Iluminismo Agora (original) (raw)

Iluminismo ou Iluminismos?

Revista Vernáculo, 2013

O presente artigo propõe que o Iluminismo não foi um movimento homogêneo, ocorrido somente na França, conforme defendem alguns historiadores e grande parte do material didático disponível. A perspectiva dominante no ensino limita o conhecimento dos estudantes de história, pois desconsidera a possibilidade de se conhecer como o Iluminismo se originou em outras nações. Em um primeiro momento, estabelecemos uma relação entre ensino e Iluminismo, mostrando a partir da análise de um livro didático e de questões extraídas de vestibulares como esse assunto é tratado no âmbito da educação básica. Na sequência, trazemos à discussão o conceito de Iluminismo, focando as características comuns de todas as tendências desse movimento intelectual. Encerrado esse debate, apresentamos as novas correntes que defendem a existência de uma pluralidade de Iluminismos e destacamos o Português para dar suporte a essa análise. Com esse trabalho, pretendemos mostrar que existiram diferentes tendências no âmb...

Iluminismo e Tolerância Religiosa

Ciência Hoje, 2016

Nas últimas décadas do século 17, na Inglaterra, em meio a um extenso debate em torno à tolerância religiosa, foram esboçados os contornos do secularismo jurídico que fundamenta os Estados modernos: neutralidade confessional das instituições públicas, respeito às convicções religiosas individuais e regulação civil de sua expressão pública. Conhecer os pressupostos históricos específicos dessa fórmula é fundamental para lidarmos com os desafios de respeito à liberdade religiosa e a visões de mundo divergentes lançados no mundo contemporâneo.

Iluminismo e direito penal

Iluminismo e direito penal. Florianópolis: Boiteux, 2009

A modernidade ocidental é, em muitos aspectos, tributária do discurso iluminista do século XVIII. O direito penal, longe de constituir qualquer exceção, esteve no centro do debate iluminista. Com a presente obra intentamos resgatar este importante capítulo da história das ideias filosóficas que tanto marcaram a cultura jurídica moderna. A importância do Iluminismo para a formação do direito penal moderno é suficientemente reconhecida em todos os manuais e tratados de direito penal escritos no Brasil. Tal reconhecimento, porém, nem sempre é acompanhado do aprofundamento histórico-jurídico necessário para a compreensão tanto da centralidade do problema penal do século XVIII quanto para uma avaliação mais criteriosa das rupturas e continuidades existentes entre o Iluminismo jurídico-penal e os outros momentos, anteriores e posteriores, da cultura jurídico-penal ocidental. Desta maneira, ao contrário da busca pela origem tranquilizadora que perpassa as introduções históricas de tantos livros didáticos de direito penal, o objetivo dos textos que compõem este livro é problematizar esta origem, bem como perceber as especificidades históricas de tal discurso. Para executar essa tarefa selecionamos alguns dentre os pontos da história do Iluminismo jurídico-penal que consideramos de especial interesse para o leitor brasileiro. Assim, começamos com Cesare Beccaria, passamos por seu “discípulo” Jeremy Bentham, pela questão dos crimes políticos entre o Iluminismo e a Revolução Francesa, chegando às reverberações do Iluminismo do direito penal brasileiro do principio do século XIX.

O novo iluminismo e suas tensões

2020

A resenha apresenta uma análise do livro O novo iluminismo: em defesa da razão, da ciência e do humanismo, obra do psicólogo e neurocientista Steven Pinker, que propõe uma defesa pública da razão, da ciência e do humanismo, num intuito de reconstruir as ideais iluministas no cotidiano contemporâneo. O diálogo dessas reflexões com o campo das ciências sociais pode gerar tensões e críticas, no entanto, produtivas, equilibrando as perspectivas em um momento de necessidade de reafirmação do pensamento científico.

Kant Que e iluminismo

0 Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento (razão) sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo. A preguiça e a cobardia são as causas por que os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controlo alheio (naturalíter maiorennes), / continuem, no entanto, de boa vontade menores durante toda a vida; e também por que a outros se toma tão fácil assumirem-se como seus tutores. E tão cómodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de boa vontade tomaram a seu cargo a superintendência deles. Depois de, primeiro, terem embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo não é assim tão grande, pois aprenderiam por fim muito bem a andar. Só que um tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas ulteriores. É, pois, difícil a cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tomou / quase uma natureza. Até lhe ganhou amor e é por agora realmente incapaz de se servir ao seu próprio entendimento, porque nunca se lhe permitiu fazer uma tal tentativa. Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional ou, antes, do mau uso dos seus dons naturais são os grilhões de uma menoridade perpétua. Mesmo quem deles se soltasse só daria um salto inseguro sobre o mais pequeno fosso, porque não está habituado a este movimento livre.'São, pois, muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito arrancar-se à menoridade e iniciar então um andamento seguro. Mas é perfeitamente possível que um público a si mesmo se esclareça. Mais ainda, é quase inevitável, se para tal lhe for dada liberdade. Com efeito, sempre haverá alguns que pensam por si, mesmo entre os tutores estabelecidos da grande massa que, após terem arrojado de si o jugo da menoridade, espalharão à sua volta o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem para por si mesmo pensar. Importante aqui é que o público, o qual antes fora por eles sujeito a este jugo, os obriga doravante a permanecer sob ele quando por alguns dos seus tutores, pessoalmente incapazes de qualquer ilustração, é a isso / incitado. Semear preconceitos é muito pernicioso, porque acabam por se vingar dos que pessoalmente, ou os seus predecessores, foram os seus autores. Por conseguinte, um público só muito lentamente pode chegar à ilustração. Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento. Mas, para esta ilustração, nada mais se exige do que a liberdade; e, claro está, a mais inofensiva entre tudo o que se pode chamar liberdade, a saber, a de fazer um uso público da sua razão em todos os elementos. Mas agora ouço gritar de todos os lados: não raciocines! Diz o oficial: não raciones mas faz exercícios! Diz o funcionário de Finanças: não raciones, paga! E o Clérigo: não raciones, acredita! (Apenas um único senhor no mundo diz: raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre

O iluminismo maduro como alternativa à queda da modernidade

Universitário Resumo: Na filosofia, em particular na filosofia do direito, são recorrentes os movimentos contra o domínio da técnica sobre elementos culturais. Frequentemente, os argumentos atacam uma concepção iluminista ou cartesiana do conhecimento, para a qual haveria verdades absolutas e o método mais adequado para alcançá-las (ou, ao menos, prová-las) seria a dedução lógica. As críticas continuam, afirmando que as verdades, hoje, são relativas e construídas na linguagem e na história, sendo assim incapazes de submissão a um esquema racional-dedutivo como a modernidade cartesiana propõe. A superação do paradigma moderno supõe a vigência de um paradigma epistemológico que flerta com o relativismo. Este texto vem mostrar, a partir de algumas ideias do autor Ian Shapiro, que é possível ver de forma diferente a concepção moderna da ciência, pois o projeto da modernidade já teria suposto os elementos relativistas que hoje são usados para rejeitar o ideal iluminista de progresso cultural e moral através da técnica. Palavras-chave: Iluminismo. Pós-modernidade. Ian Shapiro. Epistemologia. Abstract: In philosophy , particularly the philosophy of law, applicants are movements against the domination of technology over cultural elements .