Religiões de Matriz Africana no Pará: entre a política e o ritual (original) (raw)
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Sentidos Produzidos sobre Religiões de Matrizes Africanas no Cárcere Baiano
Resumo: Neste texto, buscamos compreender os sentidos produzidos e as práticas discursivas a respeito das religiões de matrizes africanas construídas no sistema prisional baiano. A pesquisa teve como contexto três unidades prisionais do Complexo Penitenciário Lemos Brito, na cidade de Salvador, em que foram entrevistados agente religioso, custodiados e agentes penitenciários/as. Utilizamos teórica e metodologicamente os princípios da Psicologia Social Construcionista e análise categorial temática. Os resultados apontam para diversos sentidos positivos direcionados às religiões de matrizes africanas no cárcere, corroborando com a literatura atual, embora a maioria dos estudos revisados abordem majoritariamente religiões cristãs. Nesse particular, o estudo traz uma contribuição especifica por focalizar as religiões de matrizes africanas e alguns dos sentidos identificados circunscrevem demonização e desautorização das religiões de matrizes africanas, institucionalizado informalmente, com base na intolerância religiosa e no racismo, o que requer uma postura do Estado que garanta a efetividade da legislação de liberdade religiosa, baseado em preceitos laicos e de promoção de direitos humanos. Palavras-Chaves: Intolerância Religiosa. Racismo Institucional. Sistema Penitenciário. Psicologia Social. Práticas discursivas. Abstract: In this text, we seek to understand the senses produced and discursive practices regarding the religions of African matrices built in the Bahian prison system. The research had as context three prison units of the Penitentiary Complex Lemos Brito, in the city of Salvador, in which were interviewed religious agent, guarded and prison agents. We use theoretically and methodologically the principles of Social Constructor Psychology and thematic categorical analysis. The results point to several positive senses directed at the religions of African matrices in the prison, corroborating with the current literature, although most of the studies reviewed mainly address Christian religions. In this regard, the study makes a specific contribution by focusing on the religions of African matrices and some of the identified meanings circumscribe demonization and disauthorization of religions of African matrices, institutionalized informally, based on religious intolerance and racism, which requires a state stance which guarantees the effectiveness of religious freedom legislation, based on lay precepts and the promotion of human rights.
Religiões De Matriz Africana e a Intolerância Religiosa
Cadernos Do Lepaarq, 2014
Este artigo aborda questões relacionando a Antropologia Jurídica e a Antropologia da Religião, criando uma conexão entre estas áreas por meio da temática religiosa. Este tema se insere em uma discussão mais ampla sobre a relação entre o Estado-Nação e a liberdade religiosa, em que o Estado a partir do principio da laicidade, assume o papel de regulador da diversidade das manifestações religiosas, operando a partir de determinadas noções do que é religião, que não necessariamente são apresentadas de forma explícita. Assim, adota-se como objeto de estudo as diversas manifestações de intolerância em relação às religiões afro-brasileiras dentro do campo religioso como em relação ao espaço público e os aparatos do Estado. O motivo de o meu estudo ter como foco a intolerância religiosa foi trazer para a pesquisa acadêmica a importância da interface entre o estudo antropológico e o campo jurídico, a partir da elucidação dos conflitos do campo afro-religioso.
Ethnoscientia
As plantas, no universo das religiões de influência africana, apresentam grande valor por serem utilizadas para propósitos ritualísticos e de rotina pelas comunidades dos terreiros. Neste sentido, este estudo foi realizado com o objetivo de compreender e analisar a etnobotânica nas religiões de Umbanda e Candomblé com fins medicinais, indicadas pelo babalorixá e citadas nos formulários respondidos por 20 participantes. Foram realizadas visitas para coleta de dados a fim de preparar um catálogo com os seguintes itens: nome científico, família botânica, nome popular, uso religioso e terapêutico, seguida de imagens de cada espécie presente no quintal do terreiro ILé Àse Tobi Babá Olorigbin, localizado na cidade de Ituiutaba, Minas Gerais. Os resultados possibilitaram compreensão dos benefícios que os rituais e a utilização de plantas promovem, melhorando qualidade de vida e levando bem-estar aos praticantes da religião. Por fim, este estudo contribuiu para registrar os conhecimentos e ...
Religiões De Matrizes Africanas No Contexto Escolar
Imagens da Educação, 2021
Este texto tem como objetivo mapear produções científicas que abordam a religiosidade de matriz africana como fonte de segregação e silenciamento no contexto escolar. A metodologia utilizada é de natureza qualitativa, com triangulação de dados, permitindo observar o fenômeno de vários ângulos e comparar entre si dados de diferentes fontes. Como resultados, identificamos trabalhos que cujo foco foi a cultura e religiosidade de matriz africana no contexto escolar; o empoderamento feminino nas religiões de matriz africana; as tensões entre religiões de matrizes africanas e escola. O mapeamento aqui empreendido demonstra o compromisso da comunidade científica na reflexão do tema, evidencia, também, os empenhos de pesquisadores em divulgar a construção de novas práticas pedagógicas, novas matrizes curriculares, a busca pela transformação da sociedade o reconhecimento dos sujeitos e seus lugares de pertencimentos, inclusive com indicativos de novas análises a serem realizadas.
