagem e pelo compromisso com que desenvolvem suas ações fazendo-nos acreditar na potência de transformação neste campo. Ao meu marido Carlos Henrique, meu amor, meu companheiro de vida, por acreditar neste meu trabalho como um projeto de vida, por suportar minhas ausências e dores e pela maravilhosa e admirável capacidade de me fazer rir nos momentos em que a alegria é absolutamente necessária. À minha filha Gabi, minha estrela dançante, por chegar a minha vida como portadora de tanta alegria e força, me potencializando todo dia a inventar (n) a vida. Aos meus pais, pelo amor, pela dedicação da vida inteira, pela fé em mais este projeto da minha vida, por construírem um "em casa" cheio de alegria, por me VI revelarem o prazer dos livros e do campo "psi" e por me ensinarem que a potência da vida está na delicadeza dos bons encontros. Ao meu irmão Luciano, pelos prazerosos encontros, por sua mansidão invejável, pela admirável solidariedade e amizade com que sempre posso contar. Ao meu "Quinho", irmão dessa e de outras vidas, pela amizade, pela maravilhosa cumplicidade, por compartilhar comigo as alegrias do pensar e por sua militância política em favor dos "desejos de mundo". À Sônia ("Inha"), meu anjo da guarda, pela companhia e pela dedicação com que cuida da minha família e da minha casa, tornando meu trabalho possível. Ao meu amigo Jader, grande companheiro neste doutoramento, com quem tive a alegria de trilhar o nomadismo dentro e fora da academia, por ser a pessoa mais generosa e divertida que conheço e por saber, como poucos, realizar o exercício político da amizade. Ao meu amigo Alex, grande intercessor nas trilhas da vida e da saúde mental, pela presença gentil e carinhosa de sempre, pela feição e escuta rigorosa das idéias e pela potência das máquinas de guerra que erigimos juntos. Ao meu amigo João Paulo, companheiro recente e intercessor potente, pelas indispensáveis "coberturas", pelos bons encontros, pela presença sempre amiga, alegre e acolhedora. Aos amigos "lapianos lapidados", Cida, Conceição e Carlinhos, pelo prazer de tê-los como colegas de trabalho, pelas alegrias da vida compartilhadas, pela força e apoio, pelos maravilhosos encontros. À Sâmela (e também à Soraya), essa mulher híbrida, forte, inteligente e extremamente sedutora, por compartilhar comigo as dores e alegrias de muitas realizações, pelo prazer de pensar junto e por acreditar que a vida sempre pode mais. À Roberta e Cândida, minhas queridas "chefinhas", pelo apoio, carinho e compreensão nesse tempo em que fui mãe-doutoranda-professora e não pude estar tão presente como gostaria; pela competência e seriedade com que constroem uma formação em Psicologia consistente. À Pompéia, Eliana e Silvia Fernanda, grandes amigas na vida, pela interlocução sempre potente e possível, pela presença indispensável nos momentos mais importantes da minha vida e por compartilharem comigo esse gosto vital pela vida acadêmica. Aos amigos da base de pesquisa, pelas alegrias, sugestões e críticas tão valiosas. Aos amigos queridos da UnP, professores e alunos companheiros de jornada, por fazerem da Universidade um lugar de vida prazerosa em que é possível uma formação em Psicologia diferente, pelo apoio e incentivo constantes. Aos amigos e familiares pernambucanos pelo apoio e torcida mesmo à distância.

Problematizando o cuidado em saúde mental: a profissionalização do care a partir dos serviços residenciais terapêuticos

Vértices (Campos dos Goytacazes), 2015

O presente artigo pretende apresentar o modo de operar o care nas práticas das residências terapêuticas. Busca retratar a influência da experiência da reforma psiquiátrica democrática italiana na realidade brasileira, destacando as dimensões interventivas e os serviços substitutivos construídos. Aponta as diretrizes e estratégias constituídas para a promoção do cuidado da pessoa em sofrimento psíquico no processo de desinstitucionalização, além de abordar e trazer para o debate a profissionalização e a atuação das cuidadoras nos serviços residenciais terapêuticos. Nesse sentido, retrata, por meio de revisão bibliográfica, alguns questionamentos para se pensar os caminhos traçados na construção e constituição do fazer profissional dos cuidadores em saúde mental.

