Reality shows e voyeurismo: um estudo sobre os vícios da pós-modernidade (original) (raw)

Reality show: um paradoxo nietzschiano. In: Ciberlegenda, Revista do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense, n.16, 2006.

Resumo: O fenômeno dos reality shows-e a subseqüente relação entre imagem e verdade-assenta-se sobre uma série de paradoxos. Tais paradoxos podem ser compreendidos à luz do pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que, através dos usos de formulações paradoxais, concebia a realidade como um mundo de pura aparência e a verdade como um acréscimo ficcional, como um efeito. A ficção é então tomada, na filosofia de Nietzsche, não em seu aspecto falsificante e desrealizador - como sempre pleiteou nossa tradição metafísica-, mas como condição necessária para que certa espécie de invenção possa operar como verdade. Sendo assim, a própria expressão reality show, através de sua formulação paradoxal, engendra explicitamente um mundo de pura aparência, em que a verdade, a parte reality da proposição, é da ordem do suplemento, daquilo que se acrescenta ficcionalmente-como um adjetivo-a show. O ornamento, nesse caso, passa a ocupar o lugar central, apontando para o efeito produzido: o efeito-de-verdade. Seguindo, então, o pensamento nietzschiano e sua atualização na contemporaneidade, investigaremos de que forma os televisivos " shows de realidade " operam paradoxalmente, em consonância com nossas paradoxais práticas culturais. Palavras-chave: reality shows; paradoxos; ficção; efeito-de-verdade

CCTV Horrors: do voyeurismo à vigilância na era da mídia digital

XVIII Estudos de Cinema e Audiovisual Socine – Anais de Textos completos – São Paulo: Socine, 2015. Organizadores: Afrânio Mendes Catani, Antonio Carlos Amancio da Silva, Alessandra Soares Brandão, Mauricio Reinaldo Gonçalves, Ana Leopoldina Macêdo Quezado, Nílbio Thé, pp.575-81.

O gênero de horror acompanha as inovações tecnológicas que a humanidade desenvolve sob duas perspectivas antagônicas: por um lado abraça novas tecnologias em suas produções alterando consideravelmente o limite das imagens de terror; por outro lado traduz em suas narrativas receios e fobias estimulados com os avanços da tecnociência. Este trabalho problematiza as influências que a mentalidade e as tecnologias de vigilância promovem na materialidade fílmica do cinema de horror contemporâneo.

Género e voyeurismo desmontado: quem olha para quem no cinema experimental de Andy Warhol, Yoko Ono e Julião Sarmento?

Quintana, Nº15, 2016. ISSN: 1579-7414, 2016

How does experimental cinema disassemble voyeurism? And what are its political implications when viewed from different gender positions? Yoko Ono’s Fly (1970) questions the role of women as passive objects by means of a ‘masculine’ intruder in the form of a fl y. Andy Warhol’s Blowjob (1964) explores the vulnerability of a sexually aroused man and holds the viewer accountable for watching him. In Copies (1975), by Julião Sarmento, the director/voyeur reveals himself at the end, thus abandoning his space-shadow and showing himself to be an exhibitionist. This paper argues that though the dismantling of voyeurism by the experimental cinema of the 1960 and 70s is often associated with a feminist perspective, there are significant male counter examples, from both queer and heterosexual viewpoints. Warhol and Sarmento question an orthodox feminist theory bound to a binary analysis (male/female, activity/passivity, watching/being watched, voyeur/exhibitionist, subject/object) and show that the subject of voyeurism is far more ambivalent, heterodox and complex.

Televisão: janela e cárcere da mulher pós-moderna

Anagrama, 2009

A partir da análise de três programas de auditório tipicamente femininos, pretendemos explorar no presente artigo a construção de um imaginário feminino repleto de ideais, contradições e estereótipos veiculados pela televisão brasileira na pós-modernidade. Observaremos a ambivalência da identidade da mulher, que oscila entre a tríade amor/casamento/ maternidade e a ênfase à independência feminina, à realização profissional e à igualdade entre os gêneros. Além disso, discutiremos o narcisismo, o centramento no corpo e as diversas facetas sob a qual este é abordado na construção da identidade feminina