CAMINHOS DE BISIW: UMA ABORDAGEM TENSIVA DA MOBILIDADE RITUAL NO JURUPARI DOS HUPD'ÄH 1 (original) (raw)

Caminhos de Bisiw: uma abordagem tensiva da mobilidade ritual no Jurupari dos Hupd’äh

Mana

Resumo Na região do Alto Rio Negro-Uaupés, os rituais de Jurupari dos Hupd’äh reúnem os mais velhos e os rapazes ao longo dos caminhos florestais amazônicos. Sopros xamânicos são proferidos e flautas sagradas são tocadas durante expedições de caça e coleta alguns dias antes e outros depois da cerimônia comunitária. A relação entre uma abordagem perspectivista e tensiva permite, neste trabalho, evidenciar as dimensões do movimento xamânico e etnopoético do ritual do Hupd’äh Jurupari. Este estudo tem como objetivo mostrar como os campos relacionais de caminhos florestais situam as dimensões da mobilidade sociocósmica, da comunicação humano-não humano e da arte musical-verbal ao longo da paisagem ritual extensiva do Jurupari.

MOBILIDADE: UMA ABORDAGEM SISTÊMICA

A noção de mobilidade – um termo polissêmico, como se intentará deixar claro – ainda é comumente confundida com outros conceitos e ideias, como os de circulação, acessibilidade, trânsito ou transporte. Seu uso nas ciências em geral é, entretanto, mais recente que os demais termos, e seu surgimento não aconteceu em substituição a nenhum dos demais. A noção de mobilidade surgiu para jogar luz sobre novas transformações sociais, que se tornaram mais relevantes com o aprofundamento da divisão social do trabalho nos últimos séculos.

MOBILIDADE, CLÃS E ALIANÇAS ENTRE OS HUPDAH DO ALTO RIO NEGRO, AMAZONAS

2010

O modelo analítico proposto nesse trabalho, sobre as relações interétnicas na região do Alto Rio Negro, Estado do Amazonas, Brasil, tem como referencial teórico a noção de hierarquia, tal como foi desenvolvida em Homo Hierarchicus, por Louis Dumont (1966). Neste sentido, é fundamental visualizar a noção das oposições hierárquicas como base para entender a dinâmica dessas relações (Athias 1995). Esta abordagem pressupõe que os grupos focalizados, participem de um mesmo universo cultural. Portanto, contemplam-se nesse modelo, todos os povos indígenas que habitam e interagem permanentemente na bacia do rio Uaupés, e os situamos como participantes de um sistema cultural homogêneo coerente (Goldman 1943, Jean Jackson 1972, 1983). Em termos analíticos, concebe-se a bacia do rio Uaupés como um espaço social abrigando um sistema cultural integrado entre os diversos povos e, onde as relações interétnicas fazem parte da base de um entendimento comum sobre a descendência dos diferentes grupos étnicos. Neste sentido, de acordo com Louis Dumont, as relações interétnicas, podem ser identificadas, visualizadas, em dois níveis distintos, e ao mesmo tempo, se situam em campos, complementares e opostos. Aqui abandonamos as noções de simetria e assimetria proposta por Cardoso de Oliveira (1976) para analisar as relações interétnicas 176 Professor do NEPE/PPGA/UFPE 177 Neste trabalho o termo relações interétnicas se refere as dinâmicas interativas entre ois ou mais grupos indígenas na bacia do Uaupés. Não estamos utilizando no sentido de Cardoso de Oliveira tal como ele formula em sua matriz que se refere às relações entre grupos indígenas e sociedade nacional.

Mobilidade e Territorialidade Hupd'äh

Esta dissertação baseia-se em um estudo etnográfico sobre a mobilidade e a territorialidade Hupd’äh na comunidade Tukano, do sib Turoponã de Barreira Alta, médio rio Tiquié, Amazonas. Atenta para os motivos que levaram os Hupd’äh a se estabelecerem neste território há pouco mais de 40 anos e os fatores que os levam a continuar fixados no local, compreendendo a investigação etno-histórica e etnográfica do modo como eles se mantêm por meio das relações cotidianas com os seus patrões e vizinhos Tukano. Para esta discussão menciono ainda o ethos Hupd’äh como atitude que guia as ações no dia-a-dia e contribui aos processos de estruturação social, econômica e política deste grupo local. A etnografia compreende a noção de territorialidade dos Hupd’äh de Barreira Alta (ɨnɨh s’áh – nosso território) a partir da caracterização das relações inter clânicas e interétnicas deste grupo local, seus laços de consanguinidade e afinidade e a investigação de suas estratégias de sobrevivência no contexto econômico, social e cultural de Barreira Alta.

CAMINHOS DE SOPRO: DISCURSO XAMÂNICO E PERCURSOS FLORESTAIS DOS HUPD'ÄH

Protected by a shaman’s incantation, the young Hupd’äh travelers pick up the forest trails, embarking on a trek to visit sacred sites in their ancestral territory. Under the mentorship of their elders, these young people engage with the ecological and topographic details of their lands in historical and cosmological context, underscored by discussions of history, mythology, dreams, and shamanic incantations that are interspersed throughout their journey. In this article, we consider the parallels between the two types of travel that are evident in these events – treks through the forest to visit sacred ancestral locations (mountains and caves), and the metaphysical travels of ritual specialists, as detailed in the exegetic texts of the incantations performed to protect the travelers. The features of movement, dislocation between sacred places, and engagement with the flora, fauna, and landscape that are shared by these two travel experiences highlight the close articulation between ritual and more mundane experience for the Hupd’äh, as well as their mutual role in shaping young people’s understanding of their world. Our discussion locates the Hupd’äh and their forest orientation within the broader ‘multiethnic system of shamanic geographies’ (Cayón and Chacon 2014) of the Upper Rio Negro Region.

