A polifonia nas manchetes de jornal (original) (raw)
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O jornal como fonte de pesquisa historica: entre o monologismo e a polifonia
A pós-modernidade implicou transformações nos diversos campos do conhecimento acadêmico. Esses câmbios também foram sentidos no campo do jornalismo, aonde uma retrospectiva crítica conduziu a reflexão sobre a forma de compor os produtos midiáticos, abrindo caminho para a construção de um texto jornalístico polifônico. Os jornais impressos, antes desprezados pelos historiadores, passaram a ser reconhecidos como importantes fontes de pesquisa histórica e antropológica. Após analisado e desconstruído, o texto jornalístico permite abordagens em diversos campos de pesquisa, como o das representações ou das construções sociais. O presente ensaio discute esses pressupostos teóricos, aplicando-os em um estudo de caso baseado no conflito ocorrido na Serra da Bodoquena (MS) na década de 1980.
Jornalismo e polifonia: problematizações conceituais e metodológicas
The heuristic potential of the concept of polyphony in journalism has been weakened by the presumption that a news story would be polyphonic by definition. This assumption guide two different theoretical approaches. One tends, in what we call “theoretical naivety,” to consider the simple presence of various sources as a guarantee of diverse viewpoints. The other, which we call “methodological formalism”, deals with the interconnections between journalism and polyphony seeking the polyphonic traits in journalistic narratives through the logic of enunciation and discourse analysis. Starting from Bakhtin’s presumption that polyphony is the immiscible concert of social voices, the article aims to indicate theoretical and methodological elements which are able to indicate the heuristic potential of the concept when it is related to journalism, considering especially the role of informative textuality, the characters and the news media.
Jornalismo e polifonia: problematizações conceituais e metodológicas 1
A polifonia no jornalismo entre a ingenuidade teórica e os riscos metodológicos R etomar o conceito bakhtiniano de polifonia para apreender os modos como vozes sociais são dadas a ouvir ou são silenciadas pelo jornalismo já consti-tui uma das tradições dos estudos jornalísticos, ora com preocupações mais centradas nas questões em torno das enunciações, ora na pressuposição acrítica de que a mera presença de mais de uma fonte seria suficiente para garantir a diversidade de vocalização social nas tramas noticiosas. Embora sem a pretensão de fazer um levantamento extensivo dos muitos estudos nessa área de preocupação, é possível identificar algumas tendências recorrentes, com suas contribuições mais esclare-cedoras e os limites que, nelas identificadas, possibilitem a proposição de novas abordagens. Destaque-se que tomamos como ponto de partida que o jornalismo encontra-se socialmente envolto em permanentes negociações de sentido sobre os acontecimentos narrados, situando-o como um importante ator social que negocia com uma série de outros atores sociais visões de mundo (Carvalho, 2012) e que essa condição é particularmente importante para a identificação do possível caráter polifônico em uma narrativa jornalística específica ou a partir de uma mídia noticiosa mais amplamente escrutinada. Certamente o equívoco mais comum em pesquisas sobre as interconexões entre jornalismo e polifonia está na proposição de que aquele, ao cumprir um de seus pressupostos-ao menos em tese-de ouvir todas as partes envolvidas em ALCEU-v. 16-n.31-p. 155 a 170-jul./dez. 2015 155
Polifonia e modalização na Tradição Discursiva “Aviso de cobrança” nos jornais do século XIX
2018
O objetivo deste artigo éanalisar a polifonia e a modalização no aviso de cobrança presente no jornal do Brasil do século XIX, recursos que favorecem na consolidação do gênero como uma tradição discursiva de interação comercial e oficial. Para esse trabalho, nos servimos dos pressupostos teóricos do modelo da Tradição Discursiva (KABATEK, 2005, LOPES, 2011, entre outros) e da Teoria da argumentação (DUCROT, 1984: 1988), dentre outros, que tratam da polifonia e da modalização. Tivemos como corpus a escolha de 05 avisos de cobrança coletados nos jornais, presentes nos acervos da Casa Fundação José Américo, João Pessoa, PB. A polifonia e a modalização, nos avisos de cobrança, são recursos linguísticos e argumentativos que contribuem para que as relações estabelecidas entre os credores e devedores se realizem de maneira cordial e/ou ameaçadora, neste gênero. Apontamos como resultado desta pesquisa que há, no aviso de cobrança, um locutor que pede e, ao mesmo tempo cobra, ou seja, há vozes que se justapõem. E isto pode ser atestado pela constante coocorrência da modalização deôntica volitiva e de obrigatoriedade, sobretudo no aviso de cobrança comercial. Entretanto, a voz que se sobressai é a voz da cobrança, ou seja, a real intenção do locutor, objetivo do gênero e desta Tradição Discursiva.
Palíndromo, 2020
Considerando a participação e a experiência social elementos fundamentais para grande parcela da arte contemporânea, o presente artigo elenca a voz, ou ainda, o elemento da fala, do discurso e do relato, como pontos de atualização da tensão artista-obra-público, por meio da análise da instalação VOZ ALTA (2008) do artista Rafael Lozano-Hemmer. É a fala e a escuta, e seus respectivos processos de tradução da linguagem, que configuram as polifonias desta obra sonora diante a problemática latino-americana dos limites – e também, dos poderes - do dizer hoje.
