Revisão Dataxonomia e Classificação Do Trypanosoma Cruzi - Importância Da Genética (original) (raw)

1986, Revista de Patologia Tropical

Desde que foi reconhecida a existência de variação intra-específíca do T. cruz/, os pesquisadores têm procurado, insistentemente, desvendar este fenómeno e sua repercussão nos aspectos clínico, epidemiológico e diagnóstico da Doença de Chagas, nas áreas endémicas. Recentes avanços nas áreas de Bioquímica e Imunologia têm trazido imensa contribuição para caracterização das cepas isoladas do T. cruzi e somente um estudo multídisciplinar dos comportamentos biológico, antigênico e bioquímico do parasita poderá solucionar o problema da taxonomia e classificação do T. cruzi e suas implicações clínico-epidemiológicas na Doença de Chagas. Desde a descoberta da Doença por Carlos Chagas, os pesquisadores tentam obter critérios absolutos de diferenciação do parasita: comportamentos morfológico e biológico, composição antigênica, padrões isoenz ima ticos e caracterização do kDNA. Dos estudos já realizados sobre o assunto conclui-se que: l-Uma cepa-tipo particular pode predominar, em dada área geográfica; 2-Cepas de diferentes tipos mostram diferentes composições antigênicas; 3-A sensibilidade a drogas exibe correlação com a cepa-típo; 4-Cepas do mesmo tipo têm padrões isoenzimáticos semelhantes; 5-As diferenças nas cepas-tipo são mais importantes em determinar o curso da infecção que a carga genética do hospedeiro. Quanto aos estudos da composição antigênica, os resultados indicam que: l-Existe heterogeneidade intra-específíca tanto em amostras originais como em populações clonadas; 2-Esta heterogeneidade inclui os parasitas obtidos de pacientes, mamíferos e vetores; 3-Ocorre com epimastigotas e tripomastigotas. A análise molecular dos componentes e produtos metabólicos do parasita (ligação às lectinas, padrões isoenzimáticos e análise de esquízodemas) tem alcançado grande avanço na última década. Apesar das limitações de ordem técnica, dos estudos realizados até agora, conclui-se que: l-Parece haver relação entre zimodema e tipo de ciclo epidemiológico de transmissão; 2-Parece haver correlação entre amostras clonadas e lectinas; 3-Os três zimodemas (21, Z2 e Z3) podem infectar o homem e causar doença aguda, mas raramente o Z3 infecta; 4-Padrões heterozigotos são * Trabalho do Curso de Mestrado em Medicina Tropical do IPTESP, UFG. ** Aluna do Curso de Mestrado em Medicina Tropical do IPTESP, UFG.