Gaspar Silveira Martins: uma Tentativa de Heroificação (original) (raw)

Gaspar Silveira Martins: perfil biográfico, discursos e atuação política na Assembleia Provincial - Maria Medianeira Padoin e Monica Rossato

Gaspar Silveira Martins : perfil biográfico, discursos e atuação na Assembleia Provincial , 2013

Vigoroso, voz de trovão, gesto largo, Gaspar Silveira Martins não era um homem público de segredos, meias palavras ou ações vagas. Sua paixão pela política, vasta cultura e inteligência superior, foram marcos de pedra na construção da história contemporânea, e seu nome indissociável dos estudos e análises sobre a formação do Rio Grande do Sul. Ainda menino, perguntou-lhe o professor o que seria ao crescer: Ministro de Estado, respondeu. E o foi. E também Presidente da Província de São Pedro, Deputado e Senador. Segundo Joaquim Nabuco “um homem que revelava uma independência e uma audácia como de certo ainda não se tinha visto, em nome de um direito até então desconhecido: o povo”. Amado por muitos, odiado por outros, mas respeitado por todos, construiu-se como se constroem, até a imortalidade, os grandes. Gaspar Silveira Martins, líder do Liberalismo, homem de envergadura moral inconteste, imprescindível à política de qualidade. Pela fibra e destemor com que defendeu suas convicções nos dramáticos tempos da Revolução Federalista, há que ser revisitado, sempre. O presente trabalho, da série Perfis Parlamentares competentemente executado pelo Memorial da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, vem reconstituindo vida e obra de ilustres gaúchos sendo, pois, leitura fundamental àqueles que pretendem aprofundar o conhecimento sobre nossa herança política e social, vale dizer, nossa cultura. Ferrenho adversário de Júlio de Castilhos, arrebatado parlamentarista, fundou o Partido Federalista, fundou jornais, escreveu para vários deles, formou-se em direito e foi juiz, mas, acima de tudo, desde jovem revelou-se incomparável tribuno, capaz de abalar consciências e arrastar multidões pela palavra. Euclides da Cunha assim o descreveu: “ouviu-se dentro da Câmara dos Deputados uma palavra com tonalidade imponente, dessas vozes proféticas que anunciam a ruína dos impérios. Não era a dialética vibrátil de Zacarias, a argumentação fria, sulcada de súbitos lampejos de gênio, de Nabuco, nem a fluência cantante de José Bonifácio... Mas uma eloquência quase selvagem na sua esplêndida rudeza, na energia nunca vista com que reivindicava os direitos populares...”.

Os Devaneios Modernizadores De Hugo Carneiro

Das Amazônias, 2018

No primeiro capítulo do livro "Fábulas da modernidade no Acre: a utopia de Hugo Carneiro (1927 a 1930)" o escritor dialoga com vários autores buscando entender as mudanças nos cenários urbanos e o papel social, econômico e cultural por trás dessas transformações a partir do governador que representou essas "reorganizações". O estudo aqui apresentado trata da constituição do espaço urbano da cidade de Rio Branco, entre os anos de 1927 a 1930, quando o advogado Hugo Ribeiro Carneiro assumiu o governo do "Território do Acre".

Gonçalo M. Tavares: um caso tardo-modernista

A obra de Gonçalo M. Tavares recebeu inúmeros prémios, tem sido estudada profusamente nas academias, está traduzida em várias línguas e vem sendo publicada em várias editoras. Importa interrogar esta dispersão editorial. Estamos diante de um autor muito produtivo e consciente do seu território textual ao ponto de definir séries em função do género literário, do tema ou da linguagem. Processos que visam criar uma obra original, correspondendo a um dos postulados da modernidade literária. Além disso, Gonçalo M. Tavares resiste às interpelações da modernidade sociológica, sem que por isso a sua obra se enclausure num absoluto literário. The work of Gonçalo M. Tavares has received numerous awards, has been widely studied in the academies, it has been translated into several languages and has been published in various publishing houses. It is important to question such editorial dispersion. We are facing a very productive author whose great consciousness about his textual territory leads him to create series based on the literary genre, theme or style. Such processes aim to create an original work, in this way corresponding to one of the goals of literary modernity. Gonçalo M. Tavares also resists to the requests of sociological modernity, even though his work is not closed in a literary absolute.