A intersecção de vozes: a polifonia em capas do caderno Polícia do Diário do Pará (2013)
Revista Anagrama, 2015
O presente estudo apresenta uma análise, de acordo com os conceitos da Análise do Discurso de Dominique Maingueneau (2008), da capa de duas edições do caderno Polícia, editoria de notícias “policiais” do jornal Diário do Pará, cujas publicações são do dia 4 do mês de julho e de agosto de 2013. O objetivo deste trabalho é mostrar, por meio de um estudo de caso, como a polifonia, ou a presença de várias “vozes” no discurso, constitui-se e manifesta-se no corpus a ser analisado. Com o objetivo de estabelecer uma melhor compreensão da análise, aplicamos apenas alguns conceitos distinguindo, assim, as vozes presentes, as modalizações realizadas e os recursos de introdução dos discursos, bem como a captação de discursos, expressos no discurso jornalístico das capas selecionadas.
Revista Polyphonía – breve histórico
Anais do Abec Meeting 2018
RESUMO Neste trabalho procuramos apresentar um breve histórico da Revista Polyphonía, da Universidade Federal de Goiás(UFG). Nascida como "Solta Voz", nos anos 1980, era um boletim de professores do Colégio de Aplicação da UFG, se tornando um periódico acadêmico nos anos 1990. Com intuito de fazer dela uma publicação referência na área de ensino, nos anos 2010, é reformulada, passando a se chamar "Polyphonía". Organizada na forma de dossiês temáticos, esse periódico hoje está vinculado ao Programa de Pós-graduação em Ensino na Educação Básica e tem como objetivo ser um espaço para divulgação científica, contribuindo com a formação de professores e pesquisadores, bem como com a melhoria da Escola Pública brasileira.
Olhares de crianças a relevar a polifonia da cidade
Psico-USF, 2013
Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa que teve por objetivo compreender os sentidos atribuídos por crianças às relações que estabelecem com a cidade. Os recursos metodológicos para coleta de informações consistiram na realização de uma Oficina de Fotografia seguida de entrevistas para leitura das imagens produzidas. Discute-se aqui reflexões sobre o que apresentam os discursos e imagens fotográficas produzidos pelas crianças, analisados à luz do enfoque histórico-cultural em Psicologia e das contribuições de autores do Círculo de Bakhtin. Os resultados indicam que as crianças reconhecem haver circunstâncias em que ocupam uma situação de exclusão social, pois criticam tais circunstâncias e seus efeitos. Todavia, entendem que o bairro em que residem oferece benefícios para seus moradores. Conclui-se que a cidade em que se deu a pesquisa permite o agenciamento de múltiplas possibilidades, pois com fronteiras e sentidos intercambiantes, caracteriza-se por sua condição polifôn...
A propósito dos livros de polifoniA impressA existentes nA BiBliotecA GerAl dA UniversidAde de coimBrA Uma homenagem ao musicólogo pioneiro manuel Joaquim (1) O património musical português poderá muito bem ser uma das principais riquezas culturais do país. Esta é, no entanto, uma afirma ção que, hoje, para poder ser conjugada no Presente, carece ainda de fundamento. De facto, não deixa de ser curioso que, em 2011, a comu nidade científica portuguesa não tenha uma ideia minimamente precisa do espólio musical nacional. Neste início da segunda década do século XXI, Portugal não dispõe de um catálogo (ou sequer de um inventário)
Sobre a polifonia cultural de língua portuguesa
e-cadernos CES, 2008
Ao falarmos da relação entre os países de língua portuguesa, torna-se difícil evitar o conceito de lusofonia, aqui entendido como: a prática e a teoria de se aceitar que os falantes e escreventes de língua portuguesa constituem uma comunidade linguística, nela reconhecendo, por via da língua, uma herança comum e um projecto cultural, político e económico que poderá também ser, cada vez mais, comum de oito países independentes, mais comunidades de emigrantes espalhadas pelo mundo (Laranjeira, 2002: 12). Neste sentido e na senda do que temos vindo a defender nos últimos tempos, 1 quando se fala em lusofonia, geralmente cai-se em três falácias: a da História em comum, a da Língua em comum e a da Cultura em comum. É, pois, perigoso uniformizar os países de língua portuguesa em qualquer tipo de campo. No que aqui nos diz respeito, a falácia da cultura em comum, se, por um lado, a realidade da globalização em que vivemos tende a uniformizar alguns aspectos culturais, por outro, os contextos históricos e geográficos contribuem para a peculiaridade de cada cultura. Não podemos esquecer, no entanto, a variedade interna de cada cultura. Facilmente se chega à constatação de que há muitos Moçambiques, Portugais, Brasis, Angolas, etc. Quando os europeus chegaram à África ou à América-latina, estas já se mostravam híbridas e múltiplas. O surgimento de um novo sujeito cultural africano ou brasileiro forma-se, depois, através do diálogo 'Eu-Outro' e entre duas temporalidades: o passado autóctone e o presente africano-ocidental e brasileiro-ocidental. Assim, é de destacar, por exemplo, a importância da miscigenação, da tradição oral e da oraturização da escrita na maior parte dos países onde se fala a língua portuguesa fora de Portugal. No entanto, apesar da língua em comum, a forma de expressão é diferente. O imaginário de um escritor africano pouco tem que ver com o de um europeu ou de um sul-americano. Mas há um corpus cultural universal, devido, sobretudo, à globalização. Ainda assim, é mais do que sabido que uma língua é veículo de cultura e que cada Sobre a polifonia cultural de língua portuguesa e-cadernos ces, 02 | 2008