Reflexões acerca da representação do medievo e da guerra medieval através do Age of empires: Age of The Kings II (original) (raw)
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Panorama do Segundo Império, “Laivos Reacionários” e projeto moderno de história
Oficina do Historiador
O objetivo deste artigo é avaliar as estratégias utilizadas por Nelson Werneck Sodré na elaboração de Panorama do Segundo Império, publicado originalmente em 1939. Como primeiro trabalho de Sodré dedicado aos estudos históricos do Brasil, esse livro é anterior a seu alinhamento com os marcos teóricos do marxismo, quando o autor publicou suas obras mais conhecidas. Por esse motivo, Sodré não reeditou aquele trabalho nas décadas seguintes, assim como aposentou grande parte de sua bibliografia lançada até a década de 1940. No caso de Panorama do Segundo Império, as principais referências utilizadas por Sodré são intelectuais que pertencem ao campo autoritário do pensamento político e social brasileiro, como Azevedo Amaral e Oliveira Viana. Ao mesmo tempo, percebe-se que os conceitos apreendidos naqueles autores são empregados para analisar o período sem se limitar às cronologias lineares e ações dos personagens políticos da época, aspecto em que as reflexões de Reinhart Koselleck nos a...
Aspectos da mesa do rei entre a Idade Média e a Época Moderna
2014
Resumo O presente livro oferece uma abordagem diacrónica de elementos patrimoniais de alguns dos padrões alimentares dos Portugueses e da forma como a receção e fusão dos mesmos se dá na cultura brasileira. A obra constituise de quatro partes, formadas por capítulos agregados por épocas históricas (da Antiguidade Clássica à Época Contemporânea). Assim os capítulos reunidos na I Parte apresentam estudos sobre hábitos de consumo e rituais de convivialidade oriundos das duas grandes civilizações fundadoras da Europa, a grega e a latina, e têm por objectivo demonstrar como algumas práticas, hoje tidas irrefletidamente por hábitos dos tempos contemporâneos, são muito mais do que isso. Constituem a ligação do homem atual a um passado distante, a herança mediterrânea antiga, ainda assim modeladora da sua identidade. Na Parte II o enfoque orienta-se para o universo da alimentação na Idade Média, quer abordando questões de ordem moral/religiosa, quer debruçando-se sobre dois dos universos mais documentados para a época em questão: a mesa dos reis e a das ordens monásticas. Segue-se a Parte III, que permite ao leitor compreender, com base no exemplo da mesa régia e de um colégio universitário, alguns dos aspetos fundamentais da transição da Idade Média para a Idade Moderna. Os Descobrimentos portugueses provocaram um enorme impulso na produção de açúcar e, consequentemente, no fabrico, comércio e consumo de doces, temática central nesta parte da obra. Na Parte IV, cria-se um espaço de reflexão sobre o contributo da herança cultural portuguesa na construção de um discurso sobre a cozinha brasileira e no aparecimento na sociedade, sob a influência colonial, de mitos, crenças e tabus associados ao aleitamento materno (um tema geralmente marginalizado no âmbito da História da Alimentação).
Democracia, vivências políticas e os limites da liberdade, 2023
Crusader Kings III (2020) é um jogo eletrônico que busca simular as dinâmicas da vida dos estamentos dominantes durante a era medieval, nos continentes europeu, africano e asiático. É um dos títulos mais recentes do Paradox Development Studio que, desde 2000, especializa-se em jogos complexos com temáticas históricas e mantém uma reputação de apresentar elevada acurácia histórica em suas obras. Esta reputação de autoridade em História Pública é ponto central na identidade do estúdio sueco e pauta toda a estratégia comunicativa da empresa. Com isto em mente, este texto aborda os Dev Diaries de Crusader Kings III, comunicações frequentes da empresa direcionadas aos jogadores já existentes, nas quais diversos funcionários elucidam o processo de criação de diferentes aspectos do jogo. Em especial, nos deteremos nas passagens que abordam as representações imagéticas de Crusader Kings III, que incluem, por exemplo, vestuário, interiores, mobílias, castelos, catedrais, pontes, armas, armaduras e brasões heráldicos. A investigação dos Dev Diaries explicita que, invariavelmente, as discussões acerca das criações de representações imagéticas referenciam uma etapa inicial de pesquisa histórica. A análise nos permite concluir que se trata de uma estratégia de reiteração discursiva por parte da empresa, que, por um lado, atua para suprir expectativas geradas no passado em sua comunidade de jogadores veteranos e, por outro, para gerar e reforçar expectativas para o futuro, tanto em jogadores veteranos quanto novatos. É esse processo de gerar e suprir expectativas que cristaliza o capital reputacional do Paradox Development Studio como produtor de História Pública.
