Resistências em disputa: uma análise do processo polissêmico de significação de “luta” e “opressão” (original) (raw)

Resistência e dissonância nas narrativas em disputa

2020

Esse artigo analisa as narrativas produzidas pela midia e pelos segmentos juvenis durante os movimentos de ocupacao nas escolas e universidades no segundo semestre do ano de 2016. O exame dessas narrativas em disputa revela estrategias discursivas especificas: no âmbito das ocupacoes, o agendamento de temas destinados a formacao de certos enquadramentos propostos pelos jovens estudantes, interessados em: (1) “furar” a narrativa dominante inaugurada pelos meios de comunicacao televisivos; e (2) escapar as estrategias de silenciamento por meio dos atos de resistencia. No âmbito midiatico, tem-se o agendamento de temas destinados a formacao de enquadramentos centrados na: (1) deslegitimacao do movimento (a partir de chaves de oposicao e contrafaccao no campo semântico); na (2) estigmatizacao do discurso da resistencia; e (3) na criminalizacao dos atos de resistencia.

Sobre Resistência e Opressão

fólio - Revista de Letras

RESUMO: Neste artigo analisamos como as reflexões propostas por Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido (1987) podem ser identificadas no filme de ficção brasileiro Bacurau, lançado em 2019, e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Compreendemos que os personagens de Bacurau colocam em prática uma concepção libertadora de educação, tal qual propõe Freire, e estabelecem entre eles uma relação dialógica. Os sujeitos de Bacurau são livres, autônomos, e, por meio da reflexão crítica e da ação, matam os opressores, quando eles tentam impor suas práticas coloniais no povoado. PALAVRAS-CHAVE: Bacurau; Educação libertadora; Paulo Freire; Pedagogia do Oprimido; Teoria da ação dialógica.

Resistência Política Sem Fogo Amigo: Por Uma Ideologia Linguística Das Misturas Em Nossa Revolta

Trabalhos em Lingüística Aplicada, 2022

RESUMO Testemunhamos, na atualidade, a invasão da cultura beligerante em diversas esferas da vida social, inclusive, na política. Com o populismo de direita se alastrando em escala mundial, um olhar atento à maneira como a linguagem está sendo operacionalizada por líderes políticos e seus/suas apoiadores/as se faz necessário (HODGES, 2020). O mesmo pode ser afirmado em relação às crenças linguísticas que orientam as nossas interpretações sobre as formas e os usos das línguas e nossos modos de acionar resistência política. Neste trabalho, investigamos três tuítes de críticas direcionadas às performances discursivas de Abraham Weintraub, ex-Ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, quando a norma padrão da língua portuguesa foi por ele violada. Visamos investigar as ideologias linguísticas que guiam tais críticas, avaliando os efeitos que produzem nos projetos políticos interessados em defender os direitos de grupos sociais marginalizados. Para nossas análises, utilizamos os construtos teórico-analíticos de iconização, recursividade fractal e apagamento (GAL & IRVINE, 2019). Os resultados do estudo indicam que modos de resistência orientados por ideologias linguísticas que defendem um ideal puro de língua endossam sentidos negativos associados aos recursos linguísticos populares e, por extensão, às categorias sociais dos/as excluídos/as. Defendemos as ideologias linguísticas das misturas (PINTO, 2013; FABRÍCIO & MOITA LOPES, 2019) como um caminho possível para pensarmos práticas de resistência política que sejam, de fato, comprometidas com pautas inclusivas e de justiça social.

Ressignificar e resistir: a Marcha das Vadias e a apropriação da denominação opressora

Artigo, 2019

Este trabalho, embasado na sociolinguística crítica e na Teoria Dialógica do Discurso, analisa a ressignificação do adjetivo opressor proposta pelo movimento Marcha das Vadias. Assim, primeiramente, são discutidos dois temas polêmicos para a sociolinguística: o direito de nomear e a ressignificação voluntária. Após, verifica-se alguns aspectos da linguagem feminista, como a valorização do uso das formas femininas e o jargão enquanto ferramenta de exclusão. Por último, analisa-se a argumentação das organizadoras da Marcha sobre a apropriação consciente da adjetivação opressora (do termo “vadia”). Observa-se que tal adjetivo, quando utilizado pelas participantes da Marcha, é esvaziado de sentidos presentes em sua origem etimológica enquanto vocábulo brasileiro racista (para designar escravizados) e classista (para designar prostitutas), embora tente ressignificar o seu sentido machista, relativo à promiscuidade da mulher.

Democracia e luta antimanicomial: imagens de uma disputa incessante

Argumentum

Na política contemporânea brasileira, um panorama de suspensão de direitos ameaça as conquistas do movimento antimanicomial. Atentos ao contexto que se impõe e ao consequente enfraquecimento de práticas coletivas e militantes, o presente artigo busca refletir sobre as disputas que envolvem Estado, democracia e luta antimanicomial e explorar formas de enfrentamento ao cenário atual. Para tanto, partimos metodologicamente da experiência de uma estudante de psicologia, suas primeiras inserções de estágio, seu posterior trabalho na rede de saúde mental, e ainda, sua vivência no movimento antimanicomial. Aliados ao pensamento de autores como Gilles Deleuze, Judith Butler e Suely Rolnik, concluímos que os caminhos ligados à ocupação da cidade são modos imprescindíveis de embate frente à desvalorização da vida e ao estigma da loucura. Palavras-chave: Democracia. Luta Antimanicomial. Cidade.