Residência Terapêutica e Prática Diária De Moradores Desinstitucionalizados: Sob a Ótica De Cuidadores / Therapeutic Residence and Daily Practice of Uninstitutionalized Residents: Under Careers 'Views

Brazilian Journal of Development, 2020

Compreender as experiências dos cuidadores de residência terapêutica e verificar a rotina e os cuidados prestados a esses moradores, bem como identificar a influência dos cuidadores nas relações sociais e adaptativas nas atividades de vida diária dos moradores. Método: Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa, realizado com 11 cuidadores de residência terapêutica de um município do interior paulista, por meio de questionário semiestruturado. Os dados foram analisados segundo passos descritos pela análise de conteúdo proposta por Bardin. Resultados: Emergiram dos dados três temas principais: A) cuidados gerais e rotina dos moradores; e B) Processo de desinstitucionalização; e C) Processo de reinserção e reintegração na sociedade. Com base nas análises dos três temas e Doze subtemas evidenciou-se nesta pesquisa, que as experiências dos profissionais da Residência terapêutica possibilitam interpretar as dificuldades vivenciadas pelos moradores no seu cotidiano, visto que a maioria dos moradores já idosos, dependentes de cuidados parciais e integrais por parte dos profissionais que nela atuam e não estão aptos a terem uma vida social sozinhos, sem auxílio de cuidadores. Considerações finais: A rotina dos moradores e trabalhadores das residências é marcada por aproximações e distanciamentos, visando um trabalho que pode propiciar a autonomia dos mesmos. Diante da pandemia de Covid-19, diversas atividades foram suspensas, impactando ainda mais neste distanciamento. As concepções relacionadas ao processo de reinserção podem refletir sobre o trabalho e influenciar positiva ou negativamente as ações dos cuidadores nas relações sociais e adaptativas nas atividades diárias dos moradores.

Desinstitucionalização dos cuidados a pessoas com transtornos mentais na atenção básica: aportes para a implementação de ações / De-institutionalization of care for people with mental disorders within primary healthcare settings: contributions towards implementation of actions

Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 2009

Abstract: This paper starts from current interest in linkages between mental healthcare and primary care. After a brief historical and conceptual synthesis of this field, operational issues relating to de-institutionalization of care for people with mental disorders within primary healthcare settings are discussed. From analysis of some studies and experiences, the fundamental components for advancing in this direction are then highlighted: (1) development of communication processes that aim towards enhancing professional skills; (2) overcoming of the centralization around actions restricted to traditional settings; (3) maintenance of continual questioning regarding the risk of psychiatrization of mental healthcare; (4) overcoming of conceptions that place blame on family groups; and (5) investment in training for primary healthcare teams for the multiple dimensions of mental healthcare. Thus, some possible paths and directions for designing mental healthcare actions within primary care from a perspective away from the loony bin approach are pointed out. Resumo: Parte-se do interesse dispensado contemporaneamente às articulações entre saúde mental e atenção básica. Após uma breve síntese histórica e conceitual neste campo, discutem-se aspectos operativos da desinstitucionalização dos cuidados a pessoas com transtornos mentais na atenção básica. Com a análise de alguns estudos e experiências são destacados, a seguir, componentes fundamentais para avançar neste sentido: (1) desenvolver processos de comunicação que visem ampliar a legibilidade profissional, (2) superar a centralização em ações restritas aos enquadres tradicionais, (3) manter questionamento permanente com relação ao risco de psiquiatrização do cuidado em saúde mental, (4) superar concepções culpabilizantes do grupo familiar, e (5) investir na formação das equipes de atenção básica para as múltiplas dimensões do cuidado em saúde mental. Apontam-se, desta forma, alguns caminhos e direções possíveis para o desenho de ações de saúde mental na atenção básica que tenham, no horizonte, a perspectiva antimanicomial.

