Considerações Sobre História, Memória e Esquecimento: Diálogos Entre Literatura e História Em O Livro Do Riso e Do Esquecimento (original) (raw)
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Memória e esquecimento: notas a lápis sobre a escrita da história
Revista Limiar, 2020
Resumo: este ensaio busca explorar a relação entre a memória e o esquecimento a partir do registro do pensamento de Paul Ricoeur. Com este objetivo, o percurso trilhado segue os vestígios deixados por Jeanne-Marie Gagnebin. Considera, para isso, necessário problematizar o lugar da escrita histórica e da narrativa como elementos constitutivos do próprio processo da história. Ricoeur elege, então, Platão e Nietzsche como aliados. Apesar do improvável encontro, ambos os autores parecem se reunir em suas críticas, respectivamente, ao registro escrito e ao caráter cientificista da historiografia do século XIX. A tessitura proposta acaba por exigir a reabilitação prudente do esquecimento em consonância com a política da justa memória.
Esquecimento" e Consagração De Mario Quintana Para Uma Outra História Da Literatura Brasileira
RESUMO: O presente estudo, de natureza bibliográfica, apresenta um levantamento de diversas histórias da literatura brasileira ou materiais relacionados ao tema, bem como de obras para-historiográficas, que apresentem visadas biobibliográficas ao poeta, a fim de analisar a postura da historiografia-literária brasileira em relação à figura de Mario Quintana. Procurou-se situar a história editorial do poeta gaúcho e também verificar qual é o tratamento ele que recebe na história literária nacional, a partir da hipótese de que as suas composições poéticas não recebem o devido registro em histórias da literatura ou em materiais contíguos. Ao longo do estudo, a premissa hipotética foi confirmada e, no intuito de apresentar novos olhares ao cânone nacional, este estudo tem por fun-ção primeira propor uma revisitação às considerações acerca da obra do poeta sul-rio-grandense, principalmente, àquelas relacionadas ao parâmetro crítico modernista, visando contribuir também para que os quintan...
O Livro Perdido: Narração e Esquecimento Em Quatro-Olhos
Revista de Letras Norte@mentos
O presente artigo trata do romance Quatro-Olhos, de Renato Pompeu, publicado em 1976, a partir de uma perspectiva de análise da narrativa. O objetivo é delimitar recursos estéticos usados pelo peculiar foco narrativo da obra, que alterna primeira e terceira pessoas, registros formais e informais da língua, enredos lineares e não-lineares. Observou-se que a dicotomia memória e esquecimento assume papel central no livro, pois é a partir das lacunas da lembrança que a linguagem fragmenta-se, tornando a narração, em especial do primeiro capítulo, em um mosaico de informações que desafiam o leitor a tentar compor alguma linearidade de enredo.
Esquecimento e História: narrativa borgeana e reflexão historiográfica
O PRESENTE trabalho procura pensar o esquecimento em sua relação com a memória no que concerne à afinidade entre memória e afetividade, e às dimensões positivas do esquecimento, para, a partir disso, trabalhar com a escrita historiográfica. Parte-se da literatura de Jorge Luis Borges, tendo como recorte quatro contos, “O Zahir”, “O Aleph”, “Funes o memorioso” e “A memória de Shakespeare”, com a finalidade de discutir questões relativas ao esquecimento e depois versa sobre a escrita da história, privilegiando, sobretudo, as considerações do historiador estadunidense Hayden White. A partir da descrição dos contos e da colocação das indagações sobre esquecimento que norteiam a pesquisa, traçam-se paralelos com os pressupostos teóricos, especialmente com a dimensão positiva do esquecimento, elencada por Nietzsche, e as relações entre memória voluntária e involuntária, pensadas a partir de Bergson, Proust e Seixas. Num segundo momento, aborda-se a relação existente entre escrita literária e escrita da história, compreendendo o que foi apresentado por Hayden White, que na composição de relatos históricos intervêm os mesmos mecanismos linguísticos presentes na construção literária. Procura-se estabelecer elos e críticas relativos à escrita da história e discutir que as considerações trazidas por White, se associadas ao anteriormente exposto sobre as dimensões positivas do esquecimento e a valorização por parte da historiografia de mecanismos próprios da memória, podem trazer resultados profícuos ao estudo da história.
