Uma tensa relação entre periferia, valor e crise (original) (raw)
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Crise do valor: distintas interpretações e uma síntese possível
Resumo: O presente artigo examina as transformações do modo de produção capitalista, apoiando-se em um conjunto de reinterpretações da teoria marxiana do valor. A partir de insights de Marx, presentes especialmente nos Grundrisse, alguns autores apresentam argumentos que, embora sutilmente distintos, em sua essência sustentam que a crescente aplicação da ciência na produção e a resultante redução do trabalho imediato na atividade produtiva impelem o capitalismo a uma crise estrutural, formando as bases para que o valor deixe de mediar as relações de produção. O estudo reúne essas reflexões, procurando sintetizá-las em uma explicação possível daquilo que muitos veem como sendo um longo processo de crise terminal do próprio capitalismo. Palavras-chave: Crise do valor; Marx; relação de valor. Crisis of value: different interpretations and a viable synthesis Abstract: The following paper examines the transformations underwent by the capitalist mode of production, drawing on a set of reinterpretations of the Marxian theory of value. From a few of Marx's insights, particularly those found in the Grundrisse, some authors present arguments that, while subtly distinct, in essence claim that the growing application of science in production and the resulting reduction in immediate labor in productive activity impel capitalism to a structural crisis, setting the foundations for value to cease mediating relations of production. The research brings together these reflections aiming to synthesize them into a possible explanation of what many see as being a long process of terminal crisis of capitalism itself.
Centro, periferia e dependência: a crise do fordismo lá e cá
Desde meados da década de 80, os pesquisadores brasileiros que trabalham com o paradigma da Economia Política têm tido contato com uma corrente de pensamento que motivou discussões e debates em todo o Mundo ao redor da problemática do desenvolvimento, dos ciclos e das crises. É a chamada "abordagem da regulação". Sua principal contribuição, que representa, em nosso entender, um importante avanço para a Economia Política, foi a elaboração de um conjunto de conceitos bastante útil para realizar análises de episódios e situações concretas na história do capitalismo. O nível de abstração em que Marx formulou sua teoria sobre o funcionamento da economia capitalista trouxe sempre uma grande dificuldade para aqueles que, partilhando de sua compreensão da natureza mais íntima desse modo de produção, buscassem analisar situações concretas. Do ponto de vista episternológico, a abordagem da regulação opera uma redução desse nível de abstração ao propor novos conceitos que, ao mesmo tempo em que se constituem em desdobramentos das noções mais g erais e abstratas, como relações de produção e forças produtivas, representam com mais proximidade a forma como se apresentam os fenômenos concretos. Nesse percurso, a abordagem da regulação está dotando a economia marxista, que Marx formulou como ciência abstrata, das características que lhe permitem se constituir em uma ciência aplicada (SILVEIRA, 1991). * Este texto é resultado de uma pesquisa (FARIA, 1995) realizada pelo autor em colaboração
A crise da humanidade e a crítica radical do valor
Caderno Crh, 2013
A crise atual não é simplesmente uma crise econômica. É uma crise global que afeta todos os aspectos da vida humana em uma escala mundial. O sistema baseado na acumulação ilimitada de capital não pode mais ser perpetuado sem ameaçar a própria civilização. Neste sentido, é uma crise da humanidade, muito mais do que uma crise econômica. A retomada de conceitoschave marxianos nos permite compreender sua seriedade e profundidade. PALAVRAS-CHAVE: Acumulação de capital. Agricultura. Crise. Regulação. Sistema monetário internacional.
Terra Livre, 2022
O presente artigo busca sugerir uma interpretação para a realidade contemporânea a partir da ideia de condição periférica. O autor argumenta no sentido de sugerir que ocorre no mundo hoje uma expansão da forma-periferia que se desdobra das contradições interna do capital. Essa situação implica uma mudança na forma da produção do espaço e na experiência do tempo que passa a ser marcada pelo signo da periferia e, assim, esta passa a indicar o futuro do mundo.
Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, 2016
O valor da cidade, entre o centro e as margens
Rossio. Estudos de Lisboa, 2014
O texto agora apresentado consiste numa versão mais extensa e entretanto revista da secção 2 desse artigo, então designada "Dinâmicas novas para uma centralidade diferente". Os autores agradecem toda a colaboração e comentários do co-autor desse outro texto mais amplo (João Seixas). 2 Assume-se neste texto uma objectivação "renovada" de centro histórico lisboeta (cf. Seixas et al, 2012), nomeadamente, na assunção das expressões urbanísticas do movimento modernista como elementos hoje já reconhecidamente patrimoniais e com dinâmicas crescentemente similares às dos territórios intra-muralhas ou intra-circulares novecentistas, clássicas delimitações de 'centro histórico' da cidade. Colocam-se assim num mesmo nível analítico territórios como os da Baixa e Chiado-construídos e reconstruídos desde os primeiros tempos da cidade-até bairros como os de Campo de Ourique, Belém ou mesmo Alvalade-urbanizados até os anos 1950, e hoje plenamente integrados nas dinâmicas mais centrais de Lisboa. É para o conjunto destes territórios que, nesta óptica, se desenvolvem as análises de base quantitativa e qualitativa apresentadas nos pontos seguintes deste texto. 3 A cidade de Lisboa detém, de longe, a maior comunidade universitária portuguesa, com cerca de 120 mil estudantes conforme assumem e tentam valorizar as mais recentes orientações estratégicas municipais (CML
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2006
JANINA ONUKI é professora de Relações Internacionais da Unesp e pesquisadora do Caeni-USP.
Editorial - Riscos na periferia global a partir de uma perspectiva lusófona
Desenvolvimento e Meio Ambiente, 2022
A temática “riscos e desastres” tem chamado cada vez mais a atenção de estudiosos das Ciências Sociais e Humanas, visto o papel que os aspectos sociais e políticos têm na construção das vulnerabilidades e injustiças socioambientais. Neste editorial de seção especial, refletimos sobre situações de risco que comunidades, vulnerabilizadas pelo processo de expansão do sistema capitalista, vêm vivenciando em um contexto de incertezas associado à configuração contemporânea da modernidade. Com o foco centrado sobre a experiência dos riscos e desastres na periferia global lusófona, discutimos sobre a relação entre natureza e sociedade na produção de riscos, sobre a pluralidade do Antropoceno e sobre dois eixos centrais do problemas dos desastres em territórios periféricos: (neo)extrativismo e ocupação urbana.