Modos de autonomia em Serviços Residenciais Terapêuticos e sua relação com estratégias de desinstitucionalização

2022

Modos de autonomia em Serviços Residenciais Terapêuticos e sua relação com estratégias de desinstitucionalização Deinstitutionalization and autonomy: outcomes from a Brazilian mental health policy Resumo Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) são dispositivos implantados no âmbito da Reforma Psiquiátrica brasileira para apoiar a desinstitucionalização psiquiátrica. Esta pesquisa objetivou comparar as formas de autonomia desenvolvidas por moradores de SRTs de dois municípios da Bahia, analisando sua relação com as estratégias de desinstitucionalização construídas em cada território. Participaram 19 indivíduos dos municípios referidos pelos pseudônimos Paulo Delgado (PD) e Franco Basaglia (FB). Foram realizadas visitas para observação participante e entrevistas com cinco gestores e profissionais das redes de atenção psicossocial. Registros em diários de campo e transcrições de entrevistas subsidiaram a construção de narrativas. Todos os participantes ampliaram o grau de autonomia em relação ao período em que saíram das instituições asilares. As formas de organização dos SRTs nos dois municípios produziram diferentes modos de exercer autonomia: em PD predominou a autonomia no habitar, enquanto em FB predominou a autonomia no transitar pelo território. Em ambos, a autonomia na administração de recursos financeiros foi limitada. Consideramos que as políticas públicas para desinstitucionalização foram efetivas, embora sua operacionalização possa ser aprimorada. Palavras-chave Desinstitucionalização, Saúde mental, Narração, Avaliação de programas e projetos de saúde Abstract Therapeutic Residential Services (SRT, in Portuguese) are structures implemented in the context of the Brazilian Psychiatric Reform (BPR), which aims to support psychiatric deinstitutionalization. This paper compares residents of SRTs in two cities in Brazil, analyzing the relationship among the deinstitutionalization strategies and the different types of autonomy they produce. Nineteen individuals from two cities (referred to as Paulo Delgado-PB and Franco Basaglia-FB) participated in this study. Participant observation visits were performed, and five managers and professionals who worked at the psychosocial care networks were interviewed. Narratives were created based on the field diaries and the transcription of the interviews. All the participants raised their degree of autonomy, when compared to the time in which they lived in the psychiatric hospitals. The different ways in which SRTs are organized in both cities produced different manners of exercising autonomy: in PD, home autonomy predominated, while in FB, autonomy in circulating throughout the territory predominated. In both cities, autonomy in managing financial resources was restricted. It was concluded that public policies for deinstitutionalization were effective, although their operationalization could be enhanced.

Serviços Residenciais Terapêuticos como instrumentos de mudança nas concepções sobre saúde mental / The Sheltered Homes as instruments of change in the mental health care

Argumentum, 2018

Os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) são uma importante estratégia de inclusão de pessoas com transtornos mentais na cidade. Nas últimas décadas, no Brasil, tem sido estimulada a criação desses serviços como forma de concretizar os ideais do movimento da Reforma Psiquiátrica, cuja contestação ao modelo asilar representado pelo hospital psiquiátrico implicou no surgimento dos serviços substitutivos. Este estudo discutiu a implementação dos SRT em Belo Horizonte e problematizou as interações sociais entre os vizinhos e os moradores dessas casas e suas percepções sobre os transtornos mentais, a partir de 60 entrevistas. Concluiu-se que esse serviço tem extrema relevância e que os atores envolvidos devem promover a integração dos moradores com a vizinhança. Além disso, o ritmo de instalação dos SRT é lento e insuficiente, se considerada a necessidade e sua potência terapêutica.

Reforma Psiquiátrica E Serviços Residenciais Terapêuticos

J. bras. psiquiatr

1 Faculdade de Medicina de Barbacena; Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena; Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG). 2 Laboratório de Pesquisa em Saúde Mental da Universidade Federal de São João Del Rei. 3 Faculdade de Medicina da ...