»Gênero: uma categoria útil« para a História do Direito Global? (original) (raw)

A utilidade da categoria “gênero” em análises históricas

Revista Café com Sociologia, 2018

Resenha da obra: MIGLIEVICH-RIBEIRO, Adelia. Heloísa Alberto Torres e Marina de Vasconcellos: pioneiras na formação das ciências sociais no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2015, 278pp., ISBN: 978-85-7108-404-9.

Gênero como categoria de análise decolonial

Resumo: Qual a função e o papel do gênero? Qual o significado do uso desse termo não apenas para os movimentos feministas, mas para a produção de conhecimento? Por que usar o gênero como categoria de análise para se pensar o " humano " ? Busco aqui pensar, cerca de 30 anos depois da publicação do texto cânone de Joan Scott, o que significa usar o gênero como categoria de análise quando perspectivas como a decolonialidade nos mostraram que o gênero pode ser uma forma de colonialidade e pode produzir discursos que escondem a multiplicidade da vivência das relações fora do sistema-mundo da colonial modernidade. Sustento ser o gênero uma categoria de análise capaz de desestabilizar o que é ser homem ou ser mulher apenas quando percebido não como uma categoria primária, secundarizando a raça, mas como categoria junto a ela produzida. Palavras-chave: Gênero. Feminismo. Decolonialidade. Raça. Abstract: What is the role and the usage of gender? What is the meaning of the use of this term not only for feminist movements, but for the production of knowledge? Why use gender as a category of analysis to think the " human " ? I try to think, about 30 years after Joan Scott's canonical publication, what it means to use gender as a category of analysis when perspectives such as decoloniality have shown us that gender can be a form of coloniality and can produce discourses that hide the multiplicity of the experience of relations outside the world-system of colonial modernity. I here argue that gender is a category of analysis capable of destabilizing what it is to be a man or to be a woman only when perceived not as a primary category, having race as secondary, but as a category with which it is produced.

Gênero: categoria útil para análise política de enfrentamento à violência contra mulher

Resumo: As mulheres que sofrem violência sexual são invisíveis, ou invisibilizadas, portanto para ter seu direito reconhecido devem ser "localizadas", "encontradas" ou virar visíveis ao Estado. O Brasil registra 180 casos de estupro por dia (IPEA, 2019). O Nordeste é uma das regiões do país que lidera esse ranking. Na contramão dessa realidade, o Maranhão é um dos estados com os menores índices desse tipo de violência. Em São Luís/MA existe a Casa da Mulher Brasileira. A Casa é a única do Nordeste em atividade, trata-se de um espaço público que concentra tanto serviços do poder judiciário, quanto serviços de atendimento psicossocial e inclusão ao mercado de trabalho. Este artigo, portanto, busca tencionar as categorias: Estado, Violência e Gênero, com o objetivo de pensar, na capilaridade do serviço e na plasticidade dos seus administradores no uso das novas leis e novas formas de servir, além de refletir como as redes são construídas, como a instituição interpreta, gera e classifica a realidade da violência, além de moldar sujeitos aos seus processos, a partir da verificação do vestígio, construção da materialidade e indiciamento. Sendo movido pelas perguntas: Como se formam as novas tecnologias de governo? E quais abusos podem ser compreendidos enquanto crime? A pesquisa é de caráter etnográfico, que utiliza como metodologia entrevistas faca à face, observação participante, pesquisa documental, além de estar ancorada nos diálogos da Antropologia da Política, Antropologia do Estado, Antropologia Jurídica e Antropologia do Corpo, Gênero e Sexualidade.

Gênero:uma falácia contemporânea?

2020

Neste artigo,fruto de minha Dissertação de Mestrado -, pretendo trabalhar a ideia de gênero com um olhar voltado para o seu uso na História. Para tal, usarei como base argumentativa a historiadora norte-americana Joan Scott, além de outros/as autores/as que possam ser complementares ao meu ponto expositivo. Historicamente, a ideia de "gênero" desenvolveuse com o intuito de "agregar", "juntar" os dois sexos (masculino e feminino) em um único espaço de discussão, indo além de debates que cerceiam, única e exclusivamente, à mulher. O objetivo principal deste trabalho é demonstrar como tal ideia vem sendo utilizada fora de sua "intenção original" e pode irradiar outras concepções. É preciso responder a algumas perguntas: será que o "gênero" (utilizado como um conceito contemporâneo) responde às demandas sociais vigentes atualmente? Ou é necessário revisar a utilização de tal palavra?

