Um possível diálogo entre a Escola dos Annales & a análise de conteúdo em pesquisas históricas (original) (raw)
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A escrita da história, nos últimos quarenta anos, tem visto ascender, no horizonte ocidental, uma generosa preocupação para com novos paradigmas e novas abordagens que são comumente tratados como emergentes. A ânsia historiográfica na busca de novas (e na releitura de antigas) temáticas que não se resumam a repetir o " realismo ingênuo dos positivistas " ou a " pretensa objetividade marxista " 1 demonstra o quanto a disciplina de História passa gradativamente a rejeitar certezas absolutas, fatos miméticos e consumados, além de não mais apoiar-se, de modo predominante, em estruturas econômicas que venham a tender ao saber histórico quantitativo. Os compassos que demarcam boa parte dos ritmos historiográficos atuais vivem de novas melodias: dos discursos às atitudes mentais, dos hábitos e das práticas culturais à hermenêutica, da representação aos micro-acontecimentos, passando de perto pela noção de verossimilhança. Todas estas, entre outras, compõem características investigativas básicas dos mais significativos paradigmas emergentes 2 da História. Mas algumas temáticas permaneceram, mesmo com tanta renovação, ao julgo de leituras e interpretações ainda tradicionais. Parece-me que o quadro de mudança paradigmática na disciplina não foi suficientemente espaçoso para caber tantas possibilidades interdisciplinares aspirantes na historiografia. Com força mediana nos anos 1970 e substancialmente maior nas décadas seguintes, várias temáticas receberam uma atenção historiográfica relevante no que diz respeito às abordagens utilizadas para estudá-las enquanto foco de representação ou análise de um cotidiano em determinadas temporalidades. Ou seja, várias temáticas 1 ARANHA, 2004. 2 Para todos os efeitos, deveríamos incrementar esta nota de rodapé com uma apresentação e uma rápida explicação dos paradigmas emergentes que compõem a atual historiografia, mas preferimos nos limitar a pedir paciência ao leitor, pois mais adiante faremos isso ao longo do texto.
“Do ponto de vista dos nossos Annales”
História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography
Neste artigo, propõe-se investigar a inserção da revista dos Annales, em suas décadas iniciais, na área nascente da história econômica e social, sublinhando-se as especificidades da intervenção do periódico nesse domínio disciplinar em vias de consolidação. Argumenta-se que, apesar de as ideias que veiculam não serem, em 1929, inéditas, Marc Bloch e Lucien Febvre logram, nas páginas da revista, produzir um modo de enunciação distinto de sua especialidade disciplinar, que se demonstraria mais eficaz do que os projetos concorrentes propostos por nomes destacados como Henri Sée e Henri Hauser. Para isso, procede-se tanto à exposição dessas propostas concorrentes quanto à análise verticalizada dos usos feitos, na seção crítica dos Annales d’Histoire Économique et Sociale, do rótulo “histórica econômica e social”. Busca-se, assim, investigar as especificidades desses usos, articulando-as às condições objetivas de sua formulação e avaliando seus efeitos na disputa dessa especialidade por ...
Confabulação sobre Análise de Conteúdo como Técnica de Análise da História Oral
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, 2020
Na obra “Análise de conteúdo”, Laurence Bardin aborda aspectos da construção da pesquisa científica que vão desde o levantamento histórico acerca de técnicas e análises utilizadas na análise do conteúdo ao longo dos anos, até a proposta de um método de investigação que, de fato, possa ser operacionalizado pelos diversos pesquisadores das ciências humanas, quais sejam psicólogos, sociólogos, linguistas, jornalistas e historiadores. No que se refere aos historiadores, a análise do conteúdo e a análise documental propostas por Laurence Bardin podem proporcionar importantes reflexões para a construção da pesquisa histórica. Nesse sentido, o presente artigo busca refletir sobre as possibilidades de discussões e metodologias que as considerações da referida autora proporcionam aos pesquisadores que se utilizaram (utilizam) de fontes da chamada História Oral, na construção da sua narrativa histórica. Diante desses objetivos, optamos por apresentar inicialmente as considerações da autora em...
O ENSINO DE HISTÓRIA SOB O VIÉS DO ANARQUISMO: É POSSÍVEL?
Essa comunicação tem como base discutir a possibilidade de pensar o Ensino de História sob o viés do Anarquismo. O que é possível fazermos para que o fenômeno de ensino desse tipo ocorra, se é que isso é realmente possível? Para iniciarmos esse debate primeiro faremos o diálogo com o capítulo chamado A História Na Visão de Anarquistas do livro História Por Anarquistas, para depois refletirmos a realidade desse processo em Sala de Aula da Educação Básica na disciplina de História.