"Mulheres Oasqueiras abrem o jogo": Prólogo ao Livro de Juliana Barretto (Editora Fiocruz, 2022) (original) (raw)
2022, O parto na luz do Daime: corpo e reprodução entre mulheres na vila de Irineu Serra
A contribuição de Barretto para a discussão sobre a autonomia dos corpos de grávidas, gestantes e lactantes em comunidades culturalmente diferenciadas pode ser lida como um registro de importância estratégica para o movimento de mulheres na região toda: ela abre o jogo para o diálogo com o Estado, configuração que historicamente criminalizou, por uma parte, pessoas consumidoras de substâncias psicoativas, e por outra parte, mulheres mães, especialmente as gestantes e lactantes. O que acontece quando as dimensões críticas da maternagem reprodutivamente ativa e do consumo de psicoativos se conectam em uma subjetividade só? Quais garantias, cuidados e serviços do Estado existem para as mulheres daimistas que se encontram em fase de gestação, parto, pós-parto e amamentação, sobretudo aquelas que se encontram em condições de vulnerabilidade? Na direção de explorar esses potentes sentidos, a pesquisa nos provê de material etnográfico de uma riqueza ímpar. Por sua vez, o questionamento e interpelação aos pressupostos que alimentam a “guerra às drogas” no Brasil, o despertar da sensibilidade antropológica para observar as decisões das mulheres nos seus próprios termos, e o apoio à luta pela visibilidade e reconhecimento das existências femininas no campo ayahuasqueiro são potentes reverberações que essa obra nos deixa.
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