Temporalidades Em Jogos Digitais: Uma Breve Arqueologia (original) (raw)

2019, Impactos Comunicacionais da Cibercultura na Contemporaneidade

Procura-se neste artigo explorar a produção de temporalidades em jogos digitais, fazendo uma breve arqueologia de algumas tecnologias que condicionam o acesso ao jogo e o modo como o jogador permanece nele. No lugar de se deter sobre um jogo específico, um gênero ou um aparelho onde eles são rodados, tem-se como objeto as pequenas tecnologias que permeiam jogos digitais, tais como fichas em fliperamas, o botão pause e a memória RAM em cartuchos de consoles domésticos, e mecânicas de progressão em jogos free to play, sendo que estas últimas terão maior ênfase na análise proposta. O modo como elas se projetam sobre o jogador não se dá sob uma ordem discursiva ou simbólica, mas a partir de processos que condicionam a relação estabelecida com a máquina. Relação esta que absorvese ao cotidiano, produzindo novos hábitos, novas socialibidades, novos sujeitos. No que diz respeito aos jogos mobile, pretensamente gratuitos, os modos de monetização engendram lógicas perversas acerca do dinheiro, e sobretudo do tempo do público-alvo. Dessa forma, "alvo" não é somente jargão publicitário, mas termo sintomático do modo predatório pressuposto por esse modelo de negócios. Palavras-chave: jogos digitais; temporalidade; arqueologia; midia; mobile. Introdução Tomando como panorama investigativo a arqueologia de mídias, propõe-se neste artigo uma abordagem sobre tecnologias que modulam o tempo em jogos digitais. Pensa-se, junto com Jussi Parikka, em "um materialismo de processos, fluxos e signos ao invés de 'somente' hardware e máquinas" (PARIKKA, 2011, p. 55), sendo este um dos méritos quando 1 Artigo apresentado ao Eixo Temático 16-Games / Processos de aprendizagem / Cognição do IX Simpósio Nacional da ABCiber.