Alfred Fouillée, ‘leitor lido’ de Nietzsche (original) (raw)
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Nietzsche leitor de Shakespeare
O artigo analisa passagens nas quais Nietzsche propõe interpretações de duas tragédias de Shakespeare. Uma dessas passagens, retirada de Aurora, defende uma compreensão de Macbeth que escape da avaliação moralista do protagonista. A outra passagem é do primeiro livro de Nietzsche, O nascimento da tragédia, e diz respeito a uma das questões mais debatidas na recepção de Hamlet: o motivo da hesitação do príncipe, sua demora em agir diante das circunstâncias que lhe são apresentadas no primeiro ato da tragédia.
Edward W. Said leitor de Nietzsche
Cadernos Nietzsche, 2021
Não obstante a filosofia de Nietzsche tenha exercido uma grande influência no pensamento de Said, essa influência ainda tem recebido pouca atenção crítica. O objetivo deste artigo é remediar essa lacuna incidindo particularmente nas diversas analogias que ligam o perspectivismo de Nietzsche à concepção de Said, presente em seu notório livro Orientalismo, segundo a qual não é possível haver representação verdadeira, uma vez que toda representação implica uma interpretação, que é ela mesma uma reconstrução do objeto de interpretação. A última parte do artigo busca mostrar que, embora ambos compreendam o conhecimento humano como perspectivo, nem Nietzsche, nem Said defendem um relativismo epistemológico radical.
Niilismo, poesia e filosofia: Mario Faustino leitor de Friedrich Nietzsche
Trágica, 2019
Resumo: O texto trata da relação entre filosofia e poesia e tem por objeto de análise a possível influência de Friedrich Nietzsche sobre o poeta Mário Faustino, especialmente no poema-título de seu único livro publicado em vida, O homem e sua hora. Assim, pretendemos mostrar que especificamente neste poema, além da visão trágica do mundo, da crítica ao ascetismo cristão, da valorização do corpo como morada do ser, da simbologia mítica do eterno retorno, da constelação de mitos dionisíacos e de tantos outros temas caros à filosofia nietzschiana, é a presença do niilismo como uma espécie de fio condutor do poema que denota essa influência da filosofia nietzschiana na poesia faustiniana. Palavras-chaves: niilismo, poesia, filosofia. Nihilism, poetry and philosophy: Mario Faustino reader of Friedrich Nietzsche Abstract: The text deals with the relation between philosophy and poetry and its object of analysis is the possible influence of Friedrich Nietzsche on the poet Mario Faustino, especially in the title poem of his only book published in his lifetime, Man and his hour. Thus, we intend to show that specifically in this poem, in addition to the tragic vision of the world, the criticism of Christian asceticism, the valuation of the body as the abode of being, the mythical symbolism of the eternal return, the constellation of Dionysian myths and many other themes Nietzschean philosophy, is the presence of nihilism as a kind of guiding thread of the poem that denotes this influence of Nietzsche's philosophy in Faustino's poetry. Introdução Parece haver uma relação de influência recíproca entre poesia e filosofia, muito embora nem sempre aceita por parte dessa última, cuja expressão mais geral é a própria experiência do pensamento em seu movimento criador. Enquanto constituintes da memória original do mundo e da realidade, isto é, enquanto elementos formuladores de uma experiência do mundo, de um contato com o mundo que precede todo pensamento sobre o mundo, como bem nos lembra Gerd Bornheim em Filosofia e Poesia (1986) citando o Merleau-Ponty de Romance e Metafísica (1947), poesia e filosofia se * Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina, PI, Brasil. Contato:
Nietzsche e a busca pelo seu leitor ideal
Resumo: Durante praticamente todo o seu itinerário filosófico, Nietzsche se preocupou com a recepção de seu pensamento, desenvolvendo coor-denadas de como gostaria que os seus escritos fossem lidos. Essas co-ordenadas passam a cumprir uma função particularmente significativa e estratégica no período em que o filósofo concebe o projeto de um oculta-mento resoluto de suas posições mais essenciais – um projeto que vai de par com a adesão ao estilo aforismático–, podendo ser dividas em duas classes: aquelas que solicitam o leitor que preserva a literalidade do texto e aquelas que estimulam o leitor a empreender uma arte de interpretação. A reunião desses dois direcionamentos fecunda a figura do leitor ideal de Nietzsche, o leitor que adentra de forma ativa na corrente de pensamentos que precede os aforismos, sem, contudo, perder de vista a letra do filósofo. Palavras-chave: leitor – recepção-filologia – interpretação-aforismo Neste artigo, procurarei investigar as sugestões dadas por Niet-zsche para os seus leitores de como ele gostaria de ser lido. Feitas ao longo de praticamente toda a produção nietzschiana de maneira esparsa e pouco sistemática, muitos podem, por certo, ver nessas sugestões nada além do reflexo de um autor preocupado com os seus leitores mais ansiosos. Isso poderia nos convencer de que elas cumprem unicamente uma propedêutica para um público restrito, um público ainda imaturo que necessita ser advertido. Contudo, eu gostaria de apresentar a hipótese de que essas sugestões não são tão banais quanto parecem, fazendo parte de uma estratégia mais
Nietzsche, entre a arte de ler bem e seus leitores
Cadernos Nietzsche, 2014
Este trabalho visa a colocar algumas questões acerca da relação entre Nietzsche e seus leitores. Para tanto, intenta abordar o duplo papel da arte de ler bem, que, de um lado, pode indicar a maneira pela qual o filósofo lê o mundo, e, de outro, como quer que suas obras sejam lidas.
