O Banquete e o Simpósio Antigos como Oportunidades Educacionais: A Perspectiva de Ateneu de Náucratis (2022) (original) (raw)

O Ateneu

Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro http://www.bibvirt.futuro.usp.br A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins educacionais. Este material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as informações acima sejam mantidas. Para maiores informações, escreva para bibvirt@futuro.usp.br. Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto. Se você quer ajudar de alguma forma, mande um e-mail para bibvirt@futuro.usp.br e saiba como isso é possível. O ATENEU Raul Pompéia I " Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta. " Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo — a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida. Eu tinha onze anos. Freqüentara como externo, durante alguns meses, uma escola familiar do Caminho Novo, onde algumas senhoras inglesas, sob a direção do pai, distribuíam educação à infância como melhor lhes parecia. Entrava às nove horas, timidamente, ignorando as lições com a maior regularidade, e bocejava até às duas, torcendo-me de insipidez sobre os carcomidos bancos que o colégio comprara, de pinho e usados, lustrosos do contato da malandragem de não sei quantas gerações de pequenos. Ao meio-dia, davam-nos pão com manteiga. Esta recordação gulosa é o que mais pronunciadamente me ficou dos meses de externato; com a lembrança de alguns companheiros — um que gostava de fazer rir à aula, espécie interessante de mono louro, arrepiado, vivendo a morder, nas costas da mão esquerda, uma protuberância calosa que tinha; outro adamado, elegante, sempre retirado, que vinha à escola de branco, engomadinho e radioso, fechada a blusa em diagonal do ombro à cinta por botões de madrepérola. Mais ainda: a primeira vez que ouvi certa injúria crespa, um palavrão cercado de

O Banquete à luz das reflexões sobre a arte retórica do Fedro

O Banquete à luz das reflexões sobre a arte retórica do Fedro, 2022

Esta dissertação pretende, através da aplicação de um conjunto de preceitos metodológicos hauridos junto ao diálogo Fedro, de Platão, apresentar uma interpretação da função dos cinco discursos que antecedem o encômio de Sócrates no Banquete, da relação dialógica entre tais discursos e de seu discurso com os anteriores. No primeiro capítulo o problema é enunciado, as soluções existentes na bibliografia são expostas e comentadas, com especial ênfase nas interpretações de três comentadores. No segundo capítulo mostramos que os cinco discursos iniciais dialogam entre si e com o de Sócrates em dois níveis, o conceitual e o metodológico. Tal "diálogo" se traduz em uma estrutura dialógica implícita que organiza cada discurso e os articula entre si. O objetivo do capítulo é tornar explícita essa estrutura dialógica. No terceiro capítulo, dando ouvidos ao preceito da técnica retórica correspondente ao discurso de Sócrates, apresenta-se uma caracterização da natureza do filósofo tal como delineada paradigmaticamente no discurso de Diotima, evidenciando que tal natureza é moldada por meio do exercício da dialética ao modo socrático e pela prática do Amor Ascensional à Ideia da Beleza, que culmina em um enobrecimento da alma e consequente boa disposição à prática voluntária da excelência, e inspira o filósofo a abdicar da busca pela eudemonia pessoal entendida como desejo de possuir para sempre o que é bom para si. Em vez disso, o filósofo prefere praticar ações nobres, mesmo que venha a sofrer por conta disso. Por fim, a última seção do capítulo trata da relação entre as noções arcaicas de dêmone, deus e teoria e sua relação com as Ideias.

Plenarinho: novos paradigmas para novas gerações

Resumo: Este estudo faz um resgate histórico do programa infantojuvenil Plenarinho, da Câmara dos Deputados, e documenta o processo de reflexão sobre seu propósito. Analisa-se o que é oferecido pelo Portal Plenarinho na internet, nas dimensões tecnológica, comunicacional, educacional e política. Em seguida, avaliam-se os projetos inscritos no Câmara Mirim, observando-se o letramento político das crianças, segundo requisitos de Crick (1998). A metodologia consiste em pesquisa documental e análise de conteúdo. Os resultados mostram a evolução do programa, referência no Brasil e no mundo, e os desafios que ainda se impõem para sua continuidade, pertinentes tanto para a literatura quanto para a realização de iniciativas semelhantes. Abstract: Plenarinho is the program of Brazilian Chamber of Deputies for children. This paper documents its history and the reflection process about its purpose. It analyzes what Plenarinho offers in its portal on the internet, through the dimensions of technology, communication, education, and politics. After this, it evaluates the bill propositions sent to the contest " Câmara Mirim, " observing the political literacy of children, according to Crick's requirements (1998). The methodology consists of documentary research and content analysis. The results show the evolution of a program that is a reference in Brasil and the world, as well as the challenges it still needs to face to keep going, which are relevant for both literature and similar initiatives.

