Crianças e infância: a ordem geracional revisitada (original) (raw)
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Crianças: um enfoque geracional (Apresentação, Política & Trabalho, 2016)
A ideia do dossiê Crianças: um enfoque geracional foi tomando forma ao longo dos anos, através das oportunidades que tivemos de avançar nas discussões sobre a possibilidade e os desafios de incluir as crianças como sujeitos sociais nas pesquisas antropológicas. Estamos em diálogo desde os anos 2000, em eventos nacionais e internacionais, e a cada oportunidade acrescentamos um passo nesse caminhar. Essa publicação é um desses passos e visa consolidar a abordagem sócio-antropológica da infância e da participação social das crianças, em diálogos interdisciplinares. Os estudos que privilegiam a fala e a participação ativa das crianças nas mais diversas áreas da vida social estão em franca expansão na academia brasileira e internacional, embora ainda sejam poucas as publicações brasileiras resultantes desses estudos. O dossiê Crianças: um enfoque geracional busca contribuir para diminuir essa lacuna e ampliar a visibilidade de produções recentes. Desde a chamada de trabalhos, afirmamos três pressupostos teóricos transversais à perspectiva proposta para o dossiê e que refletem o acúmulo produzido nas últimas décadas: 1) as noções de infância e criança como categorias socioculturais; 2) as crianças como seres ativos e participantes nas diversas facetas da vida social (posição expressa em noções como criança ator ou criança agente); 3) as crianças entendidas como um grupo geracional em constante relação com pessoas de outras gerações, nos mais diversos âmbitos da sua vida, seja familiar ou em outras
A infância enquanto categoria estrutural
Educacao E Pesquisa Revista Da Faculdade De Educacao Da Universidade De Sao Paulo, 2010
In northern countries, a symbol of the consolidation of a knowledge area is the publication of a handbook-in Portuguese, manual or compendium-whose chapters give a state-of-theart overview of their respective subjects. In 2009, The Palgrave Handbook of Childhood Studies was published as recognition of the area of childhood studies. It is known that children were mainly investigated by psychology or by pedagogy and that social sciences have produced little about them, giving priority to studies on the family or the school. Just over twenty years, however, children become the focus of social studies of childhood, as social phenomenon. In this sense, there is the field that investigates children as social agents, producing culture, and childhood as category in the social structure, which increased significantly the production of knowledge about the social relations established between the children themselves (their peers) and with adults (intra and intergenerational relations) on their skills as actors in their lives, as social agents whose actions modify / transform the social worlds in which they are inserted. The text of Professor Jens Qvortrup, responsible for the foundation of the first research group in sociology of childhood (RC53) at the International Sociological Association (ISA), and one of the organizers of the Handbook, focuses childhood as a social structure. Published as first chapter of The Palgrave Handbook of Childhood Studies, the study shows childhood as a segment in a social structure and the applications of a structural perspective, i.e. inserted in the theoretical studies of childhood, the chapter outlines an approach that differs from both research on socialization and studies on child development, providing evidence for the conduct of research that have as their object childhood as a social category, so diverse and complementary to other categories. The reading of the text directs to other important themes, presented by different authors in the other chapters of the Handbook, which makes Brazilian researchers expect the full translation of the book.
Importância e urgência de uma revisão na abordagem geracional na atualidade: uma proposta
2018
A pesquisa procura analisar a abordagem geracional na atualidade e propor o resgate de sua relevância como ferramenta analítica, através de uma discussão conceitual teórica, observação de sua utilização no país e proposta de inovações metodológicas para futuros estudos. Para isso, faz uma análise histórica do tema iniciando pela perspectiva de Julian Marías (1949), para abordar alguns dos principais autores que aprofundaram os conceitos, como Mentré (1920), Ortega y Gasset (1966), e, em particular, Mannheim (1952), até atingir autores mais recentes, como Abrams (1982) e Strauss e Howe (1991). Ressalta que o que se utiliza da abordagem na atualidade não respeita a robustez conceitual, provocando uma subutilização do conceito geracional e de seu potencial social. Em seguida, o trabalho apresenta três exemplos distintos de estudos brasileiros recentes com aspectos geracionais, e discute avanços e limitações por eles apresentados. Considerando o cenário identificado, apresenta então uma...