Búzios Nas Culturas e Religiões De Matriz Africana
2021
Resumo: Nas comunidades de diferentes grupos étnicos do "continente-mãe" África e seus descendentes (nas suas múltiplas diásporas), destaca-se a apropriação e intenso uso de carapaças calcárias de gastrópodes marinhos ("búzios"). Tentamos reconstruir um panorama historiográfico de algumas das conexões ecológico/culturais e das implicações, associadas aos "búzios" nas culturas e religiões de matriz africana. Procuramos traçar conexões entre estes dados e diversas áreas e campos específicos das Ciências da Natureza, como potenciais aportes para constituição de conteúdos e metodologias para a ERER-Educação para as Relações Étnico-Raciais, discutindo equívocos interpretativos e campos promissores. Além de um exercício de pesquisa, compreendemos este ensaio como um esforço na discussão de cenários e processos socioambientais e político-econômicos ocultados pela historiografia oficial, repetidos aos estudantes de todos os níveis de escolaridade e, ousamos sugerir-caminhos epistemológicos-, considerando o potente "diálogo de saberes" que se encontra impregnado nos "búzios" marinhos, com temáticas que se entrelaçam e convergem entre si. Tal exercício pode ser bastante profícuo, e adaptado a outros temas, na análise da História através das diversas Ciências, como contribuição ao adensamento crítico nos conteúdos e propostas pedagógicas para/na ERER.
Revista NUPEM, 2022
Detentoras de valores civilizatórios que expressam sua importância para a sociedade brasileira como um todo, busca-se discutir, neste artigo, as religiões de matrizes africanas como um contínuo com o continente africano. Esse cenário nos permitiu abordar, a partir do discurso de adeptos da região de Marabá, no estado do Pará, a necessidade de essas religiões ocuparem espaços públicos e de controle social para o avanço da igualdade racial. Para tanto, utiliza-se da história oral no registro das falas de seus participantes e da pesquisa participante pela articulação acadêmica e política. O trabalho analisa as diferentes formas de representação e identidade religiosas dialogando com a construção de políticas públicas e as formas de atuação das quais a população negra se utiliza para manter sua relação com a ancestralidade africana pelas comunidades tradicionais de terreiros, evidenciando a necessidade de construir nos espaços públicos outras narrativas.
2019
O presente artigo tem como foco central, ressaltar o terreiro como espaco marginal que integra corpos marginalizados – no caso especifico desta pesquisa, as travestis – entendendo assim, que o terreiro e um espaco plural passivel de qualquer dinâmica relacionada a construcao de espacialidades integradoras e abertas, possiveis de vivencias diversas. A Geografia com enfoque na religiao, juntamente com a perspectiva de genero, pode ser capaz de explicar as relacoes de subversao e/ou de acolhimento por parte de grupos religiosos no que se refere a introducao de grupos sociais marginalizados da sociedade normativa. A partir desta perspectiva, uma das possibilidades diante da composicao do espaco religioso por relacoes sociais diferenciadas de genero, pode ser relacionada diante de uma analise social e cultural dos pressupostos da diferenciacao de crencas.
A não valorização das religiões de Matriz Africana no Sistema Prisional
Dignidade Re-Vista, 2017
Este estudo parte das leituras bibliográficas voltadas ao sistema prisional e as religiões. Demonstra o quanto o preconceito e discriminação acontecem dentro e fora das prisões com as religiões de matriz africana e aponta o forte crescimento das instituições cristãs que desejam converter os detentos. This study starts from the bibliographical readings focused on the prison system and religions. Understand how prejudice and discrimination happens in and out of prisons with african matrix religions and point to the strong growth of christian institutions wishing to convert detainees.
Intolerância Religiosa e a Demonização De Religiões De Matriz Africana Na “Pandemônia”
Revista Relegens Thréskeia, 2021
Identifica-se o racismo como problema estrutural da sociedade ao cotejar os casos de violência e preconceito contra as religiões de matrizes africanas no Brasil, O trabalho analisa a intolerância religiosa como reflexo do processo de colonização do país que ainda reflete no comportamento fenomenológico da atualidade pelo processo de demonização de determinadas entidades. Exu é uma das figuras que melhor representa o afastamento imposto sobre as culturas africanas, o que inclusive condiciona sua incompreensão por parte da população brasileira, predominante negra. A demonização desta divindade africana em específico, retrata heranças da moralidade e medos europeus estimulados durante a Idade Média, ligados principalmente à doenças e à sexualidade. Atributos pejorativos a Exu, como “Exu Corona” ou “Pandemônia”, indicam processo de demonização de divindades de religião de matriz africana como forma de canalizar angústias sociais para ganhos próprios. O processo de educação religiosa pod...