O Ateneu, colégio sem saída

Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros, 2016

O Ateneu (1888) é o terceiro e último livro que Raul Pompeia viu publicado: antes dele, vieram Uma tragédia no Amazonas (1880), custeado pelo escritor de apenas 17 anos, ainda aluno do colégio Pedro II, e As joias da Coroa (1882), chistoso roman à clef envolvendo a família imperial. Cite-se, de passagem, a plaquete Carta ao autor das Festas nacionais (1893), introdução a Festas nacionais, de Rodrigo Otávio, lançado no mesmo ano. Postumamente, surgiram as Canções sem metro (1900), editadas cinco anos após o suicídio do autor. Os dois títulos iniciais caracterizam-se pela receita folhetinesca, pródiga em ações, mistérios e mortes. Já O Ateneu, impresso de janeiro a março de 1888 em folhetins da Gazeta de Notícias, pouco ou nada preserva das marcas mais ostensivas desse suporte, pois seu interesse não recai na trama, mas nas memórias e reflexões do narrador-personagem Sérgio sobre os dois anos de internato no colégio homônimo ao romance.

O Ateneu, de Raul Pompéia, e o programa das escolas cívico-militares do governo Bolsonaro: espaço-tempo claustrotópico

DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), 2022

Resumo: Este artigo tem como objetivo contribuir com as inúmeras reflexões acerca dos rumos da educação brasileira. Fundamentados na teoria da semiótica discursiva, por meio da análise do tempo, do espaço e da ideologia na enunciação e no enunciado, apresentamos uma comparação entre o romance O Ateneu, de Raul Pompéia (1888), e as diretrizes das escolas cívico-militares (2019) do governo Bolsonaro. Acreditando que não só os espaços fechados encarceram, mas também (e principalmente) os discursos têm o poder de confinar, buscamos, ainda, analisar como as ideologias do presente revelam vestígios do passado e nos levam a questionar se estamos (re)existindo ou resistindo. Palavras-chave: semiótica discursiva; claustrotopia; ideologia; educação.

"O Ateneu", de Raul Pompeia, e sua recepção por Araripe Júnior no periódico "Novidades": crítica e bibliografia

Em Tese, 2022

Concebido e estruturado em dois eixos principais, este estudo visa, a partir de considerações de críticos contemporâneos como Terry Eagleton e Walter Moser, a reposicionar as análises de Araripe Júnior sobre "O Ateneu", obra de Raul Pompeia, publicadas no periódico "Novidades", nos anos de 1888 e 1889, sendo esta a primeira parte deste estudo. Por considerá-las seminais para a crítica pompeiana, refletimos sobre elas e incluímo-las entre o que consideramos “bibliografa de referência”, item presente no segundo eixo. Este, dedicado à bibliografia do romancista, divide-se em quatro itens: i) textos reconhecidamente referenciais para a compreensão da obra pompeiana; ii) publicações vindas à luz no ano de comemoração do centenário de nascimento do autor (1963); iii) publicações de 1995, ano de comemoração do centenário da morte do autor e, por fim, iv) publicações vindas à luz na década 2009-2019). Estas últimas, acreditamos, fornecem-nos algum parâmetro para a comprovação ou não da apreciação crítica de Raul Pompeia, sobretudo em universo acadêmico. PALAVRAS-CHAVE: Raul Pompeia; O Ateneu; Araripe Júnior; Novidades; crítica, bibliografia. ______________ RÉSUMÉ: Conçue et structurée en deux axes principaux, cette étude vise, à partir d’inflexions de critiques contemporaines tels que Terry Eagleton et Walter Moser, à repositionner les analyses d’Araripe Júnior sur L’Athénée, l’ouvrage de Raul Pompeia, publié dans le périodique Novidades dans les années 1888 et 1889, ce qui est la première partie de cette étude. Pour les considérer des éléments fondateurs de la critique pompéienne, nous y réfléchissons et les incluons parmi ce que nous considérons comme une “bibliographie de référence”, élément présent dans le deuxième axe. Celui-ci, consacré à la bibliographie du romancier, est divisé en quatre parties: i) des textes de référence reconnaissables pour la compréhension de l’œuvre pompéienne; ii) les publications mise à jour l’année du centenaire de la naissance de l’auteur (1963); iii) les publications de 1995, année de la commémoration du centenaire de la mort de l’auteur (1995) et, enfin, iv) les publications qui ont vu le jour dans la décennie 2009-2019. Ces dernières, nous pensons, fournissent quelques paramètres pour prouver ou non l’appréciation critique de Raul Pompeia, en particulier dans l’univers académique. MOTS CLÉS: Raul Pompeia ; L’Athénée ; Araripe Júnior ; Novidades ; critique ; bibliographie.

O Ateneu de Raul Pompéia: uma claustrotopia - espaço de discursos modeladores

2010

This paper analysis Raul Pompéia ́s novel “O Ateneu” under the perspective of the study of the space in literary work. The space in “O Ateneu” is revealed as a space of confinement and enclosure not only in the physical aspect, but also in the speeches it conveys. As a result, it is founded a space denominated claustrotopia, that represents the power diagram of the social relationships. It shows the transition from “normalization”, resulting from disciplinary power, to “regulation”, peculiar to biopower, whose objective is the massification. The fire, introduced in the last chapter of the novel, showing itself a more adequate instrument to break of the confinement, tearing apart the suffocant and oppressive space of the boarding school and its symbolic universe.