Demonização e Mitificação de Luís Carlos da Serra Negra

2012

Resumo. A partir das estórias transmitidas ao longo de muitas gerações e de estudos nos arquivos públicos, fazemos uma descrição biográfica de Luís Carlos da Serra Negra, senhor feudal e governante da Capitania do Piauí. Analisamos o processo de demonização que lhe foi imposto após seu enigmático desaparecimento em 1811 e a sua posterior mitificação, resultante da reação popular, através da oralidade.

Sebastião Martins Mestre

Ele tem em toda esta campanha e como fica dito, sido exemplar no valor, honra e patriotismo; requerendo-me sempre que o preferisse para todas as ocasiões mais notáveis; pelo risco e importância das empresas a bem do Real Serviço e Pátria mostrando-se portanto muito digno da Real Consideração do Príncipe Regente Nosso Senhor; e por ser a verdade a passo por tal e assino.

Oliveira Martins e o miguelismo

Revista de história da sociedade e da cultura, 2022

Resumo. Nenhuma obra historiográfica terá sido tão marcante na construção da história do Portugal oitocentista, e em particular do regime de D. Miguel, como o Portugal Contemporâneo de Oliveira Martins. Sobre ela produziram-se as mais desencontradas apreciações, não só nos anos que se seguiram à sua publicação (1881), mas ao longo do século XX. Entre outros problemas, estava em causa a avaliação histórica do miguelismo e da revolução liberal de 1834, antecedentes sem os quais era impossível compreender a sociedade portuguesa no tempo da Monarquia Constitucional. Numa época dominada pela narrativa liberal acerca do legitimismo miguelista (a versão herdada dos vencedores da Guerra Civil de 1832-34), Oliveira Martins distanciou-se claramente do cânone liberal. Em que sentidos? Que significado tem o retrato que deixou de D. Miguel e do miguelismo? Como foi recebido Portugal Contemporâneo pela crítica? Pretende-se caracterizar a sua narrativa historiográfica e estudar as diversas linhas da sua receção, inscrevendo-as na batalha de memórias que se foi desenvolvendo acerca do regime de D. Miguel e do liberalismo. Palavras-chave. D. Miguel, miguelismo, liberalismo, historiografia.

O Vale de Lobos: o drama da exemplaridade na historiografia de Oliveira Martins

2011

Em Portugal Contemporâneo Oliveira Martins, partindo do conceito de Historia como licao de moral, busca figuras de exemplaridade que validem seu posicionamento historico e personifiquem uma essencia do homem portugues e encontra, em Alexandre Herculano, a caracterizacao dessa essencia pela coincidencia de sua ideologia e vida social, manifesta, sobretudo, pelo ato de isolamento.

Trajetória e atuação política de Gaspar Silveira Martins e João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares): relações de poder na fronteira platina

Oficina do Historiador

O presente estudo tem por finalidade analisar a trajetória e atuação política de Silveira Martins e Joca Tavares numa região de fronteira (Brasil, Uruguai e Argentina), especialmente no período de instalação da república brasileira no final do século XIX. Ambas as atuações foram marcadas por relações caudilhescas e político-parlamentares e apresentaram o perfil de sua formação enquanto elementos transfronteiriços com forte ligação com o Prata. A partir deste espaço platino que estes personagens, outrora ligados aos partidos Liberal e Conservador, estabeleceram suas redes de relações de poder, manifestadas em seus projetos políticos e práticas sociais. Para tal, nos utilizaremos dos trabalhos de Trindade e Noll (1991), Sérgio da Costa Franco (1988), Helga Picollo (1974; 1992) e Sandra Pesavento (1984), Jonas M. Vargas (2010), entre outros destacam as atuações políticas tanto do parlamentar Gaspar Silveira Martins como do General João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares). Este trabal...

A leniência e Vargas: falas da História

Estudos Históricos (Rio de Janeiro)

Resumo Este artigo analisa correntes historiográficas que se debruçaram sobre os anos Vargas. Seu ponto de partida é o de que análises estruturais advindas fundamentalmente das Ciências Sociais acabaram por desenvolver uma visão leniente sobre esse período da história. Perspectivas críticas a essas interpretações contrapuseram-se às teorias da modernização e sua sucedânea teoria da dependência, e questionaram, do ponto de vista teórico, a precedência da questão social como questão política. Mudanças de paradigmas de análise cruzaram as fronteiras dos limites nacionais, do etnocentrismo e da visão regional de história, da dependência e das disputas palacianas das elites políticas.