Representações da Idade Média no cinema: uma análise do filme “The King” (2019), de David Michôd.
Representações da Idade Média no cinema: uma análise do filme “The King” (2019), de David Michôd., 2021
The King (2019) é um filme enquadrado na categoria de drama histórico, dirigido por David Michôd e estrelado por Timothée Chalamet, que encarna Henrique V da Inglaterra. A obra foi inspirada nas peças Henry IV, Parte I, Henry IV, Parte II e Henry V de William Shakespeare 1. Embora sua estreia tenha ocorrido no Festival de Cinema de Veneza, em setembro de 2019, sua distribuição maciça foi realizada através do streaming digital da empresa Netflix, em novembro do mesmo ano. Sua proposta foi mal recebida por diversos historiadores franceses, e gerou controvérsia na crítica cinematográfica 2 , apesar da boa recepção por parte dos espectadores. Nesse artigo, pretendemos analisar a obra em uma perspectiva tanto da abordagem histórica como da adaptação, observando a proposta de medievalidade que se apresenta, seus limites e percalços, bem como a forma como a abordagem da Batalha de Agincourt se relaciona com o contexto político inglês atual. O enredo do filme gira em torno da alçada de Henrique V da Inglaterra ao trono. Henrique V não é representado como um herói convencional. Logo de início, ele se mostra desobediente, boêmio e contra os rumos que seu pai, Henrique IV, dava ao governo, baseado em uma política de guerra. Por conta de seu temperamento, seu pai passa o trono ao filho mais novo, Thomas, que posteriormente morre em uma batalha no País de Gales. Isso, somado ao falecimento do próprio Henrique IV, implica na posse de Henrique V, mesmo contra sua vontade. Todavia, seu posicionamento é diferente daquele proposto por seu pai. Em toda a narrativa, Henrique V aparecerá como um monarca conciliador, principalmente em relação às contendas com a França. Porém, após o suposto
Revista Veredas da História
Por muito tempo uma historiografia militar tradicional, situada aos fins do século XIX e inicio do século XX, difundira a ideia de que não havia uma planificação tático-estratégica por parte das lideranças militares que ditavam os rumos dos conflitosocorridos no cenário bélico medieval. Tendo isto em vista, este breve artigo objetiva compreender quais os principais fundamentos defendidos por este viés de pensamento, tomando para isso como corpus documental de análise, a obra The Art of War in the Middle Ages (1885) do historiador militar britânico Charles Chadwick Oman, por entender que tal obra nos oferece um sintomático paradigma do pensamento historiográfico de toda uma corrente em questão. Nossa perspectiva está em sintoniacom as novas vertentes de abordagem da temática bélica no Medievo, em especial, as pesquisas conduzidas pelo medievalista Francisco García Fitz, da qual utilizamos para contrapor as ideias defendidas por essa antiga historiografia militar. Assim, o nossoartigo...