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA TROCA DE GERADORES DA USINA DE CHOPIM I

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA TROCA DE GERADORES DA USINA DE CHOPIM I, 2022

This work aims to elaborate the exchange of two generators with 1175kVA and 1300kVA of power at the Chopim I plant, to optimize its performance and show the financial return on investment, using financial simulations based on real data from the plant and of the mentioned generators, with financial engineering methods for this survey of the return invested in their exchange. The development of this work is based on the study and analysis of a modernization project of a small hydroelectric power plant (SHP), in the state of Paraná, where the exchange of the mentioned generators will be proposed and a comparison with the generators used in this SHP will be made. also researched costs to be involved and financial engineering. In addition to doing field work monitoring the small hydroelectric power plant located in the center-west of Paraná, the work is concluded with the simplified presentation of a solution for renovations where the exchange of generator in SHPs is considered.

NOTA PRÉVIA: O SÍTIO RUPESTRE NA CACHOEIRA DO MURIM, UMBURANAS -BAHIA

2023

Nesta nota prévia são descritas as inscrições rupestres que compõem o sítio arqueológico Cachoeira do Murim, nas margens do riacho homônimo, no município baiano de Umburanas. Os conjuntos pictográficos de grafismos puros são coerentes do ponto de vista técnico-temático e ambiental com aqueles identificados na região setentrional do Estado da Bahia.

POR QUE RAZÕES NÃO SE "MOBILIZAM" OS JOVENS: GERINDO POSSIBILIDADES MÍNIMAS EM BISSAU

1. Invertendo a questão: por que razões os jovens não se "mobilizam"? O tratamento do tema "juventude" tem estado quase sempre associado a aspetos negativos e "problemáticos" e ao seu potencial de violência e desta-bilização nos mais variados contextos, nomeadamente em África (Abbink, 2005: 2; Seekings, 2006), descurando-se a análise das resistências à violên-cia ou a resiliência 1 dos jovens e das sociedades. Esta tendência de análise acabou por reforçar políticas e práticas de securitização 2 dos jovens pobres dos países periféricos, mas também dos jovens das periferias das socieda-des centrais. Refi ro-me aqui à emergência de modelos de resolução dos problemas das e nas periferias que assentam na indiferença em relação à necessidade de transformação de estruturas de desigualdade e marginali-zação-sejam elas de cariz cultural e social ou económico, tanto ao nível nacional como internacional-e que assumem a dimensão securitária dos Coimbra, desenvolvendo o projeto de tese «Percursos da violência em contextos de pós-guerra. Os casos de El Salvador e Guiné-Bissau», com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia [Ref. SFRH/BD/36589/2007]. Quero agradecer aos jovens e menos jovens que me dedicaram o seu tempo e paciência, disponibilizando-se para as entrevistas; a Alfredo Handem, Aissatu Djaló, Suare Balde e Márcio Segundo pela ajuda útil prestada durante o trabalho de campo; e a Joana Vasconcelos, José Manuel Pureza, Katia Cardoso, Rita Santos e Tatiana Moura pelos seus pertinentes comentários e críticas à versão inicial deste texto. 1 Utilizo o termo resiliência como capacidade dos indivíduos, grupos ou sociedade de resistir, ultrapassar ou adaptar-se às adversidades ou choques externos dirigidos à sua sobrevivência ou modos de vida. Para uma análise da resiliência das sociedades agrárias na Guiné-Bissau em contexto de confl ito e pós-confl ito militar, ver Temudo e Schiefer (2003); para uma análise da fragilidade do Estado à luz da resiliência da sociedade civil rural, ver Forrest (2003). 2 Entendo a securitização como um processo complexo que faz com que uma questão específi ca seja defi nida enquanto uma questão de segurança, requerendo, por isso, medidas políticas de resposta de emergência (Waever, 1993; Buzan et al., 1998).

A HERÁLDICA DOS BISPOS E ARCEBISPOS DE LISBOA

FONTES, João Luís Inglês (dir.); GOUVEIA, António Camões; ANDRADE, Maria Filomena e FARELO, Mário (coords.), Bispos e Arcebispos de Lisboa, Lisboa, Livros Horizonte, 2018, pp. 691-701, 2018

Uma obra sobre os bispos e arcebispos de Lisboa e as suas formas de representa-ção não ficaria completa sem abranger os usos heráldicos desses prelados. Porque, a partir de certa época, a seleção de um emblema heráldico passou a ser inerente ao múnus episcopal, nem que fosse para a abertura de cunhos dos respetivos selos de autenticação. Ainda hoje em dia, aqueles que ascendem à condição episcopal são instados a escolher um emblema, que geralmente se coaduna com as normas vigentes da heráldica eclesiástica. Mas nem sempre foi assim.