A Alfabetização No Antigo Regime O Caso Do Porto e Da Sua Região (1580-1650) (original) (raw)

Os estudos que publicámos em 1979 e em 1983 sobre níveis de alfabetização de funcionários administrativos e judiciais dos Concelhos de Refojos de Riba d'Ave, da Maia e de Gaia na primeira metade do século XVII l lograram bom acolhimento por parte da generalidade dos colegas e público a quem o tema interessou. Os testemunhos que então nos foram amavelmente endereçados estimularam-nos a prosseguir e a aprofundar a investigação neste domínio. Desde logo pensamos que a matéria poderia eventualmente ser retomada e desenvolvida com amplitude na dissertação complementar de doutoramento. Com esse objectivo fomos armazenando, ao longo de anos, os dados e informações que adiante divulgaremos. * Este trabalho foi apresentado como prova complementar de Doutoramento em História Moderna e Contemporânea. Foi subsidiado pelo INIC. i Ver Níveis de alfabetização de oficiais administrativos e judiciais dos concelhos de Refojos de Riba d'Ave e da Maia, na i. a metade do séc. XVII, Santo Tirso, 1982 (Sep. de Actas do Colóquio de História Local e Regional); O Concelho de Gaia na Í. a metade do séc. XVII; Instituições e níveis de alfabetização dos funcionários, Vila Nova de Gaia, 1984 (Sep. da Revista «Gaya», vol. II). Trata-se de comunicações apresentadas em Congressos em 1979 e 1983. 102 REVISTA DA FACULDADE DE LETRAS 2-Os estudos sobre a alfabetização Decorreram já algumas décadas desde o aparecimento dos primeiros trabalhos de investigação histórica sobre as questões da alfabetização. De facto, em 1957, M. Fleury e A. Valmary publicaram um pioneiro e marcante estudo com base nas informações recolhidas na sequência do, inquérito ordenado em França, em 1877-1879 pelo Inspector Louis Maggiolo 2. Importantes avanços metodológicos foram trazidos pouco depois por historiadores de língua inglesa, nomeadamente Roger Schofield e Lawrence Stone. O primeiro reafirmou em 1968 a importância da assinatura como indicador da alfabetização 3. O segundo assinou no ano seguinte um importante artigo sobre as fases do processo de aprendizagem da leitura e da escritura na Inglaterra moderna 4-trabalho que Pierre Goubert entendeu classificar como «novo e rico» K Os trabalhos sobre o tema prosseguiram não só em França e na Inglaterra mas também na Espanha e noutros países da Europa e ainda na América onde novos e meritórios estudos viram, entretanto, a luz do dia 6 .