À Responsabilidade e À Justiça Em Levinas (original) (raw)
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O Rosto Como Apelo À Responsabilidade e À Justiça Em Levinas
Síntese: Revista de Filosofia, 2010
O objetivo deste artigo é mostrar que, em Levinas, o rosto é a manifestação do outro infinitamente transcendente. De acordo com as duas obras principais de Levinas: Totalité et infini e Autrement qu’être ou delà de l’essence, buscaremos explicitar a interpretação levinasiana do rosto. Tentaremos, então, primeiramente, analisar como, de acordo com a crítica à ontologia ocidental, Levinas instaura a ética como “filosofia primeira”, e, posteriormente, mostrar como, em Levinas, o rosto do outro se torna apelo à responsabilidade e à justiça.: The aim of this article is to show that in Levinas the face is the manifestation of the other infinitely transcendent. In accordance with the two main Levinas’s works: Totalité et infini and Autrement qu’être ou delà de l’essence, we will seek the explanation of levinasian’s interpretation of face. Then, we will try to analyze, according to the critique of occidental ontology, how Levinas establishes the ethics such as “first philosophy” and show ho...
A responsabilidade anterior à liberdade em Levinas
Esse artigo objetiva explorar a tentativa de inversão no estatuto prioritário da liberdade em relação à responsabilidade proposta pelo filósofo franco-lituano Emmanuel Levinas, partindo da constatação da preeminência da liberdade como pressuposto do pensamento filosófico gerando um enfraquecimento da responsabilidade a ela inerente. Com o intuito de acentuar a dimensão de responsabilidade e salvaguardar as relações humanas da eminência da violência a que a supervalorização da liberdade pode conduzir é que Levinas, buscando inspiração na tradição hebraica, oferece uma alternativa onde a responsabilidade seja eticamente anterior à liberdade fruto de um pensamento orientado pela preeminência da alteridade sobre a subjetividade.
O Conceito De Responsabilidade Para Além Do Ser Em Levinas
Problemata, 2018
Resumo: O conceito de responsabilidade é um componente constitutivo do pensamento de Levinas. Está presente nas principais obras, ocupando posição destacada nas exposições de temas ao longo de sua produção teórica. Ele faz parte do acervo categorial com o qual Levinas explicita suas principais teses filosóficas. É um dos principais conceitos por ele utilizado para colocar em questão intuições basilares da filosofia tradicional, como por exemplo, a ideia de ser, ser em ato, essência, sujeito, consciência, liberdade e, sobretudo, a convicção de que o pensamento é capaz de exaurir o sentido da verdade, da exterioridade e da alteridade. Por outro lado, é com o conceito de responsabilidade que articula várias categorias para explicitar a sua concepção antropológica e o seu destino ético. Do ponto de vista antropológico, coloca em questão a definição Ocidental de homem como animal racional, capaz de sintetizar a pluralidade do real na interioridade da consciência. Quanto à ética, manifesta a recusa de ser considerada como um tema, às vezes secundário, da tematização filosófica. Propõe que a vitalidade da razão seja direcionada na perspectiva da pergunta pelo sentido do humano e na consideração da ética como filosofia primeira. Pois é a ética que comanda a obra da verdade e, por estar para além da "visão e da certeza", delineia a condição do outro enquanto diferente e inabarcável. O presente texto intenciona apresentar as reflexões de Emmanuel Levinas sobre a categoria de responsabilidade presente no argumento da obra De outro modo que ser ou para lá da essência. Será feita a tentativa de por em evidência que a compreensão levinasiana da responsabilidade tem uma perspectiva bem diferenciada das proposições tradicionais. Ele sugere uma alternativa diferente às formulações tradicionais, por julgá-las ineficazes, assimiladas como eventos teóricos produzidos por processos de racionalidades arraigados nas formalidades lógicas e abstratas. Levinas propõe compreendermos a responsabilidade para além do ser como elemento constitutivo e definidor do sentido ético do humano. Palavras-chave: Levinas. Ética. Alteridade. Responsabilidade.
Direito e Justiça em Derrida e Levinas
Há un1 divórcio dissin1ulado entre direito e justiça na modernidade. J-Iá un1a suspeita contra a justiça: o direito a te1ne, terne sua fragilidade, sua instabil_idade, sua itnprevisibilidade. O direito reconhece o valor e a dignidade da justiça, n1as capitula no intento de alcançar a sua altura e a sua profundeza. Contenta-se com a superfície n1édia e plana da tangibilidade. J\ justiça só pode ser atingída e só acontece por coincidência e por presunção. En1 seu ensaio Force de !oi: !e .fondement vrysJiq11e de l'auton"té, 1 escrito para juristas n1as tan1bén1 contra juristas, o filósofo argelino Jacques Derrida (1930-2004) toca o cerne dessa desconfiança, fere a ferida desse divórcio: a justiça é louca e in1plica un1a desconstrução ela razão do direito. Não é só, a justiça é o incalculável, o que sen1pre nunca foi visto e surpreende sen1pre, aquilo para o qual nunca se está antes preparado, aquilo cuja con1preensão só pode acontecer no durante da experiência. É ainda n1ais, porque a justiça porta sin1 u1n certo misticisn10, un1 alé1n do racional que no entanto irracional não é. Ün1a ação cuja intenção não pode ser progra1nada e ainda assin1 deve se realizar. Siln a abordagem de Derrida quanto à justiça é oblíqua. É, aliás, estranhan1ente obliqua, talvez até n1ais estranha do que oblíqua. Estranha no sentido freudiano, de que estranhamos não o desconhecido, 1nas o conhecido que se revela contra o desejo, que se mostra quando se o pretende oculto. O discurso de Force de !oi é un1a desorganização das estruturas racionais do direito que é, ao n1csn10 ten1po, uma revelação da sua própria condição enquanto suposto veículo da justiça. De fato é desconfortável, n1as o desconforto é u1na etapa inescapável da "desconstrução" "' Doutorando cm Teoria do Direito no Curso de Pós••Graduação em Direito da Universidade Federal do llio Grande do Sul. Professor de Direito Constitucional e Filosofia do Direito do Campus lJruguaiana da PUCRS.
