As centrais sindicais e o fenômeno do transformismo no governo Lula (original) (raw)

Sindicalismo na era Lula: paradoxos, perspectivas e olhares

Roberto Véras de Oliveira, Maria Aparecida Bridi, Marcoz Ferraz (orgs), 2014

Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República em um quadro de profundas alterações nas relações sociais de trabalho, advindas dos anos 1990, a chamada década neoliberal. Um personagem político dos mais extraordinários na história do sindicalismo brasileiro, protagonista de importantes lutas sindicais desde os anos 1970 e 1980, Lula governou o Brasil por dois mandatos consecutivos (2003-2006/2006-2010). Sua eleição decorreu de uma reconfiguração do quadro das forças políticas, somado a um conjunto de fatores sociais e econômicos. Pela primeira vez, no caso brasileiro, um partido de origem operária e popular e um ex-dirigente sindical chegaram ao poder executivo do país. Esse momento foi acompanhado de fortes expectativas na sociedade em geral, mas principalmente no meio sindical e entre os trabalhadores. Para o sindicalismo, perscrutava-se sobre as possibilidades de ações que revertessem as medidas adotadas pelo governo de matiz neoliberal anterior e que afetaram profundamente o trabalho e os trabalhadores brasileiros, fazendo-os amargaram duras perdas, sociais e econômicas. Como influenciar o governo sem que isso implicasse em perda de sua autonomia sindical? Como lidar com possíveis divergências e frustrações geradas por ações de um governo, que desde o início dava mostras de que atuaria sob o fio da navalha? Como se colocar frente ao novo governo, como aliado ou como oposição? Buscando denunciar suas contradições ou fortalecer e apoiar as medidas que viessem ao encontro das demandas dos trabalhadores? Essas questões não são necessariamente novas no sindicalismo mundial e a história dos governos social-democratas, socialistas e trabalhistas na Europa do pós-guerra produziu farta reflexão sobre tais dilemas. Porém, no Brasil, além da novidade da situação, o enfrentamento dessas questões exigiu que se levasse em conta as especificidades da realidade sócio-histórica do país, em particular no que se refere às estruturas e práticas sindicais. O objetivo deste livro é refletir sobre estes dilemas e sobre as respostas que o movimento sindical conferiu a estas questões ao longo dos oito anos do Governo Lula. Para isto, foram reunidos diversos pesquisadores das mais diferentes regiões e universidades do país, para, dentro da tradição crítica das ciências sociais, analisar sob diferentes perspectivas o novo cenário sindical que nasce desse contexto.

Sindicalização e representatividade das centrais sindicais no Brasil

Trabajo y Sociedad, 2016

espanolEste articulo tiene como objetivo analizar la participacion y representatividad de los sindicatos y de las centrales sindicales brasileras en el periodo reciente. A partir del banco de datos de la Investigacion Nacional de Muestra Domiciliaria (PNAD-IBGE) del periodo 1992-2014 y, llamando la atencion sobre el ano inicial (1992) y el final de la serie (2014), el texto traza un perfil de la base sindicalizada en Brasil por region, rural/urbana, y genero. Ademas, utilizando los datos de afiliacion sindical de las centrales sindicales del Ministerio de Trabajo y Empleo (MTE) el texto discute, tomando como base al 2014, los principales aspectos relacionados a la participacion y la representatividad de las centrales sindicales brasileras. Lo expresado respecto a estas entidades es demostrado a traves del numero de sindicalizados por sector, tasa de sindicalizacion, por ramo de actividad economica, o por region. Es necesario observar que los bancos de datos tienen numeros, tasas y p...

Presidencialismo de coalizão em transe e crise democrática no Brasil

Revista Euro latinoamericana de Análisis Social y Político (RELASP), 2021

Sumário O padrão político-partidário brasileiro já mudou muito e continua em mudança. As eleições de 2018 foram disruptivas. Romperam o eixo partidário-eleitoral que organizou governo e oposição nos últimos 25 anos e por seis eleições gerais. O novo governo começou embalado em altas expectativas e muita controvérsia. Bolsonaro formou, tardiamente, uma coalizão minoritária, mais por pressão do que por convicção. A pandemia adicionou um agravante inédito e muito sério ao quadro. A pandemia produziu centenas de milhares de mortes e levou à convocação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar erros e omissões do Executivo Federal. Ela vem cobrando ao governo alto preço em legitimidade política. A atitude político-institucional do presidente tem provocado impasses decisórios e crise política, diante da pior crise que o país já enfrentou. Há sinais de risco à democracia e institucional. No terceiro ano de governo, Bolsonaro tem perdido popularidade e gerado mais crises políticas do que soluções. O objetivo deste artigo é analisar estas mudanças e suas graves consequências político-institucionais.

