O Moderno do Antigo: A estesia cívica do jovem Almeida Garrett nas Revoluções Liberais ibéricas (original) (raw)
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Da Liberdade dos Antigos Comparada a dos Modernos * Benjamin Constant
Proponho-me submeter a vosso julgamento algumas distinções, ainda bastante novas, entre duas formas de liberdade, cujas diferenças até hoje não foram percebidas ou que, pelo menos, foram muito pouco observadas. Uma é a liberdade cujo exercício era tão caro aos povos antigos; a outra, aquela cujo uso é particularmente útil para as nações modernas. Esta análise será interessante, salvo engano, sob um duplo aspecto.
Nação e Revolução – Garrett, Antero e Eduardo Lourenço na balança da modernidade
2014
O presente trabalho tem como objetivo confrontar, à luz da História das Ideias, as diferentes posições assumidas por Almeida Garrett (1799-1854), Antero de Quental (1842-1891) e Eduardo Lourenço (1923) relativamente aos valores ligados às noções de “Pátria”, “Nação” e “Revolução” em suas respectivas épocas. Com esse propósito, abordaremos textos como O Chronista (1827), Portugal na balança da Europa (1830), o drama Frei Luis de Sousa (1843) e o romance Viagens na Minha Terra (1846), de Garrett; o artigo Portugal perante a Revolução de Espanha (1868), a conferência Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos (1871) e alguma poesia de Antero; bem como a obra O labirinto da Saudade – mais especificamente o ensaio intitulado “Psicanálise mítica do destino português” (1978) –, de Eduardo Lourenço. This work aims at confronting, in the light of the History of Ideas, the different positions assumed by Almeida Garrett (1799-1854), Antero de Quental (1842-1891) and Eduardo Lourenço (1923) in regard to the values linked to notions of "Fatherland", "Nation" and "Revolution" in their respective eras. For this purpose, the discussion centers on texts such as O Chronista (1827), Portugal na balança da Europa (1830), the drama Freis Luis de Sousa (1843) and the novel Viagens na Minha Terra (1846), by Garrett; the essay Portugal perante a Revolução de Espanha (1868), the conference Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos (1871) and some of Antero‟s poetry. This paper will deal with some aspects of the work O Labirinto da Saudade – more specifically the essay titled “Psicanálise mítica do destino português” (1978) –, by Eduardo Lourenço.
FETICHISMO, GOLPE RETÓRICO E A CRÍTICA DA MODERNIDADE EM MARX 34
Resumo Marx, em sua obra O Capital (1867), apresenta uma relação estabelecida no seio da sociedade burguesa moderna: o fetichismo da mercadoria. Por muito tempo esse termo foi tratado com certo descaso e "o desenvolvimento das ideias de Marx acerca do fetichismo da mercadoria não atraiu particular atenção" (Rubin, 1980, p. 68). O artigo parte então da observação do fetichismo enquanto teoria e contribuição à crítica da economia política clássica e, sobretudo, da modernida-de. O trabalho traz, a partir da contribuição do texto de Roger Sansi, a história do termo ao longo do tempo, desde o seu uso e designío inicial e será levado até o seu uso final como crítica modernidade-tradição. Feito isso, será mostra-do como o golpe retórico utilizado por Marx a partir da inversão do uso desse termo se apresenta como contribuição à sua crítica modernidade-modernidade. Palavras-chave: Fetichismo, Teoria Marxista, Karl Marx, História do Termo, Rubin. Abstract In Das Kapital Marx presents a relation established in the core of the modern bourgueois society: the commodity fetishism. For long time this term remained on disregard and "the development of Marx's ideas about commodity fetishism did not attract particular attention" (Rubin, 1980, p. 68). The present paper starts from the observation of fetishism as a theory and a contribution to the critics of classical economics and modernity. From the contribution of the text by Roger Sansi, the work brings a history of the term over time, from its use and initial designation to Marx's use, as a critic to tradition-modernity. Once this is done, it will be shown how the rhetorical coup used by Marx from the inversion of the use of the term is presented as a contribution to his critics to modernity-modernity.