A criança e o "menor": pequeno balanço bibliográfico
2017
Neste artigo fazemos um percurso pela producao bibliografica voltada a problematica dos "menores". Iniciando pela producao das areas envolvidas com as praticas de atendimento ao "menor", buscamos avaliar como esse tema passou a ser trabalhado pela historiografia brasileira
Infância, Normatividade e Direitos Das Crianças: Transições Contemporâneas
Educação & Sociedade
RESUMO: A globalização de determinado modelo de infância e criança foi estabelecida no século XX por meio de documentos legais de matriz eurocêntrica e hegemonia ideológica e cultural, já identificadas na literatura dos estudos da infância, assinalando a exclusão de crianças que escapam ao enquadramento em que se fundam essas bases: a condição da infância das classes média e superior das sociedades industrializadas. O debate sobre a normatividade da infância é crucial para impedir que, nos planos teórico e social, crianças sejam excluídas da condição da infância, assim como para compreender como a desconsideração da diversidade de infâncias limita o escopo e a capacidade analítica dos estudos da infância e para compreender mudanças em curso na relação entre adultos e crianças nas dimensões política, educativa, cultural e internacional.
REPETIÇÃO DA “GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA” E O PLANEJAMENTO FAMILIAR
PSICOLOGIA,SAÚDE & DOENÇAS, 2016
Este estudo teve como objetivocompreender os sentidos produzidos nas relações familiares frente à repetição da “gravidez na adolescência” e o planejamento familiar. A análise baseou-se numa perspectiva qualitativa, de cunho construcionista social, realizada a partir de seis entrevistas individuais, semi-estruturadas, referentes a três núcleos familiares de jovens de camadas populares que vivenciaram a repetição da “gravidez na adolescência”. A experiência da repetição da “gravidez na adolescência” pode ser significada como oportunidade de conquista de papéis sociais e a construção de um projeto de vida. O planejamento familiar envolveu tanto a decisão pela gravidez, como o uso de métodos contraceptivos, ou a presença de dificuldade para o seu uso e/ou acesso. Os resultados reafirmam a necessidade de reflexão crítica acerca da repetição da “gravidez na adolescência” e do planejamento familiar. Defende-se a importância de contextualizar a gravidez entre os jovens, para que eles não sejam culpabilizados individualmente como irresponsáveis e inconsequentes, mas que se questione porque outros projetos de vida não são tornados possíveis para essa população.
Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância
Educação & Sociedade, 2005
RESUMO: A sociologia da infância propõe-se a constituir a infância como objecto sociológico, resgatando-a das perspectivas biologistas, que a reduzem a um estado intermédio de maturação e desenvolvimento humano, e psicologizantes, que tendem a interpretar as crianças como indivíduos que se desenvolvem independentemente da construção social das suas condições de existência e das representações e imagens historicamente construídas sobre e para eles. Porém, mais do que isso, a sociologia da infância propõe-se a interrogar a sociedade a partir de um ponto de vista que toma as crianças como objecto de investigação sociológica por direito próprio, fazendo acrescer o conhecimento, não apenas sobre infância, mas sobre o conjunto da sociedade globalmente considerada. A infância é concebida como uma categoria social do tipo geracional por meio da qual se revelam as possibilidades e os constrangimentos da estrutura social. O desafio a que nos propomos é interrogar o modo como constructos teóricos como "geração" e "alteridade" se constituem como portas de entrada para o desvelamento dos jardins ocultos em que as crianças foram encerradas pelas teorias tradicionais sobre a infância e de como esse conhecimento se pode instituir em novos modos de construção de uma reflexividade sobre a condição de existência e os trajectos de vida na actual situação da modernidade. Palavras-chave: Infância. Geração. Sociologia da infância. Criança. Alteridade. * Este texto tem por base uma versão da comunicação ao 5º Congresso Português de Sociologia, na Universidade do Minho (Braga), de 12 a 15 de maio de 2004 (não publicada). ** Doutor em Estudos da Criança (área de conhecimento em estudos sócio-educativos) pela Universidade do Minho e professor do Instituto de Estudos da Criança da mesma Universidade (Portugal).
AS CRIANÇAS E AS INFÂNCIAS: SINGULARIDADES E PLURALIDADES
Este primeiro texto apresenta as singularidades e pluralidades dos conceitos de criança e infância. Aborda, a partir de diferentes autores, como o sentimento de infância aparece na sociedade e qual a sua implicação para a ideia de criança presente nos diferentes momentos históricos. Além disso, o texto propõe uma reflexão sobre como esses conceitos atravessam o cotidiano das escolas e como tais debates podem contribuir para a construção da prática educativa.