O lazer agonístico: como se aprende o que significa ser homem num bar de um bairro suburbano (original) (raw)

De entendidas e sapatonas: socializações lésbicas e masculinidades em um bar do Rio de Janeiro

Cadernos Pagu, 2007

This article presents the socialization of a group of masculine lesbian women in a bar in Rio de Janeiro's downtown. Though the explicitation of their self-denomination and body performances, I try to unveil alternative ways of masculinity construction based on women's bodies instead of on those of men. In addition, these performances open (a space for) the discussion of how the binary categories man/woman and masculine/feminine vanish in fieldwork.

Entre sexo, ajuda e programa: experiências e dilemas da sexualidade no contexto dos bares de alterne em Lisboa

2016

Este artigo trata de vivencias de brasileiras no contexto dos bares de alterne em Lisboa, focando especialmente os usos instrumentais da sexualidade. Bares de alterne sao estabelecimentos direcionados ao publico masculino onde o trabalho das mulheres e entreter os clientes e induzi-los ao consumo. Partirei de dois episodios do campo que apresentam, de maneiras diferentes, a primeira experiencia de duas mulheres com o envolvimento entre dinheiro e sexo. O primeiro trata de um relato gravado que traz um discurso elaborado, reflexivo e dotado de continuidade e coerencia. O segundo, recolhido atraves da observacao participante, apresenta uma sequencia de eventos que marcam uma subita ruptura com o que era considerado normalidade pela interlocutora e a ameaca identitaria diante da possibilidade de vir a se definir como “puta”. Nesse sentido, discuto ainda como o uso de narrativas biograficas serve como um complemento importante a observacao em campo na construcao do trabalho etnografico.

Além das fronteiras da pele: masculinidades de mulheres em um bar do centro do Rio de Janeiro

DeSignis: Publicación de la Federación Latinoamericana de Semiótica ( FELS ), 2012

além das frontEiras da pElE: masculinidadEs dE mulhErEs Em um bar do cEntro do rio dE janEiro anDrea lacombe Enxergar os modos em que as performatividades corporais do masculino e do feminino se apresentam cotidianamente, às vezes pode implicar para nossos esquemas de percepção-esses treinados em vislumbrar masculino como sinônimo de homem e feminino como o de mulher-certo atordoamento perante a necessidade de mudar a paleta do preto e branco, para àquela onde as cinzas ganham forma e espaço. Como considerar, por exemplo, uma imagem de mulher que, sem se pensar homem, extrapola os limites estabelecidos para "ser mulher"? Mulheres que usam cueca, tocam-se a virilha para acomodar uma imaginária mala 1 , utilizam espaços socialmente reservados aos homens; entretanto, se maquiam, levam a sério a combinação de cores, fazem dieta para não ter barriga no verão e mantêm axilas, pernas e buço cuidadosamente depilados durante o ano inteiro. No presente texto tentarei trazer à luz alguns destas nuanças particulares através das quais é possível explicitar outras formas de ser mulher que escapam daquelas contidas pela heterossexualidade obrigatória. Esta noção foi cunhada em 1980 por Adrienne Rich para explicitar a heterossexualidade como uma categoria construída politicamente e naturalizada pelo discurso científico como "o dado" e normalmente aceito, quer dizer, a construção de uma heternorma. Essa categoria está presente, segundo Rich (1980), em todas as instituições sociais, que desse modo o reproduzem: escola, trabalho, religião, legislação, família, etc. O ativismo gay e lésbico, a princípio, brought to you by CORE View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk provided by Diposit Digital de Documents de la UAB deSignis 19 | 145 Além dAs fronteirAs dA pele: mAsculinidAdes de mulheres em um bAr do centro do rio de JAneiro

Comunidade sem portas: imaginando o Cariri a partir de um bar de fim de noite

Em meados da década de 70, Bourdieu, Foucault e Said dotaram a discussão sobre espacialidades em Ciências Sociais de um novo caráter, em que os limites entre real e representação -a justa apresentação daquele por esta em um percurso aproximativo -será tomada como uma falsa questão. Malgrado as distintas posições teóricas marcadas por ocasionais confluências, para esses autores, descrever é re(a)presentar a realidade, dotando-a de legitimidade.

