‘O património público dever ser usado para responder às solicitações de cada tempo’: Interview with Paula Marques, City Councilor of Lisbon (original) (raw)

Um património ao serviço da comunidade

Na invicta ainda é frequente o envolvimento da população em expressões relevantes para vida colectiva da cidade, que sublinham o dinamismo das suas expressões culturais e são património dos portuenses. Como a cidade, a maioria delas sentem-se, não se explicam. Unem os portuenses em momentos confraternização colectiva como a noite de S. João, no espreitar de uma cascata em construção; nas associações recreativas, nas vitórias desportivas, no envolvimento e participação nas rusgas, no S. Bartolomeu e em tantos outros eventos que há gerações alimentam a vida colectiva do Porto. Mas também nas referências gastronómicas que materializam a lenda dos tripeiros, através da sublime receita de umas Tripas à Moda do Porto, ou no interminável debate sobre a melhor Francesinha. Estas e outras expressões guardam a alma da cidade e constituem um imenso património cultural imaterial do Porto, que é urgente compreender e documentar.

Património cultural lisboeta: uma agência imobiliária. Um comentário acerca do paradigma actual e futuro.

aPátria - Jornal da Comunidade Científica de Língua Portuguesa | ISSN 2184-2957, 2019

Portugal está na moda e a capital lisboeta não fica atrás. A procura é fomentada por motivos de estilo slogan-clima ameno, cidades antigas deslumbrantes e preços baixos! Um mix de razões que não escaparam ao sentido de oportunidade dos investidores, nacionais e internacionais, no sector imobiliário, pois, quem detém as estruturas detém o poder sobre a realidade socioeconómica. A absorção desenfreada do tecido urbano lisboeta pelo turismo não é um assunto novo, todavia, é constante, e não pelos melhores motivos.

Património urbano e desenvolvimento sustentável: o caso da cidade de Leiria

O presente trabalho pretende estudar o património urbano da cidade de Leiria, enquanto conjunto, e aferir se as recentes políticas, planos e programas de reabilitação, revitalização e conservação urbana contribuíram para o desenvolvimento urbano sustentável local. Começou por se definir os conceitos de património urbano, urbanismo e desenvolvimento sustentável. Procedeu-se também a uma recolha de dados historiográficos para construção de um resumo da história urbana da cidade. Construiu-se um modelo de sistema de informação geográfico (SIG) que permitiu fazer análises espaciais e estatísticas a várias escalas, especialmente das subsecções estatísticas entre 2001 e 2011, uma vez que este período temporal remete para o início de consideráveis investimentos públicos e privados na reabilitação e conservação urbana no centro da cidade. Foram vários os testes e necessidade de redefinir as áreas de estudo, tanto pela dificuldade em estabelecer os limites do centro da cidade estabilizada e onde o património cultural urbano desempenhasse um papel relevante, mas também porque importava perceber os efeitos comparativos das políticas de conservação urbana na envolvente urbana. A dificuldade em obter dados comparativos e a perceção de que as mudanças eram díspares no território urbano, e por vezes contrastantes, rua a rua, quarteirão a quarteirão, obrigou também à redefinição do modelo de análise, definindo-se várias zonas de estudo. Das análises obtidas desenhou-se um modelo simplificado, tendo em conta os dados disponíveis, estatísticos e outros indicadores recolhidos, para tentar aferir conclusões sobre os efeitos e mudanças nas várias zonas da cidade após os investimentos urbanos associados à salvaguarda e valorização do património urbano.

A propósito de Património (lato sensu) do que era, o que ficou. A práxis no Município de Lousada.

Fórum internacional do património arquitetónico Portugal / Brasil (Rota do Românico - Universidade de Aveiro), 2017

Tendo em vista a salvaguarda e valorização da herança patrimonial concelhia, mas sobretudo a criação de instrumentos que permitam o seu enquadramento nos processos de ordenamento e planeamento integrado do território, o Município de Lousada impulsionou um conjunto de projetos de investigação cuja divulgação na comunidade se traduz num crescente e reiterado envolvimento cívico e, por essa via, no suporte declarado às ações de valorização e conservação propostas nas mais diversas áreas patrimoniais: arqueológico, arquitetónico, geológico e património natural.