Para uma genealogia da Aufklärung: Foucault leitor de Nietzsche e de Kant
Ipseitas, 2018
O artigo expõe alguns aspectos da leitura foucaultiana a respeito da Segunda extemporânea de Nietzsche e sua relação com a genea-logia tal como Foucault a compreende e pratica. Também são levanta-das algumas críticas à leitura de Heidegger sobre o referido texto de Nietzsche, demonstrando como suas denúncias metafísica e antropo-lógica resultam, antes, de compromissos metafísicos e antropológicos aos quais o próprio Heidegger manteve-se preso malgré lui. Reto-mando a leitura foucaultiana, buscamos demonstrar como o conceito nietzschiano de "extemporaneidade" (Unzeitgemäßheit) serve como ferramenta conceitual para uma interpretação genealógica da Aufklä-rung kantiana, tal como problematizada em seus últimos textos em que Foucault formula o oximoro "ontologia do presente", produzindo um inusitado encontro entre Kant e Nietzsche. Por fim, apresentamos algumas das implicações ético-políticas dessa leitura.
O arqueólogo do saber é um leitor de Nietzsche? Nietzsche como enuncidado
Resumo: Assumindo como referência geral alguns aspectos da "leitura" que Foucault faz de Nietzsche durante a fase arqueológica do seu pensamento, investigamos a função que as noções de modernidade, interpretação e história desempenham nesse contexto. Procuramos conduzir a análise de modo a mostrar que, se há uma "leitura" do arqueólogo do saber do pensamento de Nietzsche, ela está atrelada ao intento de fazer deste nome um enunciado para experimentar a história. Palavras-chave: Foucault -interpretação -modernidade -arqueologia -enunciado
Este artigo defende uma intepretação da posição moral substantiva de Nietzsche como uma versão do perfeccionismo que se diferencia de outras por vários traços teóricos distintivos. O artigo examina: sua aparente tentativa de fundamentar os valores perfeccionistas em reivindicações essencialistas acerca da vontade de poder, que por sua vez pode ou não ser interpretada em termos teleológicos; sua versão antiigualitária ou "maximax" do consequencialismo, com implicações inconfundíveis para o valor do egoísmo; e, por fim, sua tentativa de assentar valores perfeccionistas mais concretos nas propriedades formais que caracterizam as metas das pessoas, propriedades tais como a extensão, em especial a extensão temporal, e o seu grau de unificação ou o quanto elas contribuem para a "unidade orgânica".
Viso: Cadernos de estética aplicada, 2013
Quase sempre marginal em relação à obra em prosa, a obra poética de Nietzsche ocupa um lugar significativo entre seus escritos. De várias maneiras, seus poemas espelham seu pensamento filosófico, como um prolongamento de sua obra e de sua vida. Neles, Nietzsche destila muitas questões e vivências clássicas que foram apresentadas em seus livros. Este ensaio apresenta as linhas gerais de sua poética, mas não pretende ser uma crítica exaustiva de toda obra em verso. Toma como base o recorte do conjunto de poemas traduzidos por Rubens Rodrigues Torres Filho para o volume “Nietzsche”, da clássica coleção Os Pensadores, selecionados por Gérard Lebrun, e os comenta em duas frentes: aproximando-os de obras publicadas por meio de comentários críticos e propondo uma interpretação musical a partir da tradução poética de Rubens Torres Filho.