Unicidade e Renovação Ética do Eu: Lévinas ea subjetividade responsável
"A interioridade está essencialmente ligada á primeira pessoa do eu. A separação só é radical se cada ser tiver o seu tempo, isto é, sua interioridade, se cada tempo não for absorvido num tempo universal. Graças á dimensão da interioridade, o ser recusa-se ao conceito e resiste à totalização. Recusa necessária á Idéia do Infinito, a qual não produz, por sua virtude própria, tal separação. (...) A descontinuidade da vida interior interrompe o tempo histórico. (...) Há um sentido excedente... a partir do segredo... das intenções interiores." (TI, p.45) "A transcendência do interlocutor e o acesso a outrem pela linguagem manifestam que o homem é uma singularidade. (...) O eu é inefável, visto que falante por excelência: respondente, responsável. (...) Ele faz face, não se referindo senão a si. É na palavra entre seres singulares que só vem se constituir a significação interindividual dos seres e das coisas, ou seja, a universalidade. (...) A singularidade insubstituível do eu decorre de sua vida. (...) A generalização é a morte." (EN, p. 49-50)
Encarceramento, justiça e amor: Pensar além da indiferença a partir de Levinas
Revista Direitos Humanos e Democracia
O artigo aborda a desfiguração do cidadão encarcerado como personificação do mal e a negativa de sua humanidade por discursos hegemônicos na sociedade brasileira atual. Com isso, objetiva-se problematizar a visão estigmatizante lançada sobre este grupo social e pensar novos horizontes de sentido acerca do cárcere, respeitando direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Brasileira e nos tratados de direitos humanos dos quais o país é signatário. O estudo situa-se interdisciplinarmente no campo dos direitos humanos e da filosofia e tem caráter eminentemente teórico-crítico, com lastro em pesquisa bibliográfica qualitativa, pois investiga a imagem do preso ao tempo que propõe intervenções neste imaginário. Instrumentalizando a ética do filósofo Emmanuel Levinas para analisar a restrição de liberdade, o trabalho reflete sobre as condições de reconhecimento da vida humana em Judith Butler, o conceito de orientalismo endógeno para Rafael Godoi e as práticas da justiça crim...
Fragmentos de filosofía, 2014
A vulnerabilidade é analisada como responsabilidade, de acordo com a interpretação da parábola do Bom Samaritano. Neste estudo, é apresentada uma análise conceitual da vulnerabilidade, sob dois aspectos: a vulnerabilidade passiva e ativa de vulnerabilidade e a vulnerabilidade como responsabilidade para com o Outro. Este outro, querendo a solidariedade do Outro, recebe a sua vocação. O cuidado é a responsabilidade. Em minha responsabilidade que responde pela liberdade do outro (impotente), na fraternidade humana surpreendente em que a fraternidade segundo o Bom Samaritano, não explica por si só a responsabilidade entre os seres separados. A responsabilidade para o outro é o lugar em que está situado o não-lugar da subjetividade do samaritano ao Helpness (Lc 10, 30). Palavras-chave: bom samaritano, a passividade, a responsabilidade para o outro, e de vulnerabilidade.
Culpa, responsabilidade e a metafísica no direito
2020
Orientadora : Profa. Dra. Angela Couto Machado FonsecaMonografia (graduação) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Curso de Graduação em DireitoInclui referênciasResumo : Aqueles que tomam o direito como seu objeto de estudo logo aprendem a reconhecer uma certa lógica jurídica que funciona de pano de fundo comum a diversos de seus campos. Essa lógica, caracterizada sobretudo por seu método silogístico, pela dogmática e pela responsabilização do indivíduo como base para efeitos jurídicos, mesmo que essas características não se mostrem necessariamente presentes em todas as áreas do direito, pode com razão se sustentar como substrato epistemológico comum à ciência do direito. Como não é difícil notar, tal substrato apenas muito raramente é questionado. Neste trabalho, faremos propriamente isto: questionar, a partir da filosofia de Friedrich Nietzsche, essas bases de nosso sistema jurídico, para com ele percebê-las enquanto conceitos metafísicos que atuam enquan...
Liberdade e proximidade em Levinas
Veritas (Porto Alegre)
O objetivo deste artigo é mostrar que a concepção de liberdade situa-se no rol da crítica levinasiana à ontologia ocidental e no cenário da ética como filosofia primeira. Levinas concebe, então, a liberdade como acolhimento do Outro. A liberdade deve cessar de manter-se na certeza solitária da supremacia do Mesmo sobre o Outro. Assim, Levinas distancia-se da ontologia e recorre à proximidade não como estado de consciência que conceitua, mas como relação proximal que clama por justiça e responsabilidade. PALAVRAS-CHAVE – Levinas. Liberdade. Proximidade. Ética. Ontologia. Justiça. Outro. ABSTRACT The aim of this article is show that the conception of freedom lies in the roll of levinasian’s critique on the occidental ontology and on the scenery of ethics as first philosophy. Levinas conceives freedom as reception of Other. The freedom must cease maintaining on the solitary certainty of the Same’s supremacy above Other. Consequently Levinas distances himself from the ontology and runs ...