Literatura, Memória e Resistência
Diadorim, 2017
Este artigo, articulando princípios estéticos e políticos, tem por objeto o estudo da forma como a literatura publicada após a Revolução dos Cravos promoveu uma releitura da sociedade moldada pelo salazarismo em Portugal. O corpus literário será analisado a partir de estudos que privilegiam uma base transdisciplinar, relacionando literatura, história, memória, geografia humana e política, e que darão destaque às interseções entre literatura e sociedade, aos enfrentamentos de modelos discursivos autoritários e/ou colonialistas e às interpelações intertextuais promovidas por essa produção.
Memória, O Segredo Da História: Uma Revisão Da Literatura
saomarcostatuape.com.br
O presente artigo discute as relações existentes entre memória e história, através de uma revisão da literatura sobre o assunto. Autores reverenciados questionam: História é memória e/ou vice-versa? As interações entre memória e história são abordadas desde as origens gregas até as concepções teóricas mais recentes. A preocupação do estudo reside em definir parâmetros para a utilização da memória (voluntária ou involuntária) como instrumental para o trabalho da História.
Memória e verdade nas distopias literárias
As distopias literárias são obras que tratam de um futuro hipotético onde o controle exercido sobre os indivíduos é total e irrestrito. Tal controle tenta se estender inclusive sobre a memória dos sujeitos, como forma de controlar seu passado e por conseguinte, seu futuro. Em Admirável Mundo Novo, 1984 e Fahrenheit 451, a questão da memória é retomada constantemente por Huxley, Orwell e Bradbury, respectivamente. Em comum a estes autores está a função da memória de dotar a vida dos personagens de sentido, oferecer-lhes explicações e potencial crítico que acabam por culminar no confronto direto com os regimes que os oprimem. As memórias dos personagens se entrecruzam com o discurso oficial dos regimes distópicos, discurso este que insiste em suas próprias verdades e nega o factual em nome delas. Nos regimes distópicos evidencia-se a necessidade de haver um controle da verdade pelo grupo que detém o poder, com isso, todo saber não-oficial ou que seja desinteressante para os detentores do poder é sistematicamente abolido. Neste processo a história é modificada de modo que não existam vestígios materiais para provar ou negar o que está sendo dito e para que o passado possa, no futuro, continuar a ser alterado. É neste sentido que um dos slogans do Ingsoc, partido do controla a Oceania, em 1984 é "quem controla o passado, controla o futuro", que aprendese a ter ojeriza a tudo que é antigo em Admirável Mundo Novo e que a história é apenas copiada mecanicamente pelos alunos de Fahrenheit 451, ou que os museus tenham se convertido em meros acervos virtuais e que nas três distopias aqui citadas o controle ou extinção dos livros seja símbolo do fim da memória. Como conseqüência disso os personagens centrais destas obras tentam recompor debilmente suas memórias, amarrar seus fios frágeis como forma de resistência aos regimes que os oprimem. A memória é, nesses casos, expressão não dos fatos decorridos, já que não é possível provar os fatos lembrados, mas modo de expressão da subjetividade dos protagonistas e da sua afirmação enquanto indivíduos num meio que lhes é hostil e que exige um comportamento de massa.
Memória e Literatura: uma perspectiva hermenêutica
Revista Vértices (Campos dos Goytacazes), 2012
Este artigo reflete sobre a memória e a literatura, ambas inseridas numa perspectiva hermenêutica. Mostraremos que uma obra literária tanto quanto um documento e/ou arquivo histórico precisam ser interpretados, isto é, não devem ser compreendidos somente no que dizem, mas também nas experiências que testemunham em suas entrelinhas. O que os leitores apreendem desta narrativa histórico-literária não seria a vida em si, que permanece um enigma, entretanto, compreenderia os significados em que a vida se traduz, ou seja, suas categorias. Uma dessas categorias manifesta-se nas obras artísticas: a estética e o seu anverso - a ética. A literatura pode ser vista como uma obra ensaística que se opera na manifestação específica da linguagem.
Memória, história e literatura
Artcultura
Como interrogar nossa consciência histórica? Nos últimos anos, foram propostos alguns importantes diagnósticos gerais e temos raros levantamentos empíricos. Aqui, eu gostaria de interrogar as maneiras como o romance contemporâneo imaginou o historiador. Analisar o modo no qual esta figura aparece como assiduidade (de Middlemarch, de George Eliott (1872) a Tous les noms, de José Saramago) permite indagar sobre como os romancistas veem o historiador e sobre suas relações com a memóriaPalavras-chave: memória; literatura; consciência histórica.