Racismo e sexismo na estrutura social do reconhecimento (33-43) (original) (raw)

2020, Debates decoloniais, sexualidades, gêneros e interseccionalidades. Jefferson Campos, Rodrigo Pedro Casteleira (orgs.)

A categoria “moderno” implica em problemáticas sobre a constituição do sujeito em diferentes teorias. Se a perspectiva do progresso parece ser passível somente para integrados, a noção de inclusão tem sido pauta sobre relações diádicas, tal qual indivíduo e sociedade, aparentemente democráticas. Assim, é comum uma denominada inclusão se dar sob pressupostos solidários, considerando a historicidade como fundamento da reflexividade de sujeitos. Entretanto, a integração em determinado grupo exige estar incluído num sistema ou numa estrutura. O que não se dá sem que reflexividades sejam resistentes aos determinados processos. Há desejos em experiências de outras formas de vida que não atreladas à dado sistema ou estrutura. Diante disso, leituras sobre reconhecimento e não reconhecimento nos fazem mobilizar “categorias” para pensar pessoas que ora são sujeitadas, ora objetadas, e ora abjetadas. Seria possível uma triangulação “democrática” ou as relações sujeito-objeto constituem a base de uma episteme universal? Ao que parece, no “parlamento das coisas” 8 , a garantia da soberania do sujeito se mantém. Da teoria do reconhecimento de Axel Honneth (2009), passando pela reflexão de Achille Mbembe (2018a; 2018b), para conectar a abjeção, como projeto político de Judith Butler (2006; apud PRINS, MEIJER, 2002), este texto pretende refletir como uma estrutura social do reconhecimento demanda práticas de não reconhecimento para a sustentação de uma díade sujeito e objeto que legitima uma matriz dicotômica hierárquica. Tal reflexão considera que uma estrutura racista e sexista justifica práticas de necrobiopoder, conforme os estudos de Berenice Bento (2012; 2014; 2018).