Trabalhadores negros e o "paradigma da ausência": contribuições à História Social do Trabalho no Brasil (original) (raw)
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Trabalhadores negros na origem da política social brasileira
Revista Em Pauta, 2020
A origem da política social no Brasil tem sido atrelada a três segmentos de trabalhadores: ferroviários, marítimos e portuários. A proposta deste artigo é identificar a composição étnica e racial destes segmentos entre o século XIX e início do XX, evidenciando os trabalhadores negros. Além disso, a pesquisa bibliográfica no campo da história social do trabalho foi orientada por metodologia qualitativa. A conclusão atesta a significativa presença dos trabalhadores negros, bem como de suas próprias formas de proteção e sociabilidade afro-diaspóricas, sua organização sindical e o significado das primeiras formas institucionais de política social. Palavras-Chave: política social; trabalhadores negros; previdência social; raça; etnia.
Revista Territórios & Fronteiras (UFMT), 2021
Resumo: Esse artigo analisa pesquisas recentes sobre trabalho doméstico não remunerado, no campo da História, apresentadas em congressos científicos. A análise se moveu pela percepção de que os trabalhos que abordam o tema são raros na produção historiográfica. Assim, se questionam as razões pelas quais a historiografia, com amplo campo de produção teórica sobre o tempo, e empírica sobre o trabalho e o cotidiano têm, apesar disso, encoberto o tempo e o trabalho não remunerado das mulheres. As disputas que afastaram o trabalho doméstico das noções de trabalho e valor guiarão o debate.
Outros sujeitos: trabalhadores e associativismo negro nos mundos do trabalho
Revista Angelus Novus
A história social do trabalho produzida no Brasil tem passado por importantes transformações nos últimos anos. Uma das promessas dessa renovação historiográfica é a inclusão dos trabalhadores negros na história social do trabalho. Trata-se de uma questão que vem sendo enfatizada por diversos autores nos últimos anos e alguns têm ido além da mera defesa dessa concepção, denunciando e chamando a atenção, justamente, para como os trabalhadores negrosprincipalmente durante a vigência da escravidão-continuam excluídos da história do trabalho. Deste modo, o objetivo do artigo é rever as interpretações tradicionais que postulam uma separação radical entre a história da escravidão e da liberdade e a história do trabalho, de modo a relacionar a experiência dos trabalhadores negros (escravizados, libertos e livres) com a dos trabalhadores ditos "livres" durante as últimas décadas da escravidão e no pós-abolição. Por fim, o texto aponta o papel do associativismo negro nos mundos do trabalho e as possibilidades investigativas que essa experiência social pode colocar ao campo temático. Palavras-chave Historiografia do trabalho-Trabalhadores negros-Associativismo negro.
Trabalho Preto, instituições brancas: a pessoalidade racializada na relação de emprego no Brasil
Revista Teoria Jurídica Contemporânea, 2021
Este artigo jurídico-descritivo visa demonstrar que os trabalhadores negros não possuem o atributo da humanidade em uma perspectiva ontológica da relação de emprego no Brasil, não se enquadrando, portanto, no elemento fáticojurídico da pessoalidade. Juridicamente, o sujeito negro não é mais escravizado, mas a relação formativa colonial de violência ontológica que construiu a antihumanidade negra permaneceu, sustentada por instuições brancas que são fruto da modernidade eurocêntrica, inclusive a relação de emprego. Nesse sentido, pretende-se investigar a não humanidade de pessoas negras sob o marco teórico do afropessimismo e dos estudos decoloniais, discutindo-se conceitos centrais como trabalho ontológico e a ficção do progresso racial. Em seguida, examina-se a relação entre a anti-humanidade das pessoas negras e o elemento fático-jurídico da pessoalidade na relação de emprego no Brasil. Por fim, breves trajetórias dissidentes na epistemologia do direito do trabalho são consideradas sob o método jurídico-especulativo. Palavras-chave: Direito do Trabalho brasileiro. Relação de emprego. Pessoalidade. Afropessimismo. Decolonialidade.
