Sobre o fascismo (original) (raw)
Related papers
Perspectivas Revista De Ciencias Sociais, 2009
Desde o aparecimento deste, então, novo e inesperado fenômeno que foi o fascismo, políticos, ensaístas e historiadores, juntamente com politólogos e sociólogos, têm-se perguntado mais de uma vez acerca de qual era a verdadeira natureza desse recém-chegado à arena da política e da história. Suas conseqüências radicalmente destrutivas e o fato de que se constituíra até então no maior desafio à democracia liberal e ao sistema de valores que inspirou a Ilustração aguçaram o interesse de todos os protagonistas e experts. O resultado da Segunda Guerra Mundial e a imediata divisão do mundo em dois grandes blocos agregaram, à ânsia de saber, a ânsia de instrumentalizar o inimigo (comum) vencido como arma lançada no combate ideológico do pósguerra.
O fascismo como conceito genérico
Faces de Clio, 2023
Fascism as a generic concept: the five stages of Robert Paxton El fascismo como concepto genérico: las cinco etapas de Robert Paxton Sergio Schargel 1 Resumo: Este artigo propõe uma discussão sobre o fascismo como conceito genérico, o entendendo como a manifestação simultânea de quatro outros conceitos, a saber, reacionarismo, populismo, autoritarismo e nacionalismo. Privilegia-se a análise do politólogo Robert Paxton, trabalhando uma noção do fascismo como processo inerente à política de massas contemporânea, uma versão degenerada da democracia de massas, e que responderia por cinco estágios que vão desde seu surgimento até sua radicalização ou entropia. A partir dessa análise, será possível elucidar algumas de suas principais características e utilizar a chave de Paxton para apreender fascismos contemporâneos. Aprofundando a hipótese de que o fascismo não morreu em 1945, é pertinente por permitir ampliar o estado da arte ao analisar algumas de suas principais idiossincrasias e sua ameaça à democracia agonística.
jornal Público, 2021
Jornal PÚBLICO, 24 de Fevereiro de 2021, 6:10 «A democracia não soube responsabilizar os cidadãos e estimulá-los a aprofundá-la, a cuidá-la e a dar mais força e vigor à cidadania, às instituições e aos governantes; e agora uma parte significativa desses cidadãos vira-se contra o regime democrático e até já o confunde com o seu principal oponente.» O termo pode não ser cientificamente rigoroso quando aplicado a Portugal, mas tratando-se de imaginar um regime, uma sociedade onde palavras como "greve", "direitos" ou "liberdade" só em segredo se pronunciavam, e mesmo assim quase sempre precedidas de breves olhares preventivos pelo canto do olho, é preciso ser-se muito frio e distante para que o esforço de "higienização" do conceito prefira substitui-lo por "regime autoritário" ou "conservador". E mesmo a palavra "ditadura", porventura mais apropriada, soa ainda a desculpabilização, porque de algum modo surge como algo mais tolerável. Enquanto o "fascismo" carrega logo toda a violência e malvadez que subjaz a um sistema que persegue, que cala, que amedronta, que agride e oprime uma população inteira. Eu sou de um tempo em que pude observar e sentir esse clima, quando em criança, no Alentejo dos anos sessenta, nos escondíamos a tremer de medo, mal se vislumbrava a presença da Guarda (GNR), uma brigada montada no alto dos seus cavalos brancos. Aquelas rondas por caminhos térreos personificavam a sociedade vigiada em que nos encontrávamos encarcerados. Uma vigilância seletiva, claro, que fustigava acima de tudo os famintos e os trabalhadores (dos campos ou das minas), que em geral eram os mesmos. Os meus tios e primos que o digam, quando foram levados pela PIDE por reivindicarem melhores salários nas minas de Aljustrel. Lembro-me desses GNRs, impantes, a tratar por tu gente respeitada que não conheciam, ou a saírem sem um obrigado depois de fausta refeição (obviamente gratuita) numa divisória discreta na taberna dos meus pais. Recordo ainda um desgraçado que tinha sido preso (talvez apenas pelo "crime" de não ter morada nem profissão certa), com as mãos algemadas atrás das costas, a tentar acompanhar o andamento dos animais, com aquele olhar perdido, aqueles pés a sangrar entre a poeira que cobria umas alpercatas a desfazerem-se. É por estas e por outras cenas semelhantes, gravadas na memória de sucessivas gerações, que o Povo saiu à rua com a maior das alegrias coletivas quando, com os cravos a colorir as espingardas ou nas mãos de tantos milhares de portugueses, celebrámos o fim da ditadura, gritando bem alto "Fascismo nunca mais!" Ora, esse clamor coletivo e libertário não foi em vão. Foi um grito, aliás, que se repetiu até à
Este trabalho tem como objetivo conceituar e definir o fascismo e seus desdobramentos, o contexto histórico, as características fascistas, assim como a moda e o design da época, além de proporcionar uma visão sobre a década de 1920. A metodologia utilizada para esta pesquisa foram livros, artigos, sites e recortes de documentários; baseado nos autores AQUINO (1983) e BEZERRA (2018), que descrevem a história e sociologia fascista; SHNEIDER (2010), que escreve sobre o design no fascismo; ADVERSE (2012) que escreve sobre a arte e a moda futurista; CARDOSO (20–?), sobre a importância da propaganda, e consequentemente, o design gráfico na década de 1930; o autor GIANGROSSI (2016), que descreve a relação entre a arquitetura e o fascismo, e por último, a jornalista ISSA (2018), que comenta sobre o termo “Camisas Negras”.