A CUT nos governos Lula e a reorganização sindical : o caso do Sind-Rede/BH

2011

Dissertação de mestrado em Sociologia, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, sob a orientação de Elisío Guerreiro Estanque e Márcia Ondina Vieira.O presente trabalho tem como propósito analisar a relação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) com os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como compreender o processo de desfiliação das entidades sindicais com essa central. A análise desse processo estará associada com os reflexos da globalização econômica no mundo do trabalho e no sindicalismo, assim como sobre o sindicalismo no Brasil e a reorganização do movimento sindical. Por fim, identificar como foi à constituição da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) enquanto alternativa para o movimento sindical brasileiro, tendo como estudo de caso o Sind-Rede/BH

Sindicalismo, Processo Decisório e Reforma da Previdência no Governo Lula

Dados, 2021

RESUMO O presente artigo analisa o trâmite legislativo da reforma da Previdência no governo Lula. O foco do artigo está concentrado no papel desempenhado pela bancada sindical (deputados e senadores) no acordo político para a aprovação da PEC Paralela da Previdência. A restrição da análise ao trâmite parlamentar da matéria não é fortuita, trata-se de um recorte teórico-metodológico direcionado para o locus principal do processo decisório das reformas previdenciárias em regimes democráticos: a arena legislativa. Em situações político-institucionais em que um governo considerado aliado apresenta uma proposição legislativa que contraria os interesses de setores importantes da base sindical, os parlamentares sindicalistas votam a favor ou contra o projeto encaminhado pelo Executivo? Os achados da pesquisa confirmam a hipótese da predominância da orientação partidária sobre o comportamento parlamentar da bancada sindical. No entanto, os resultados encontrados também demonstram que não se...

Transformismo do PT e contrarreforma da Previdência Social

SER Social

O Artigo discute as principais mudanças no sistema previdenciário durante os governos petistas de Lula e Dilma. Estas seguiram a perspectiva da austeridade, sinalizando a continuidade, em linhas gerais, do projeto de contrarreforma da previdência iniciado por Fernando Henrique Cardoso em meados da década de 1990. Além da manutenção da tendência austera na gestão previdenciária, o PT, contraditoriamente, adota iniciativas de inclusão precária da população pobre e extremamente pobre nesse sistema. Estas alternativas, mesmo com uma programática mais popular quando comparada a ortodoxia neoliberal, continuam reafirmando um padrão de proteção social pautado na figura do cidadão consumidor e ajustado à lógica de acumulação do capital na sua forma financeira. Nesses termos, observamos que a perspectiva adotada pelos governos petistas difere sobremaneira de sua programática originária, resultando de crescente transformismo pelo qual passou o partido ao longo de sua trajetória até chegar à P...

Sindicalismo Do Abc e a Era Lula: Contradições e Resistências

Lua Nova: Revista de Cultura e Política

Resumo O sindicalismo metalúrgico do ABC Paulista criou, a partir do enfrentamento político e das greves durante o período da ditadura militar de 1964, condições para defender suas demandas econômicas na esfera pública, ao mesmo tempo em que se constituiu em uma força política no cenário nacional. A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República do Brasil, em 2002, e sua permanência no cargo por oito anos (2003-2010), foi a confirmação da força política desse sindicalismo que estabeleceu novos parâmetros e influenciou os rumos da organização dos trabalhadores no país. O artigo busca - a partir de um levantamento de dados estatísticos referentes ao trabalho e ao emprego na região do ABC Paulista - estabelecer uma relação entre o contexto econômico e político do período Lula/Dilma Rousseff e as estratégias sindicais dos metalúrgicos, levando em conta as ligações políticas evidentes com o governo do Partido dos Trabalhadores, principalmente com o presidente operár...

Sindicalismo e políticas públicas: o discurso da CUT sobre os governos FHC, Lula e Dilma

Idéias, 2016

A Análise de Discurso (AD) disponibiliza dispositivos analíticos para que possamos avançar na compreensão crítica de um texto. A partir deste referencial teórico, o objetivo deste trabalho é identificar categorias discursivas nas resoluções dos congressos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em relação às políticas públicas implementadas nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Rousseff, entre o VI e XI CONCUT. Os achados de pesquisa apontam para 54 categorias discursivas sobre políticas públicas presentes nas resoluções cutistas, entre 1997 e 2012, sendo 20 referentes ao Governo FHC, 21 referentes ao Governo Lula e 13 referentes ao Governo Dilma. A posição da CUT em relação às reformas previdenciárias dos três governos é tomada como referência empírica para analisar a transição do discurso de “oposição propositiva” no Governo FHC para o discurso de “apoio crítico” nos Governos Lula e Dilma.