História Social do Trabalho no Brasil: conversa com Alexandre Fortes
Durante a realização da I Jornada de História do Trabalho na Amazônia, o GT Mundos do Trabalho Amazonas, em parceria com o GT Mundos do Trabalho Amapá, entrevistou o historiador Alexandre Fortes, professor na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e um dos precursores da renovação nos estudos sobre história do trabalho no Brasil nos últimos anos. Fortes é autor de livros e artigos que versam sobre organizações de trabalhadores, sindicalismo, trabalhismo, além de diversas publicações e análises sobre política, cidadania e democracia na atualidade.
A MULHER NEGRA E O MERCADO DE TRABALHO: REFLEXÕES ANTIGAS, LUTAS ATUAIS
RESUMO: A intenção de artigo crítico é analisar a trajetória da mulher negra no mercado de trabalho a partir das análises desenvolvidas por Beatriz Nascimento e Lélia Gonzalez. Identificar os dispositivos de racialidade que perpetuam na linha histórica. Entender os mecanismos de estratificação social que na visão das pesquisadoras, formara um pano de fundo importante para analisarmos a situação da mulher negra no Brasil. Entender como o processo de modernização disponibilizou oportunidades ou encurralou a mulher negra para um local de desigualdades, onde a luta e a necessidade de posicionamento acerca da sua sexualidade e de sua cor, foram essenciais identificação de marcos importantes para que o Brasil estabelecesse políticas públicas afirmativas para que um caminho rumo a equidade social pudesse ser iniciado.
Afro-Ásia
E ra domingo, 19 de agosto de 1906. Apesar da desanimaqiio do mer-cad0 de cafe, cujos preqos estavam em baixa, entraram naquele dia 11.623 sacas no Rio de Janeiro. Na Chacrinha' , centro do comercio cafeeiro, as vendas em tibua foram apenas regulares, pois os co~nissirios tornaram-se exigentes e os compradores niio cederam. Em todo caso, co~no as noticias dos centros de consumo foram mais favoriveis, o mercado funcionou sustentado, embora depreciado nas cotaqijes que niio se restabeleceram. Na vizinhanqa do porto, alheias a estas ques-t8es, muitas pessoas subiram o morro para participar dos festejos da padroeira da Igrejinha de Nossa Senhora da Saude. Pela manhii, missa solene. A tarde, procissiio pelas principais ruas do bairro, e depois, ao lado da capela, lei120 de prendas e os prazeres mundanos das danc;as puxadas por uma banda da policia rnilitar.' A festa durou ate 2 noite sem provocar confusiio. e a semana terminou tranqiiilamente para ricos, Trabalho parcialmcntc apoiado pel0 CADCTIUFBA atravCs do prograina PRODOC. Parte deste artigo foi apresentada na l~n h a de pc5quisa Escr~v~dBo e Invenciio da Liberdade do Mestrado em H1st6i1a da UFBA; agradego aos p,trt~cipantes pelos comentArios. ** Professora do Departamcnto de C i h c i a Politica e do hleslmdo em Hist6rla da UFBA ' Forina populai de des~gnar o quadrilhtero foimado pelas ruab Jos Bened~r~nc~\. S3o Bento, RosArio, V~seonde de Inhauma e Prainha e que ela o e p~c e n t~o dos negirclob c.11relros.
Relações raciais e histórias de vida: trabalhadores industriais negros em foco
Organizações & Sociedade, 2020
Resumo A construção das identidades negras no Brasil é marcada por uma série de lutas que influenciaram diretamente os avanços institucionais recentes em relação à temática, além de contribuírem para a desconstrução do mito da democracia racial. O objetivo deste artigo é compreender e analisar como se apresentam elementos relacionados às relações raciais nas histórias de vida de trabalhadores industriais negros. Para isso, é empreendido um debate sobre elementos que marcam a construção das identidades negras no Brasil, bem como sobre a ideia de democracia racial. A partir do método indutivo, os dados foram produzidos com base em histórias de vida, material trabalhado mediante a análise estruturalista do discurso, em especial no que diz respeito aos elementos sócio-históricos que permeiam os discursos. Os dados apresentam as relações raciais nas histórias de Leila e Clóvis, sujeitos da pesquisa, sendo a primeira marcada por uma posição política quanto à miscigenação, e o segundo por ...