A presença de um imaginário imperial na monumentalização da memória da Guerra Colonial portuguesa
Revista Cabo dos Trabalhos, 2020
Tendo como pano de fundo o debate atual produzido em várias instâncias sobre os modos de olhar e pensar criticamente o passado colonial português, este ensaio pretende dar um contributo adicional a essa discussão, refletindo sobre o processo de monumentalização da memória da guerra colonial em Portugal, desde o seu desencadear até à atualidade. Em primeiro lugar, é feita uma breve contextualização teórica do fenómeno e apresentada a análise das principais leituras e dinâmicas de representação dos monumentos. Em segundo, são examinados alguns traços distintivos dos monumentos construídos em Portugal. Por fim, é abordado o modo como a iconografia e as escolhas escultóricas de alguns monumentos projetam um imaginário imperial. O trabalho conclui que estes monumentos, cuja dinâmica de construção foi particularmente intensa nas últimas duas décadas, optam por disseminar visões insuficientemente complexas e historicizadas do fenómeno histórico que evocam.
Cultura da Mídia e Medievalidade - Uma análise do videojogo Assassin's Creed
Resumo: Este trabalho analisa o videojogo Assassin’s Creed que, lançado em 2007, pela empresa Ubisoft Montreal, evoca representações do período medieval, destacando a Seita dos Assassinos e vários personagens históricos em meio à Terceira Cruzada. Devido à pouca produção bibliográfica envolvendo o assunto, lançamos mão de parte da teoria cinematográfica para subsidiar este trabalho. Exploramos em que medida a história representada no jogo dialoga com o momento de sua produção. Além disso, procuramos colocar em evidência o modo como os consumidores dessa trama, através da convergência das mídias, buscaram estabelecer uma relação mais próxima do enredo apresentado à sua experiência cotidiana. Abstract: This study analysis Assassin’s Creed videogame that, released by Ubisoft Montreal in 2007, evoke representations of medieval period and emphasizes the assassins’ sect and several historic characters in the middle of third Crusade. Because of the lack of bibliographic production about this subject, we prefer use part of the cinematographic theory to develop this work. We explore how the game’s story dialogues with the moment’s production. Besides, we also put in evidence the way that consumers of this plot, through the convergence of medias, sought to establish a closer relation of spot presented to your everyday experience.
Revista Letras Raras, v. 9 n. 2, p. 228-251, 2020
O presente artigo faz uma reflexão a respeito da presença da História nos documentos medievais The Anglo-Saxon Chronicle e The Life of King Alfred e na literatura contemporânea de Bernard Cornwell, especificamente, em seu romance histórico The Last Kingdom (2004). Esses textos abordam a história da Inglaterra no século IX do período denominado Era Viking em diferentes perspectivas. Ficção e história entram em confronto, a fim de representar momentos significativos da época relatada. O artigo objetiva, dessa forma, observar como o real histórico é apresentado nos textos de diferentes épocas, com o fim de compreender as relações de poder entre anglo-saxões e escandinavos pelas óticas do medievo e de sua recepção no mundo contemporâneo. São discutidos neste artigo o contexto de produção dos textos e a contextualização histórica da época representada, para então, promover uma breve leitura de trechos com base em teóricos que procuram conceituar o gênero literário ficção-histórica.
Rastros da história: uma análise de O livro da Guerra Grande
Revista Memorare
Afastando-se da ideia de história preocupada com uma origem fundadora e com a verdade, Michel Foucault propõe uma concepção desse campo de conhecimento que se volta aos desvios e às dispersões. Na mesma medida, o romance histórico contemporâneo é um subgênero literário que surge com a finalidade de tecer releituras acerca de acontecimentos eleitos pela historiografia oficial sob novos pontos de vista. Considerando que O Livro da Guerra Grande (2002), de autoria do paraguaio Augusto Roa Bastos, do uruguaio Omar Prego Gadea, do brasileiro Eric Nepomuceno e do argentino Alejandro Maciel, intenta revisitar a temática da Guerra do Paraguai sob um novo olhar, o artigo objetiva identificar pontos de contato entre a noção de história problematizada na obra coletiva em questão e o pensamento foucaultiano.