Brasil e Portugal. Ditaduras e transições para a democracia (original) (raw)

Ditadura e democracia no Brasil

Revista Cantareira, 2016

Resenha de REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura e Democracia no Brasil: do Golpe de 1964 à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

Modelos de democracia na era das transições

Civitas Revista De Ciencias Sociais, 2006

A polissemia do conceito democracia vincula-se às interpretações teóricoideológicas que atribuem sentido às experiências de socialização, bem como a projetos de sociedade. Mas, o senso comum parece sublimar seu caráter polissêmico. Faz-se isto fetichizando os processos democráticos, ocultando os pressupostos que informam distintas vivências que, sob a rubrica de democracia, revelam concepções e experiências divergentes acerca da interação entre instituições sociais que podemos chamar, como recurso heurístico, estado, mercado e sociedade. Os modos como nas ciências sociais tais formas de interação são pensadas e sistematizadas conceitualmente implicam a vitalidade de algumas concepções de mundo sobre outras numa disputa que supõe moralidades em conflito numa (re)constituição permanente da modernidade.

Ditadura e Democracia – um apanhado teórico sobre a transição democrática no Brasil

Este capítulo é uma exposição das críticas recentes feitas às teorias clássicas das transições democráticas na América Latina, tomando como base o caso do Brasil. O objetivo é explorar, de forma concisa, as críticas feitas a essas teorias e apontar os desafios teóricos e metodológicos que ainda se impõem aos pesquisadores das transições democráticas. Percebe-se que, apesar de muito pertinentes, as críticas recentes feitas às teorias clássicas ainda precisam ser embasadas em estudos que contemplem as metodologias sugeridas. Além disso, mesmo após 50 anos do golpe militar no Brasil, ainda sobram arestas a serem exploradas com pesquisas empíricas e novas percepções sobre o processo de transição democrática no Brasil.

Modelos de democracia na era das transições

Civitas, 2006

A polissemia do conceito democracia vincula-se às interpretações teóricoideológicas que atribuem sentido às experiências de socialização, bem como a projetos de sociedade. Mas, o senso comum parece sublimar seu caráter polissêmico. Faz-se isto fetichizando os processos democráticos, ocultando os pressupostos que informam distintas vivências que, sob a rubrica de democracia, revelam concepções e experiências divergentes acerca da interação entre instituições sociais que podemos chamar, como recurso heurístico, estado, mercado e sociedade. Os modos como nas ciências sociais tais formas de interação são pensadas e sistematizadas conceitualmente implicam a vitalidade de algumas concepções de mundo sobre outras numa disputa que supõe moralidades em conflito numa (re)constituição permanente da modernidade. * Adelia Maria Miglievich Ribeiro é doutora em Sociologia pela UFRJ, professora DE no PPG em Políticas Sociais da UENF, onde coordena o Núcleo de Estudos em Teoria Social (NETS). Junto com Emil A. Sobottka (PUCRS) é líder do grupo de pesquisa Emancipação e

O Imaginário Internacional a Partir Da Primeira Página: O Contributo Da Revista Seara Nova Na Transição Da Ditadura Para a Democracia Em Portugal

Revista Prâksis, 2024

Fundada em 1921, a revista Seara Nova destaca-se no panorama mediático português não apenas pela sua longevidade. Durante anos, foi um dos símbolos da resistência ao regime ditatorial liderado por António Salazar (1926-1968) e Marcelo Caetano (1968-1974), sobrevivendo a inúmeras censuras e atentados à liberdade de expressão, com uma proposta editorial que noticiava os problemas do país e diversas situações que marcavam a atualidade internacional e com um olhar atento aos países africanos de língua oficial portuguesa. A partir de uma delimitação temporal (1959-1979) e abordando apenas duas temáticas-a cobertura de assuntos da África de língua portuguesa e os acontecimentos internacionais-este artigo observa a mediatização destes assuntos retratados na primeira página da revista Seara Nova. A análise efetuada às 225 edições, ao longo de duas décadas, permite concluir, por exemplo, que os assuntos internacionais ocupavam um espaço diminuto, mas relevante do ponto de vista editorial. O líder cubano Fidel Castro surge como figura mais vezes retratada, ao mesmo tempo que alguns conflitos militares e políticos menos mediáticos, como o Perú, Chile e a República Dominicana também surgem com frequência. A revista esteve, ainda, atenta aos feitos científicos da altura, como a chegada do Homem à Lua, e manifestou sempre um interesse claro pela literatura, com a recusa do Nobel por Sarte, a morte de Albert Camus ou a passagem de Jorge Amado por Portugal, assim como as mudanças de poder nas ex-colónias. Esta investigação sugere, por fim, que a revista sobreviveu ao regime ditatorial e que a transição para a democracia foi relativamente inócua para o tratamento de assuntos internacionais.

A transitividade da transição: da ditadura à democracia Lei & Ordem

As recentes [2014] ofensivas dos governos Dilma Rousseff e Pezão (RJ) contra movimentos de oposição à sua política e aos seus projetos econômicos mantêm na pauta de discussões os liames entre o atual regime de dominação classista e a ditadura empresarial-militar vigente no Brasil de 1964 a 1988. Com o objetivo de contribuir para as discussões sobre o assunto, apresento uma versão modificada do texto básico da palestra que, com variações, fiz, em abril passado, em algumas ocasiões descomemorativas do cinquentenário do golpe de 1964.