Rússia e Ucrânia: por uma alternativa à guerra que "não pode ser vencida" (original) (raw)
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Conjuntura Austral, 2022
A presente guerra entre Rússia e Ucrânia aturdiu um grupo bastante representativo de acadêmicos e diplomatas ocidentais. Entretanto, frente à "inesperada" anexação da Crimeia, ocorrida em 2014, e o início do confronto no Donbass, tal postura seria no mínimo incauta. Esta análise de conjuntura tenta dar conta das origens do problema a partir da complexidade empírica da relação russo-ucraniana e da incapacidade teórica da disciplina de relações internacionais em perceber o círculo vicioso entre identidades e interesses, o qual foi fundamental para chegarmos à situação atual. Isso é feito por meio da interpretação de textos acadêmicos, matérias jornalísticas e documentos oficiais sobre a relação entre Ucrânia, Rússia e a OTAN, à luz da importância das identidades estatais dos atores como causa para o conflito. À guisa de conclusão, sugere-se que a alternativa mais adequada para cessar a violência imediatamente seria a declaração unilateral da OTAN de uma moratória ao ingresso de novos membros, por um prazo bastante estendido, e o comprometimento de se iniciarem negociações sobre um estatuto de neutralidade militar da Ucrânia.
A Situação Pós Comunista: Rússia x Ucrânia
Em 2020 fiz o texto chamado Orientações Marxistas. 1 Nele, toquei em um pouco que nos coloca na atual realidade entre Rússia x Ucrânia. Quem são os oligarcas russos? Por que a Rússia se adaptou bem ao modo de ser capitalista? Reproduzo aqui algumas páginas do texto com intuito de rememora-lo para lermos a situação atual em que vivemos da crise Rússia x Ucrânia. Não foi só a ira, a insatisfação que estão extraviadas, mas a administração doméstica psíquica parece se ver condenada há algum tempo à reprivatização das ilusões. 2 Com a reintrodução da propriedade privada, requisito fundamental para pôr fim ao experimento comunista, mas com a queda da União Soviética, não havia mais um contrato social em validade. Grandes propriedades e excedentes comunistas ficaram à disposição, quantidades enormes de territórios viraram terra selvagem, foram abandonados no que diz respeito aos direitos. Virou um tipo de faroeste para pegar propriedades, textos, imagens, empresas, arte. A vida social até então não parecia ter sido ancorada por um direito civil como um "direito natural" à propriedade privada. O excedente pós-comunista precisou virar uma terra ninguém, um Velho Oeste norteamericano. Um dos principais motivos de se ter criado "castas" e classes privilegiadas. Toda uma reestruturação teve que ser parcelados, distribuídos, abertos e privatizados utilizando regras que não haviam. O que vimos foi uma violência bruta pela aquisição de propriedade privada outrora bens coletivos. Não se trata de uma situação de transição que levou de volta uma sociedade ausente da propriedade privada para uma sociedade com propriedade privada. O modo de se privatizar virou algo tão artificial quanto a nacionalização-estatização. O Estado que havia nacionalizado para construir o comunismo é o mesmo Estado que, agora, privatizou para construir o capitalismo. Esse excedente nacional pode ser visto como um artefato de planejamento estatal e por que não dizer também produtor de uma classe. A privatização, se a entendermos como a re-introdução da propriedade privada, não leva à natureza, um tipo de bem, posse, propriedade no sentido Ocidental, como uma naturalidade. O pós-comunismo é, em verdade, uma instalação artística. Isso demonstra que o Estado Soviético comunista foi tão artificial quanto o agora Estado capitalista. Ela
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia - lições ecumênicas
Caminhos de Diálogo, 2022
A invasão russa à Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022 e a guerra dela decorrente continua até hoje, porém tem raízes mais profundas. Estas ficaram especialmente visíveis ao redor do chamado Euromaidan, em 2014, e a subsequente anexação da Crimeia por tropas russas. Mais do que naquela vez, ficou visível a atuação tímida, se não diretamente apoiadora, da Igreja ortodoxa russa em relação às agressões promovidas pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 2022. A partir de análise bibliográfica e documental, privilegiando vozes enraizadas no Oriente europeu e com conhecimento profundo de causa, além de documentos recentes de críticos à guerra e do Conselho Mundial de Igrejas, em sua reunião do Comitê Central, em junho de 2022, e sua XI assembleia realizada em Karlsruhe, Alemanha, em setembro do mesmo ano, destaca-se a necessidade de manter juntos crítica profética e diálogo ecumênico, o qual, contudo, não deve ser confundido com leniência ou harmonia romântica.