Revista Maracanan, no. 32., 2023
Revista Maracanan, no. 32, 2023. Revista do Programa de Posgraduacao em História da Universidade Estadual de Rio de Janeiro
A reflexão sobre o fascismo nos Escritos Corsários de Pier Paolo Pasolini
Exlibris, 2015
El artículo analiza los textos del libro Scritti Corsari (1975) de Pier Paolo Pasolini. El objetivo central de la interpretación de los textos es la discusión sobre el tema del fascismo, dominante en la reflexión de Pasolini a principios de los años 70 del siglo XX. Según Pasolini, en ese momento, Italia estaba viviendo el surgimiento de un nuevo tipo de fascismo, derivado de la "sociedad de consumo". El artículo plantea cuestiones en torno a este "fascismo de consumo" y propone una relación entre la reflexión llevada a cabo por Pasolini y el pensamiento de Antonio Gramsci.
Entre as décadas de 1920 e 1940, surgiu em alguns países europeus, o fascismo. Um sistema político, econômico e social que se desenvolveu após a Primeira Guerra Mundial, principalmente nos países que se encontravam em crise econômica como a Itália e a Alemanha. Na Itália, o fascismo foi representado pelo líder Benito Mussolini. Já na Alemanha, seu líder foi Adolf Hitler, nesse caso o sistema era chamado de nazismo. O sistema terminou com a derrota do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) na Segunda Guerra Mundial .
Sinésio Ferraz Bueno, 2021
Um dos pensadores do século XX que mais se dedicou ao estudo crítico do fascismo foi o filósofo e sociólogo alemão Theodor Adorno. Seu trabalho detalhou a vulnerabilidade emocional do cidadão comum a preconceitos, apelos de adesão grupal e de fúria destrutiva dirigidos contra as vítimas da perseguição fascista. Na realização de sua análise crítica, Adorno empregou principalmente conceitos da psicanálise freudiana e do materialismo dialético. Este livro apresenta o estudo crítico de Adorno sobre o fascismo, mas também procura demonstrar que a destrutividade e crueldade do fascismo extrapolam a análise proposta por Adorno, e por isso requerem o emprego do conceito de mal metafísico para sua compreensão mais ampla. Com esse objetivo, a primeira parte do trabalho expõe os elementos teóricos centrais utilizados por Adorno para entender e criticar o fascismo. Na segunda parte, são expostos os conceitos filosóficos mais importantes para se compreender o conceito metafísico de mal e também suas implicações relacionadas com o campo da educação.
2020
Publicado em 8 jul 2020 em http://www.justificando.com/2020/07/08/contra-ofascismo-a-tortura/) Professores antifascistas, entregadores antifascistas. Manicures, tosadores de cães, policiais antifascistas. Almoxarifes e juízes antifascistas. Há pouco, proliferaram avatares de apoio a mobilizações globais deflagradas a partir do assassinato de George Floyd, homem negro, por um policial branco nos EUA. Sem se limitar à revolta diante de mais esse ato de brutalidade, os protestos dirigiram-se mais amplamente aos diversos horrores que constituem a atual barbárie humana e natural posta em marcha acelerada nos quatro cantos da Terra.