Carta do património: Instrumentos de participação no urbanismo

Lusófona de Lisboa a Cadeira de Urbanismo e Património. Uma atividade que iniciamos em substituição do nosso colega e amigo Alfredo Tinoco pelo seu prematuro falecimento, e que interrompemos por imperativo legal. Na sequência do nosso projeto de Investigação “Heranças Globais: A Inclusão dos Saberes das Comunidades no Desenvolvimento dos Territórios, que realizamos na Universidade de Coimbra , por uma estranha bizarria da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, os investigadores não podem exercer atividades docentes em cursos de graduação. Tratava-se duma elevada responsabilidade. Herdamos uma disciplina da Licenciatura em Urbanismo e Planeamento Territorial que já se encontrava estruturada e que era lecionada com mestria pelo Alfredo que tantas marcas havia deixado nos seus alunos. Estávamos preparados. Ao longo de dez anos desenvolvemos intensa atividade profissional no âmbito do planeamento territorial, sempre com um papel na avaliação e diagnóstico da sociologia urbana, na análise das redes sociais, da génese da morfologia urbana, na análise de estrutura e funcionamento das redes de equipamentos coletivos, na elaboração das condicionantes patrimoniais da intervenção urbana. Foi um trabalho exigente onde ganhamos uma consciência sobre a complexidade da questão patrimonial. Ao nível da formação académica a cadeira de Urbanismo e Património, na abordagem que lhe fazia Alfredo Tinoco e com a qual me identifico, propunha um reflexão que juntava a técnica (de planear) com a capacidade de entender o território e a comunidade que usa esse o espaço. Uma proposta de uma filosofia de ação que juntava a ética, a estética e a técnica, que constitui uma forma de pensar o espaço muito pouco desenvolvida na academia. Defende-se que a intervenção patrimonial é uma oportunidade de intervir no espaço através da valorização das heranças e memórias que nele confluem: Heranças geológicas e sociais, memórias das diferentes comunidades que inscreveram as suas marcas no espaço. Como processo de gestão, é uma oportunidade e uma força de ação. Em Portugal é vulgar a questão patrimonial ficar reduzida a uma lista de objetos notáveis, incluídos num articulado legal, que delimita as respetivas interdições. Sendo necessário, por imperativos legais que essas condicionantes fiquem delimitadas, propomos que cada plano urbano deve conter uma “Carta do Património” como proposta de ação e gestão urbana. Este artigo visa demonstrar a sua relevância

A Dimensão Urban(ístic)a do Património

Anais do Arquimemória 4 - Encontro Internacional sobre a Preservação do Património Edificado, 2013

The discussion of the urban dimension of heritage is timely in the Brazilian context, where there is an ongoing redirection of cultural policies towards the integration of historic sites in their safeguarding purpose. This opportunity extends to other geographic and sociopolitical contexts, such as southern European countries whose land use planning policies tend to give less value to urban growth and provide more value to urban transformation processes that have the prefix re in their names: regeneration, revitalization, renovation, rehabilitation and others. In these contexts, the relevance of this discussion stems from the fact that the inner city, traditionally subject to safeguard measures that inhibit physical transformations, will be more intervened from now on than they were over the last five or six decades. But if, on the one hand, it is important and necessary to discuss the policies and methods of safeguarding and managing urban heritage, it is nonetheless also true that this debate is not new or at least has no news in absolute terms. We know for a long time that the safeguarding of cultural heritage should be integrated in the dynamics of urban development. However, current practices of urban management do not follow this doctrinal principle. Is it because we have difficulty accepting that “...tout change avec la grosseur...” as Paul Valéry said in is Eupalinos?