Criolo e comunidade LGBTQIA+ entre controvérsias e alianças: uma análise do projeto "Etérea" (original) (raw)

O objetivo do artigo é investigar o projeto audiovisual "Etérea", do rapper Criolo, à luz das controvérsias do artista com a comunidade LGBTQIA+. Desta maneira, nossa aposta é que este projeto - constituído por videoclipe e documentário - torna-se profícuo para refletirmos sobre como alianças performativas interseccionais podem ser construídas e materializadas no complexo ambiente das redes digitais. A fim de operacionalizar a análise proposta, lançaremos um olhar por sobre a trajetória artística de Criolo, atentos às controvérsias envolvendo a sua performance midiática e a comunidade LGBTQIA+ no decorrer dos últimos anos, a partir de entrevistas e matérias da mídia sobre o artista. Em seguida analisaremos o projeto "Etérea", tendo como premissa que este trabalho busca uma aliança (BUTLER, 2018) entre masculinidades e sexualidades normativas-características marcantes do ambiente performático vinculado ao gênero rap e da construção midiática de Criolo-e o movimento LGBTQIA+, através da exibição e valorização de corpos dissidentes. A fundamentação teórica que sustentará a análise levará em consideração o conceito de performance (FRITH, 1996; GUTMANN, 2021; SOARES, 2013; TAYLOR, 2013; SCHECHNER, 2009) e a centralidade que tais estudos atribuem ao corpo na produção de sentido das audiovisualidades musicais em rede. Ao analisarmos tais corpos e sua presença nas audiovisualidades musicais enredadas pelo ecossistema das plataformas digitais (VAN DIJCK, 2013), apostamos que tais ambiências funcionam como espaços (imateriais) de aparecimento político, nos termos de Judith Butler (2018).