Reverenciado como um dos grandes nomes do pensamento político medieval, João de Salisbury (c.1120-1180) viveu parte de sua vida na corte de Henrique II (1133-1189), rei da Inglaterra. As experiências acumuladas o permitiram escrever Policraticus, um dos livros mais conhecidos da lavra salisburiana. Ao longo do século XX, o Policraticus foi compreendido como um genuíno tratado de política com feições laicas e modernas. Neste artigo, minhas propostas são o mapeamento dos caminhos que permitiram esse livro ser analisado dessa forma assim como a inexistência de estudos que o relacionem ao Metalogicon, outro escrito de João de Salisbury. A leitura comparativa entre os dois livros possibilita um novo olhar acerca das concepções políticas do autor em questão, tornando a filosofia, a ética e a teologia muito mais presentes em suas concepções do governo e sociedade.
"Repensar Portugal": Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Eduardo Lourenço
Homenagem a Eduardo Lourenço, Revista Desassossego da Universidade de São Paulo, 2024
Almeida Garrett (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877) são os dois principais autores representantes do Romantismo em Portugal ou, pelo menos da primeira geração, que se confunde, inevitavelmente, com as lutas pela implantação do Liberalismo no país. Contemporâneos, se corresponderam entre si e redigiram obras ficcionais, que visaram considerar sobre o papel de Portugal, como corpo nacional e também cultural. Em suma, refletiram, por meio da produção literária, sobre a situação pátria após as invasões francesas (1807), o trauma da fuga da Corte para o Brasil (1807), a Revolução Liberal (1820), e a Guerra Civil (1828-1834) entre absolutistas e liberais, da qual ambos tomaram partido pelos constitucionais e, por fim, chegaram a conhecer o exílio. Ao regressarem, Garrett e Herculano compuseram um grupo de intelectuais que visavam refletir sobre os destinos do país, imerso em tantas crises. Sobre as suas obras, Eduardo Lourenço (1923-2020), homenageado neste ano de seu centenário de nascimento, discorreu importantes textos, também a fim de “repensar Portugal”, pois inventaria nos escritos dos dois escritores do século XIX formas de ponderar sobre as situações política, religiosa e cultural lusitanas. Analisamos, portanto, trechos de quatro narrativas dos autores oitocentistas: O Arco de Sant’Ana: crónica portuense (1845) e Viagens na minha terra (1846), de Almeida Garrett; O Monge de Cister ou a época de D. João I (1848) e “O pároco da aldeia (1825)” (1851), de Alexandre Herculano. São textos escritos sob o estilo narrativo shandiano, nos quais as digressões dos narradores são o que mais nos interessam neste estudo. Para além de O Labirinto da Saudade (1878) e de Mitologia da Saudade seguido de Portugal como destino (1999), de Lourenço, dialogaremos, em nossas averiguações, com as produções de Maria de Fátima Marinho (1999) e de Sergio Paulo Rouanet (2007), dentre outros autores.
Gragoatá, 2018
Com o sucesso de seu romance Notre Dame de Paris (1831), Victor Hugo foi responsável pela popularização de um outro tipo de narrativa histórica, diferente do modelo criado por Walter Scott. Entre outras características, Notre Dame de Paris difere da obra do escritor escocês por poder ser associada à voga reacionária do romantismo, que, segundo Lukács, defendia a nostalgia do passado e um olhar avesso às revoluções. Definido por Maria Helena Santana (2007) como um “romance histórico heterodoxo”, O Arco de Sant’Ana (1845-1851), de Almeida Garrett, possui muitos pontos de contato com a obra de Hugo, reconhecidos pelo próprio escritor português. Um desses pontos que nos chama a atenção é a representação da experiência das massas, aparentemente similar nos dois romances, mas profundamente distinta, o que mostraria a diferença de perspectivas políticas dos dois autores. É nosso objetivo, nesse sentido, analisar a recuperação temática e estilística que Garrett promove do romance de Hugo, a fim de compreender as suas especificidades no contexto português. With the success of his novel Notre Dame de Paris (1831), Victor Hugo was responsible for the popularization of another type of historical narrative, different from the model created by Walter Scott. Among other characteristics, Notre Dame de Paris differs from the Scottish writer’s work because it can be associated with the reactionary vogue of romanticism, which, according to Lukács, defended the nostalgia of the past and an averse look at the revolutions. Defined by Maria Helena Santana (2007) as a “heterodox historical novel”, Almeida Garrett’s O Arco de Sant’Ana (1845-1851) has many points of contact with Hugo’s work, recognized by the Portuguese writer himself. One of these points that strikes us is the representation of the experience of masses, apparently similar in the two novels, but profoundly different, which would show the distance in the political perspectives of the two authors. It is our objective, in this sense, to analyze the thematic and stylistic recovery that Garrett promotes from Hugo’s novel, in order to understand its specificities in the Portuguese context.