Comemorações do 25 de Abril: política e memória (1975-1986) (original) (raw)
À memória do meu avô Joaquim Severino Quinze-Reis (1920-1997), minha eterna referência na resistência à ditadura salazarista pelo proletariado alentejano. 2 Resumo A presente dissertação de mestrado, intitulada Comemorações do 25 de Abril: Política e Memória (1975-1986), visa estudar as práticas comemorativas subjacentes ao 25 de Abril. Na análise que fizemos sobre as ritualizações desta efeméride, quisemos compreender como se processaram as comemorações, buscando linhas de continuidade em relação ao passado e/ou eventuais inovações introduzidas ao nível das práticas rituais associadas à rememoração históricaou seja, perceber que evolução houve na memorialização do passado, e que tipos de mensagem política que se tenha procurado, dessa forma, veicular. Os problemas centrais a que procuraremos dar resposta ao longo da nossa tese são, pois, os seguintes: Que transformações houve na memória do 25 de Abril? Quais as continuidades e inovações? Que figuras e acontecimentos históricos do passado foram evocados? Tendo em vista responder a estas perguntas, delimitámos o nosso objecto de estudo com duas balizas cronológicas bem definidas: a primeira, em 1975, marca o primeiro aniversário da revolução (simultâneo, aliás, da eleição da Assembleia Constituinte, encarregada de redigir o novo texto constitucional, aprovado cerca de um ano depois); a segunda, 1986, é justificada com a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (C.E.E.), ponto de viragem significativo, de diversos pontos de vista, na história recente. Este estudo baseia-se sobretudo em periódicos de diferentes tendênciasentre os quais destacamos o Diário de Lisboa, República, Jornal Novo, Expresso, O Dia ou O Diabo-, bem como memórias dos intervenientes e ainda documentários audiovisuais que foram produzidos sobre o período em causa.