Rússia X Ucrânia: Follow the Money
Revista de Ciências Jurídicas e Sociais - IURJ
Este ensaio se propõe a discutir o confronto entre Rússia e Ucrânia numa perspectiva de disputa por energia, afinal uma das primeiras iniciativas da OTAN foi sufocar a Rússia com sanções econômicas, particularmente, a venda de petróleo e gás russo para outras regiões. Quem se apresenta como fornecedor alternativo de gás para a Europa: EUA. Follow the Money (siga o dinheiro). E quais seriam as lições que o Brasil poderia aprender com este cenário?
Revista Direito em Ação, 2015
RESUMO: O conflito instaurado entre Rússia e Ucrânia repercute na comunidade internacional. A anexação da Criméia à Federação Russa e a existência de conflito armado requer considerações jurídicas, políticas e econômicas. Considerando essa problemática, propõe-se uma análise sobre o Direito Internacional Público, os princípios da segurança, estabilidade e previsibilidade internacionais. Diante da situação imposta pelo conflito, alvitra-se uma crítica sobre o desrespeito aos direitos humanos, a soberania das nações, como sujeitos de direitos e ao posicionamento da comunidade internacional em relação às nações envolvidas.
A "PAZ GELADA" RUSSO-UCRANIANA
Velho General, 2024
Ninguém sério em Moscou ou Washington divide o mundo entre bonzinhos e malvados; todos entenderam Maquiavel suficientemente para saber que o mundo é real, independentemente das ilusões forjadas sobre ele.
Ser ou Não Ser? Ucrânia, Rússia e os dilemas da Política Externa Alemã
2013
A crise politica na Ucrânia provocou intenso debate na Alemanha, que se intensificou a partir do momento em que a Russia passou a apoiar abertamente o movimento separatista na Crimeia. De maneira geral, a atitude tolerante de grande parte do publico alemao face ao comportamento da Russia no processo foi explicada com base em fatores economicos, culturais e historicos: a experiencia traumatica da Segunda Guerra Mundial. O presente artigo afasta-se dessas analises, ao abordar a questao pelo ângulo da politica externa alema. Detendo-se, primeiramente, no debate sobre a identidade internacional da Alemanha, que vem se desenvolvendo desde a reunificacao do pais, em 1990, o artigo discute a resposta a crise presente a luz do papel atribuido a Russia na politica externa alema, ao longo desse periodo.
O CONFLITO RÚSSIA E UCRÂNIA COMO NOVO FOCO DE GUERRA NO MUNDO
Este artigo tem por objetivo analisar o conflito atual existente entre a Rússia e a Ucrânia, apontar suas causas e consequências do ponto de vista geopolítico e os riscos que representa para a eclosão de uma guerra de repercussões globais. Vários são os países que podem se constituir em focos de eclosão de guerras no mundo destacando-se, entre eles, Palestina, Israel, Irã e Coreia do Norte. Agora, a Ucrânia faz parte do rol dos países que se constituem em focos de uma nova guerra mundial.
Identidade como fonte de conflito: Ucrânia e Rússia no pós-URSS
Contexto Internacional, 2006
The main argument of this paper is that the process of interaction between Ukraine and Russia generates a social identity of enmity, which is the source of the conflict of interests between the two countries. In order to defend the argument, a theoretical model is proposed based on the importance of ideas to the constitution of interests and on the belief that interests are determined by identities. The next task is to demonstrate why the identity between the two countries is one of enmity. The reaction of both countries towards NATO expansion is used to illustrate the consequences of enmity. Because identities determine interests, the relationship between friend States involves common interests and between foes divergent interests. So the perception of a threat is shared by friends while between enemies the friend of one becomes the enemy of the other. That is why Ukraine cooperates with NATO and Russia does not accept its expansion. In order to avoid that the conflicts between Ukraine and Russia become a threat to Europe's security, it's necessary to change the identity constructed in through their interaction.
Ucrânia, O Campo de Confronto Imperialista
O presente artigo analisa a crise ucraniana partindo do pressuposto de que a Ucrânia, desde a sua independência, tem sido vítima ou campo das disputas geopolíticas de dois impérios – o ocidental e o russo. Realça-se igualmente, que a razão desta condição de vítima da Ucrânia no contexto da crise resulta, por um lado, do sentimento russo de que a Ucrânia faz parte da sua esfera de influência natural, por causa da proximidade geográfica, histórica e identitária, por outro lado, resulta das ambições geopolíticas do ocidente como o alargamento da União Europeia e a expansão da Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN). O confronto entre os dois impérios foi tomando contornos complexos que desembocaram na revolução laranja em 2004, nos conflitos sobre o preço do gás natural entre 2006 e 2010, na adesão/ anexação da Crimeia em 2014 e na assinatura do Acordo de Livre Comércio e Cooperação Política em 2014. Todos estes acontecimentos puseram a Ucrânia em sucessivas crises e dilemas diante da pressão tanto do ocidente quanto da Rússia. No tocante ao futuro da Ucrânia o artigo apresenta quatro cenários dos quais o primeiro tem mais possibilidades de se materializar, dada a situação prevalecente na Ucrânia.