“O Evaristo é um modelo que a gente tá fazendo”: O seguro como política e como horror (original) (raw)
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Sobre Escravos, Pobres e Periféricos: A Escrita De Conceição Evaristo
Revista Língua&Literatura, 2021
RESUMO Este artigo resulta da dissertação de mestrado em desenvolvimento junto ao Programa de Pósgraduação em Letras (PPGLetras) da Universidade Federal do Tocantis (UFT) e tenciona discussões acerca da construção do projeto de escrita da professora, escritora e militante antirracista Conceição Evaristo. Para tanto, utilizou-se de pesquisas bibliográficas e documentais de natureza qualitativa, em que permitiram a expansão das discussões levantadas neste trabalho a partir de proposições teóricas de Evaristo (2009-2010-2017); Pinsky (2010); Mendes (2014); Duarte & Lopes (2018) e outros. A partir disso, verificou-se que a escrita de Conceição Evaristo (escrevivência), assim como seu próprio ofício literário (escreviver), são profundamente marcados pela sua condição de mulher, negra, pobre e periférica e, portanto, suas produções são atravessadas por intersecções de classe, gênero e raça, além do compromisso em rasurar o passado escravocrata que ainda modelam as conversões sociais de pessoas pretas na atual conjuntura da sociedade.
TERRORISMO: O MODELO INCRIMINADOR BRASILEIRO 1
Considerações gerais Indubitavelmente, os atos de terrorismo notabilizam os episódios de massiva gravidade, pelo que a maioria dos Estados têm se unido na busca de soluções de diversas ordens. Na seara jurídica, inúmeros documentos internacionais têm sido elaborados e variegados instrumentos normativos buscam definir a conduta terrorista. No Brasil, no intuito de cumprir a prescrição constitucional, o legislador ordinário elabora, açodadamente e com preocupação político-ideológica, a Lei nº 13.260/2016. Nesta, disciplina-se a matéria, inclusive com disposições investigatórias e processuais, e se reformula o conceito de organização terrorista. A tarefa de conceituar o terrorismo juridicamente é muito tormentosa, seja pela complexidade e pela carga pejorativa que a dicção encerra, seja por suas incontáveis formas de manifestação. Daí a imprescindibilidade de se delinear as rubricas essenciais para a criação de um modelo legal de crime de terrorismo, de maneira a pressupor-se, inexoravelmente, conceito jurídico-penal de terrorismo apropriado. Por razões históricas, o terrorismo se relaciona, em boa medida, a movimentos reativos que propugnavam pela libertação de grupos oprimidos 4. Sempre no intuito de transformação da ordem vigentefala-se em: objetivo políticoatenta-se contra pessoas
A escrevivência de Conceição Evaristo como estratégia político-discursiva de resistência
Letras de Hoje
Este artigo se propõe a analisar a poética de Conceição Evaristo - escrevivência - como performance de uma corporalidade negra, marcada por traumas e cicatrizes herdados de uma cultura de colonização escravocrata. Objetivamos mostrar como a escrevivência opera uma contranarrativa em face de uma história monocultural e monorracional, alterando a perspectiva e o protagonismo das experiências e memórias narradas. Para tanto, adotamos como referente literário desta abordagem a obra “Olhos d’água”, cuja leitura e análise permitem concluir que a escrevivência é uma estratégia político-discursiva de resistência e promove a desconstrução de imagens e alteração dos lugares reservados aos corpos negros, sob perspectivas epistemicidas e eurocêntricas.
Políticas da assombração: o populismo bolsonarista como produção de inquietantes duplos
Galáxia (São Paulo)
Resumo O artigo investiga as relações entre a gestão da opinião nas redes sociais e as artimanhas do populismo de ultradireita bolsonarista no Brasil. O ethos genealógico de inspiração nietzschiana direcionou a pesquisa empírica em torno dos sentidos da palavra liberdade tais como encontrados nas postagens do Twitter ao longo do dia 7 de Setembro de 2021, data de uma ruidosa manifestação — de cunho golpista — de apoio ao governo. Com base na análise dos dados produzidos pela técnica web scraping, identificamos uma importante tática bolsonarista: a produção de duplos de palavras atreladas tradicionalmente ao léxico democrático. Mais do que esvaziar o sentido de tais palavras, tal estratégia permite assombrá-las, inoculando estranhamento (das Unheimliche) em seus sentidos previamente cristalizados. Como efeito, insinua-se uma deliberada produção de instabilidade e de insegurança, necessária à manipulação dos afetos tristes como vetor de uma biopolítica da população.
Aborto e ativismo “pró-vida” na política brasileira
2021
Neste artigo, buscamos analisar a atuação de grupos políticos conservadores e antidireitos a partir das proposições legislativas apresentadas na 56ª Legislatura (2019-2020) e que versam sobre o aborto e a forma pela qual a interseção entre religião, gênero e sexualidade se manifesta na política contemporânea brasileira. Trata-se de estudo descritivo com abordagem qualiquantitativa das proposições legislativas, considerando a região de origem, religião, gênero e o partido político dos parlamentares que apresentaram as proposições; o eixo temático no campo da discussão dos direitos sexuais e reprodutivos no qual se inserem e em oposição a quais políticas públicas se posicionam. Na primeira seção do artigo abordamos a articulação entre religião, gênero e sexualidade no campo da política, apontando como através de determinada política sexual o discurso conservador do mundo religioso católico e evangélico “pró-vida” se vê reafirmado e reproduzido pelo conservadorismo político que compõe...
Resumo: A vivência da morte evangélica é reconhecida como sendo exemplo de simplicidade ritual, de afastamento da morte e de esquecimento dos mortos. Esta classificação foi construída de forma comparativa a partir do universo funerário religioso brasileiro que é reconhecido por sua exuberância ritual. Neste artigo, proponho uma interpretação para o rito de enterro evangélico conjugando o caráter dual de sua cosmologia com a ênfase na moralidade do seu sistema doutrinário. Através da observação dos movimentos de aproximação dos (corpos) vivos entre si e de afastamento destes em relação (aos corpos) dos mortos pretendo demonstrar certas especificidades dessa vivência ritual ao mesmo tempo em que proponho uma nova forma de interpretação para a dinâmica do rito. Palavras-chaves: morte; ritual; evangélicos; moralidade.
A Vida Futura Reflexões sobre o controle de risco na campanha “vai que...” da Bradesco Seguros
O trabalho a seguir busca refletir como a publicidade aborda o gerenciamento de risco, tendo em vista o serviço oferecido pelas seguradoras. Para ilustrar esse fenômeno, serão analisadas as campanhas da Bradesco Seguros, veiculadas entre os anos de 2010 e 2013, que tinham como mote a ideia da imprevisibilidade da vida. Serão abordadas questões como a “sociedade do controle”, o autogerenciamento do sujeito, assim como a antecipação do futuro como forma de controlar os riscos. Para a realização dessa investigação, os vídeos das campanhas serão tomados como base. O referencial teórico será baseado nos autores Foucault, Deleuze, Rose, Beck, Bauman e Costa.