O trabalho das linhas (original) (raw)
Linhas de mundialização Este artigo traça algumas linhas de reflexão sobre a mundialização e, ao mesmo tempo, esboça um projeto mais ambicioso de pesquisa sobre o trabalho das linhas 16. Em sua antropologia comparada da linha, Tim Ingold nos lembra:-O que há de comum entre caminhar, costurar, cantar, contar uma história, desenhar e escrever? A resposta é que todas essas ações se desenrolam segundo diferentes tipos de linhas‖ 17. As linhas estão por toda parte, mas diferem umas das outras. Para Delanda, as civilizações se distinguem umas das outras pelo fato de serem ou não lineares 18. Ingold sugere outro caminho, outra linha de diferenciação. A questão não é de linearidade ou nãolinearidade, mas quem impõe essas linhas:-O colonialismo não consiste exatamente na imposição de uma linearidade sobre uma sociedade de outra forma não-linear, mas em impor a sua própria linha em detrimento de outro tipo de linha‖ 19. Então, não somente é preciso diferenciar os tipos de linhas e quem os produziu, como também como as linhas foram produzidas e reproduzidas. Isto significa que as linhas têm o poder de fabricar o mundo como também de mudá-lo. Essa a questão que nos interessa: o trabalho das linhas. Carl Schmitt nos deu as teorizações mais robustas sobre o trabalho jurídicopolítico das linhas 20. Já no livro Terra e mar 21 , um pequeno ensaio publicado em 1942, 13 Publicado Originalmente na Revista Multitude N o 70. Disponível também no site da Universidade Nômade Brasil: http://uninomade.net/tenda/o-trabalho-das-linhas/ 14 Giuseppe Cocco, pesquisador da UniNômade. Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, editor das revistas Global Brasil, Lugar Comum e Multitudes e coordenador da coleção A Política no Império (Civilização Brasileira). 15 Blogueiro e professor de cursos livres fora da instituição universitária, é coeditor da revista Lugar Comum, autor com Alexandre F.