"A gente faz a linha": notas antropológicas sobre percepções do risco de violência de gênero na saída de um bar GLS em Goiânia

2015

O presente artigo visa aprofundar uma discussão referente às noções ou percepções de risco (JEOLÁS, 2010) com as quais tive contato durante a realização da etnografia da qual resultou minha dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás no ano de 2015. Para tanto, tomo como ponto de partida as experiências compartilhadas em campo com jovens gays frequentadores do bar GLS “Feirão do Chopp” que se situa numa região periférica da cidade de Goiânia. A estas narrativas articulo algumas bibliografias sobre o tema para ajudar a entender como, apesar de todos os riscos aparentes, os jovens insistem em frequentar o bar. Exploro ainda nessa análise, algumas das percepções dos fatores de risco trazendo reflexões que mostram diferentes percepções entre o pesquisador e os requentadores. De modo geral, o trabalho de campo compreendeu idas com frequência regular, respeitando o formato prescrito para uma etnografia, envolvendo assim anotações e observações em campo. Devo pontuar ainda que o mesmo aconteceu durante todos os sábados e domingos, dos oito meses especificados no cronograma da pesquisa. O mesmo foi pautado principalmente em conversas informais ao invés das entrevistas semiestruturadas previstas a priori, haja vista que, a partir do estabelecimento de uma rede de informantes e das interlocuções realizadas, julgamos não ser primordial a realização das mesmas, sendo satisfatoriamente rico o material colhido. Como resultado construí uma análise que, em certa medida reforça ideias que vinculam homofobia a performances de gênero e por outro que mostram a intersecção que se produz entre gênero, sexualidade e raça e a impossibilidade de dissimulação desta última na noite.

[Tese] Cidades e subjetividades homossexuais: cruzando marcadores da diferença em bares nas "periferias" de São Paulo e Belém

USP, 2016

This is an anthropological research on socio-spatial agency, disputes and segregations between men who self-identify themselves as “gays” or “homosexuals” in “periphery” contexts of the cities São Paulo and Belém, Brazil. We aim to examine the social production process of the differences between these men, who are frequenters of bars with expressive homosexual sociability, located in “peripheral” regions of the east side of São Paulo and in a “periphery” neighborhood of Belém: the Guingas Bar (in São Mateus), the Plasticine Party, held every two weeks in the Luar Rock Bar (in Itaquera), and the bar Refúgio dos Anjos (in Guamá), respectively. The analytical key that led us to the theme and spaces mentioned came from the problematic, still little explored in Brazilian urban anthropology, between “periphery” and homosexuality, or rather, between urban studies and the gender and sexuality studies. We understand that from the 2000s the articulation of these fields of knowledge gained ground in the national scenario based on anthropological research on homosexual sociability, but part of these efforts were concentrated in the “central” regions of Brazilian cities. Rather than recognizing regional and geographical distinctions, we seek to sift through city narratives that blur the “downtown-periphery” binomial. In order to do this, we take as one of the argumentative vectors the mobility, as allusion and/or practice, but above all as empowerment, articulating it with social markers of gender, sexuality, social class, race/color and territoriality, as a way of observing the management of the interlocutors in the urban space. Our project proposes to contribute to urban studies and the gender and sexuality studies, either to talk about “peripheries” and homosexuality, cities, the production of difference and homosexual sociabilities, or to show that the urban transformations of each urban context, related to the history of bars and what we call movement-actions, are key pieces for the understanding of terms such as “resistance”, “family”, “community”, friendship, signaling, this time, that such composites extrapolate the synonyms of absence and precariousness, at the same time that established relationships are not enough for the way of leisure and fun. Therefore, throughout the thesis we perceive that such contexts are in constant negotiations and disputes directly questioned by the ways in which the cities are accessed and desired.

Lazer noturno e resistências juvenis em tempos de (pós-)pandemia o caso dos jovens do bar Antù em Lisboa

54.3, 2022

Em Lisboa, desde o primeiro verão pandêmico, observamos o surgimento de novos atores informais na noite turística do antigo bairro portuário do Cais do Sodré que desenvolviam práticas alternativas de lazer com algumas particularidades: são jovens de nível socioeconômico precário, apresentam traços culturais alternativos e concentram-se para socializar e consumir álcool no espaço público em frente ao bar Antù. Esses jovens são vistos pelas autoridades públicas e por seu braço repressivo policial como atores “indesejáveis” à “normalidade” da noite turística do Cais do Sodré. A sua “alteridade” (ligada a cor de pele, estética corporal e classe social) constitui-se como um elemento perturbador na noite turística da Pink Street. Essa área de diversão noturna tem uma natureza marcadamente hedonista e orientada quase exclusivamente para indivíduos brancos (lisboetas ou não) de classe média alta. Este artigo, resultante de um enfoque etnográfico, visa a analisar a dialética desigual entre a repressão policial (por vezes, violenta) e a resistência performativa dos atores “indesejáveis” da noite turística do Cais do Sodré. O artigo argumenta que os espaços em causa – o bar Antù e o espaço público situado ao redor do estabelecimento – não só emergem como palcos de uma forma de resistência performativa e recusa dos valores societais capitalistas, mas também como um local que proporciona alternativas de (de)construção comunitária e coesão social dentro de um contexto pós-pandêmico profundamente criminalizado, racializado e punitivo.