A preparação para a reforma nas organizações em Portugal (original) (raw)

Construção do sistema corporativo em Portugal

2016

dulce freire* nuno estêvão ferreira** Introdução A promulgação, em 1933, da Constituição Política da República Portuguesa e o Estatuto do Trabalho Nacional legitimaram a construção do sistema corporativo durante o Estado Novo (1933-1974). A partir desse ano, os governos da ditadura promoveram a criação de uma rede de instituições, que procurou chegar a todo o território, inserir vários grupos sociais e, pelo menos, enquadrar as actividades económicas mais importantes. Os resultados de investigações recentes 1 indicam que, no Continente e nas Ilhas, foram oficialmente constituídos cerca de 2700 organismos corporativos 2. Durante quase quatro décadas, estes organismos passaram por diversas metamorfoses, incluindo fusões, extinções e incorporações. Em Abril de 1974, quando a ditadura foi derrubada, existiriam 2250 organismos, distribuídos por diferentes graus hierárquicos. Tal como se verificou com outras instituições criadas durante a ditadura, o sistema corporativo começou a ser desmantelado nos meses que se seguiram à Revolução de Abril de 1974 3. As actividades desenvolvidas e a longevidade fizeram do corporativismo português um case study que interessou vários investigadores suscitando, desde os anos 70, a publicação de numerosa bibliografia 4. Os estudos realizados têm vindo a salientar que, com os organismos corporativos, a ditadura criou formas de enquadramento institucional para promover o controlo estatal em áreas tão sensíveis quanto a organização do trabalho (contratação colectiva, horários ou tabelas salariais) e os principais sectores da economia (regulação da produção ou fixação de tarifas e preços). Desarticulado o potencial de disputa política e brought to you by CORE View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk

Organizações : Uma perspectiva positiva

2005

Resumo. Nos últimos anos tem ganho expressão nos estudos organizacionais uma nova corrente denominada "estudos organizacionais positivos". Esta, projecta sobre as organizações um olhar positivo, focando o que está bem e pode ser melhorado, em vez de se basear no modelo da "doença", que se centra sobre o que está mal e tem de ser mudado. Este artigo faz uma defesa da linha positiva e dos seus possíveis impactos no comportamento organizacional e na gestão. Palavras-chave: Organizações, organizações positivas, psicologia positiva. Este texto antecipa, no essencial, parte do capítulo introdutório de Organizações Positivas, um trabalho a editar proximamente e que procura apresentar os contornos dos estudos organizacionais positivos. A decisão de escrever um livro sobre "organizações positivas", baseado nos princípios dos emergentes estudos organizacionais positivos, pode parecer estranha numa época em que as pessoas trabalham frequentemente "à beira de um ataque de nervos", em que a pressão para os resultados se sobrepõe aparentemente a tudo o resto, em que a literatura disseca os "pecados mortais" dos gestores (Ellis & Tissen, 2003) e na qual uma parte significativa (44%) dos trabalhadores portugueses qualificados se dizem insatisfeitos com o presente empregador ou com a gestão da empresa 1. Apesar disso, decidimos concretizar esta tentativa de reenquadramento pela

Da renovação do trabalho: o futuro por organizar.

As mutações do universo do trabalho, iniciadas na década de 1970, e, em grande medida, ainda em curso, têm, de algum modo, gerado mais dissenso do que consenso. O trabalho tem hoje, certamente, uma configuração distinta do trabalho existente há três décadas atrás. A mudança é, sobretudo, qualitativa, e não concorre, pensamos, para a noção do fim do trabalho como medida de valor. A classe trabalhadora é hoje mais complexa, heterogénea e fragmentada, distinta da que predominou nos anos de apogeu do taylorismo e do fordismo. Da mudança decorre, na verdade, uma nova anatomia do trabalho; trata-se de um tropismo que se concretiza não propriamente de uma desconstrução do trabalho enquanto categoria sociológica-chave para a compreensão da realidade material de grupos e indivíduos, ou de uma inflexão próxima de um fim determinado pelos avanços tecnológicos e científicos dos meios de produção, mas sim da emergência de um trabalho polissémico, no mosaico de formas que lhe pode actualmente dar expressão.

As organizações do terceiro sector na reforma da segurança social

CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA, 2000

Tendo a consciência de que as definições existentes são muito diversas e contextualizadas, utilizo a definição mais genérica possível de terceiro sector, como integrando aquelas organizações que, não sendo Estado, produzem bens e serviços de interesse geral e que, sendo privadas, não têm como objectivo principal a apropriação individual do lucro. Abordo neste texto as relações entre o Estado e o terceiro sector na área da segurança social, ou seja, procuro enquadrar o terceiro sector no Estado-Providência.

A Reengenharia como força significativa de mudanças nas Organizações

Research, Society and Development, 2022

Resumo Tem-se que um dos maiores desafios atuais é fazer as empresas cada vez mais competitivas, maleáveis e produtivas. A corrente conjuntura global evidencia-se progressivamente mais intolerante com organizações que são imutáveis e antiquadas, pois as companhias não podem ser contrárias às transformações. Atuar mediante dessas mudanças veio a ser algo tão necessário, que passou a status de pré-requisito para a sobrevivência das empresas. O presente trabalho possui como objetivo tratar da reengenharia como instrumento de mudanças nas organizações, ponderando este como um mecanismo de inovação organizacional. Para tal, foi feita uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo selecionando-se artigos, livros e sites que abordam efetivamente sobre o tema. Concluiu-se que a inovação tem a possibilidade de dar benefícios competitivos a médio e longo prazo, inovar é fundamental para a sustentação das organizações no mercado. A inovação possui a habilidade de aumentar o valor dos produtos de uma organização, a distinguindo das demais, sendo muito relevante nos mercados que têm alto nível de competição onde mercadorias e serviços são na prática proporcionais aos dos outros ofertantes. Assim, os que inovam ficam em posição vantajosa relativamente aos outros. Ainda, é relevante analisar que a medida dada pelo processo de Reengenharia não se contradiz com os processos de melhoria contínua, afinal, existe uma complementaridade.

A adaptação do Processo de Bolonha em Portugal

Ponto E Virgula Revista De Ciencias Sociais Issn 1982 4807, 2009

A Declaração de Bolonha, a adesão da Europa e seus efeitos em Portugal. Problematização sobre a uniformidade na globalização sob os efeitos da informatização com a manutenção da estrutura hierárquica. Réplicas ao atual estado das coisas.

A solidão no poder nas organizações

Organizações & Sociedade, 2008

Este artigo analisa o sentimento de solidão nas organizações. Consideramos diferentes solidão e solitude. A solidão no poder pode ser relacionada com a solidão que, em inglês, é designada pela palavra "loneliness": tem uma conotação negativa e é marcada pelo sentido de isolamento. Já a solitude pode ser relacionada à solidão do poder, em que temos a escolha de estar só sem que, necessariamente, nos sintamos sozinhos. Foram realizadas entrevistas com oito líderes de grandes organizações brasileiras, avaliadas por meio de Análise de Conteúdo. Os resultados indicam que as alternativas criativas e algumas vezes inovadoras têm maior probabilidade de florescer na solidão do poder, pois ativam e reforçam a prática da responsabilidade. A solidão no poder é inerente ao papel da liderança e à tomada de decisão. Para que tenhamos uma organização de aprendizagem, é preciso incentivar a aprendizagem individual e capacitar a elite gerencial para assumir riscos e possíveis erros advindos...