O Gênero no Direito

2018

Este artigo aponta os caminhos trilhados e os questionamentos advindos da pesquisa “Do gênero à diversidade”, junto ao Centro Universitário de Formiga - Unifor/FAPEMIG, durante o ano de 2016, iniciando-se em março. De todo o material teórico/bibliográfico analisado verificou-se, através de três perspectivas: as transformações sociais e culturais nas percepções que envolvem a sexualidade (i), o movimento de emancipação feminina (feminismo) (ii) e o Direito (iii), todas elas sendo permeadas pelas conjunturas social e política, que o Direito é pouco eficaz quando a questão é diversidade e haveria a necessidade de que ele se debruçasse sobre o assunto, através de debates, de pesquisas e de mobilização dos alunos, para que possa, como ocorreu antes, se adaptar às novas realidades, em perfeita sintonia com o diverso, não respondendo aos anseios sociais apenas com o direito à diferença, pois esta resposta também pode ser excludente.

Gênero, um novo paradigma?

Cadernos Pagu, 1998

Foi, com certeza, a “desconstrução” derrideana que inspirou o processo analítico da “desconstrução de gênero” desenvolvida pelas feministas no mundo anglo-saxão em substituição aos impasses metodológicos dos “estudos de mulheres”. A variedade de métodos desconstrucionistas acompanha a variedade dos olhares derivados dos diferentes lugares teóricos e políticos de fala. Para além de sua diversidade, a(s) metodologia(s) da desconstrução de gênero supera(m) impasses dos “Estudos de Mulheres”. Estudos sobre a condição, a situação e a posição das mulheres não pareciam ser capazes de responder aos desafios feministas, pois tendiam a se tornar descritivos e reiterativos, reificando a situação das mulheres. De outro lado, não respondiam aos anseios e desafios de um pensamento analítico e teórico. A interrogação sobre se a introdução dos olhares a partir dos lugares das mulheres produziu novas abordagens e se o conceito de gênero se constitui em um novo paradigma, vem sendo suscitada no Encon...

Gênero, Direito e Cuidado

Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia

Este artigo se propõe a analisar dados coletados a partir de uma pesquisa com orientação etnográfca de audiências que envolviam, estabeleciam e revisavam a guarda de crianças e adolescentes em uma Vara de Família na cidade de Maceió – AL. Nessa vara, cuja maioria absoluta do corpo técnico e representantes do Ministério Público e Defensoria são mulheres, debatemos concepções de “lugar de mulher”, “essência do feminino” e sua “sensibilidade” para tratar temas de família. Nas audiências, através da tentativa de implementação da guarda compartilhada, acompanhamos negociações do que seria a “paternidade responsável” a partir da persistência de um modelo nuclear de família. Abordamos a inserção gradual de mulheres no direito e como as decisões tomadas na vara são desafadas por estereótipos sobre mulheres e suas competências, questionando quem tem direito a exigir a paternidade com responsabilidade. Os casos narrados demonstram os desafos e tensões para a implementação da guarda compartil...

Gênero, uma palavra (mal)dita: usos e apropriações de uma categoria analítica dentro e fora da academia

2019

Genero e uma categoria analitica e politica forjada pela articulacao entre movimentos sociais e Academia a partir da segunda metade do seculo XX, numa relacao tensa entre ambos. Essas tensoes se reapresentam de modo profundamente transformado a partir do inicio da segunda decada do seculo XXI na sociedade brasileira. Feminismo e genero tornaram-se palavras (mal)ditas. Malditas porque distorcidas, ainda assim, ditas. Nunca antes na historia brasileira comentou-se tanto a respeito: livros, redes sociais, sites, politica e em movimentos de direita. Ha uma onda de conservadorismo no Brasil e parte dela tem se voltado, inegavelmente, contra o feminismo e o que chamam de “ideologia de genero”. Buscou-se entender esses conflitos. O marco temporal da pesquisa deu-se entre os anos de 2014 a 2018. Buscou-se entender, inicialmente, os reflexos que as leituras de genero tem na vida das pesquisadoras de genero. Para isso foram feitas entrevistas com pesquisadoras de genero. Em um segundo momento...

Artigo- Gêneros

O presente artigo apresenta os resultados advindos de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, que buscou analisar as diferenças percebidas, bem como as estratégias de influência utilizadas, por homens e mulheres ao longo das etapas do processo de decisão de compra conjunta de um imóvel. Para o alcance dos objetivos, os autores optaram por realizar a coleta de dados junto a dez casais sujeitos da amostra conciliando a abordagem indireta (técnicas projetivas) com a abordagem direta (entrevistas em profundidade). Analisando-se os resultados obtidos, destaca-se que as mulheres tendem a associar a compra e o consumo com sentimentos de preocupação e solicitude narcisista, enquanto os homens relacionam ao desejo de escolha e de domínio. No que tange as estratégias de influência empregadas, identificou-se que as mulheres valem-se da emoção e os homens do maior conhecimento que dizem ter sobre o assunto (especialista). Palavras-chave: Gêneros; processo de decisão de compra; compra conjunta; estratégias de influência.